RCIA - ED. 106 - MAIO 2014
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
VELHOS TEMPOS, BELOS DIAS<br />
Inauguração<br />
foi uma festa<br />
A Família Franco inaugurou o<br />
Franco’s Burger numa quinta,<br />
5 de junho de 86. Foram mais<br />
de mil lanches na noite.<br />
Em janeiro de 1986, a construtora<br />
Moroni Ranzani começou a construir o<br />
Franco’s Burger, na rua São Bento. A obra<br />
prevista para durar 8 meses, levou um ano<br />
e meio. Na época, a hiperinflação tomava<br />
conta do País, o que motivou o atraso nas<br />
obras. “Naquele ano, o Brasil passava pelo<br />
processo da hiperinflação. Um prato de comida<br />
que custava 10 cruzados de manhã, à<br />
noite valia 13 e no outro dia 17. Em um mês,<br />
aquele prato já valia 30 ou 40 cruzados. Era<br />
difícil comprar qualquer produto nesta época.<br />
Quando chegou na cobertura da obra,<br />
não encontramos madeiramento. O vendedor<br />
não podia nos vender os produtos<br />
porque não sabia por quanto iria pagar.”,<br />
explica Zé. “Próximo à data da inauguração,<br />
o arquiteto nos indicou uma lanchonete em<br />
Jundiaí. Ele nos disse que a carne usada no<br />
lanche era a mesma do Mc. Fomos até lá e<br />
o proprietário disse que o produto poderia<br />
ser encontrado em qualquer supermercado,<br />
nos dando o nome e marca, inclusive. Próximo<br />
à inauguração, fizemos um teste com os<br />
ingredientes que tínhamos. O pão que usávamos<br />
era o mesmo do Mc e vinha de São<br />
Paulo, não tínhamos como errar. Quando<br />
servimos os lanches para os amigos, percebemos<br />
que a carne não era a mesma. Isso<br />
tudo ocorreu alguns dias antes da inauguração”.<br />
Desanimados, Zé entrou em contato<br />
com o proprietário da lanchonete de Jundiaí<br />
e informou que alguma coisa dera errado.<br />
“Nós tentamos de tudo. Achávamos que talvez<br />
fosse o modo de fritar a carne, mas não<br />
era. Ele nos disse que era uma marca, mas<br />
na verdade era outra. Mas ele fez isso porque<br />
não estava autorizado a nos falar quem<br />
era o fornecedor, que era o mesmo do Mc”,<br />
explicou.<br />
“Ao descobrirmos qual era o frigorífico<br />
fornecedor, fomos até lá conhecer. Ao chegar,<br />
vimos do que realmente se tratava e<br />
o porquê daquele sabor tão especial. Era<br />
coisa de primeiro mundo, de altíssima qualidade.<br />
Era um frigorífico estilo americano.<br />
Depois que comemos a carne e fechamos<br />
acordo com o fornecedor, retomamos nossos<br />
ânimos. Tínhamos a carne e o pão do<br />
A Família Franco reunida: o patriarca João Francisco Franco, sua mulher<br />
Catarina Franco, filhos e netos<br />
Mc, não tinha como dar errado. O que nos<br />
assombrou foi saber do acordo que a rede<br />
fizera com o frigorífico. A partir do momento<br />
que uma loja da franquia do Mc Donald’s<br />
fosse criada em Araraquara, eles não poderiam<br />
mais nos fornecer a carne. O problema<br />
era o mesmo com a padaria que mandava<br />
os pães”.<br />
No dia em que o frigorífico nos enviou<br />
o primeiro lote de carne, os Franco fizeram<br />
mais um teste com os amigos. A inauguração<br />
da lanchonete ocorreu dia 5 de junho<br />
de 1987, às 19h. “No dia que inauguramos<br />
foi uma loucura. Haviam carros estacionados<br />
no drive-thru desde às 17h. O estacionamento<br />
estava lotado. Tivemos dificuldade<br />
para entrar na lanchonete naquele dia. A<br />
fila de carros foi até onde atualmente é o Mc<br />
Donald’s. Servimos mais de 1.200 lanches.<br />
As filas eram intermináveis até seis meses<br />
depois da inauguração. Mesmo assim, depois<br />
disso servíamos cerca de 800 lanches<br />
por noite”.<br />
FIM DA ERA FRANCO’S<br />
O Franco’s Burger foi sinônimo de sucesso<br />
por mais de 15 anos. Em 1999 foi<br />
inaugurada na Avenida Bento de Abreu a<br />
primeira loja Mc Donald’s em Araraquara.<br />
Depois deste momento, os pães e carnes<br />
não poderiam mais ser fornecidos ao<br />
Franco’s Burger. “Tentamos outras medidas<br />
caseiras. Começamos a fazer lanches caseiros,<br />
bauru de carne, de linguiça e outras<br />
tentativas até meados de 2009, porém a<br />
clientela foi caindo, por conta do sucesso<br />
que o Mc já fazia na época. Fechamos a lanchonete<br />
e o drive-thru em 2009, mas desde<br />
2007 já funcionava aqui o restaurante com<br />
pratos executivos, de segunda a sexta-feira,<br />
até às 14h.”<br />
A família trabalhou por mais de 20 anos<br />
à noite. “Estávamos cansados pois foram<br />
mais de duas décadas nessa vida. Fomos assaltados<br />
na época da lanchonete e achamos<br />
que não valia mais a pena, então continuamos<br />
apenas com o restaurante no almoço”.<br />
Em histórias interessantes, Franco afirma<br />
que por várias vezes, clientes chegavam<br />
até ele e elogiava o sabor da carne. “Os<br />
clientes diziam que aquela era a verdadeira<br />
carne e não a do Mc Donald’s. Na época, os<br />
boatos tomavam conta das pessoas, que a<br />
carne do Mc era feita com minhoca. Tudo<br />
mentira. Nós usávamos a mesma carne que<br />
eles”, relembrou.<br />
Todos os móveis da época da inauguração<br />
do Franco’s Burger ainda continuam no<br />
restaurante. “Tudo foi mantido. Aquele balcão<br />
de inox está aí desde o começo. Parece<br />
que foi colocado ontem. Sempre usamos<br />
produtos de qualidade, tanto na construção<br />
quanto nos lanches. É assim até hoje, com<br />
a nossa comida caseira.”<br />
Quem acompanhou praticamente toda a<br />
história do Franco’s, é a funcionária Oscarina<br />
Nascimento, ou Carina para os amigos, presente<br />
na empresa há quase 27 anos. “Entrei<br />
aproximadamente um ano depois que eles<br />
abriram a lanchonete. Estou aqui até hoje.<br />
Passei por todas as fases e me orgulho disso”.<br />
26