RCIA - ED. 106 - MAIO 2014
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TALENTOS & NEGÓCIOS<br />
A indústria<br />
da música<br />
Eles formam um público musical<br />
bem diferente, mas a exemplo<br />
dos outros, está inserido na<br />
cultura e economia da cidade.<br />
São os roqueiros da nossa terra<br />
que fogem do trivial, porém, são<br />
fiéis ao ritmo e aos lugares onde<br />
se apresentam nos fins<br />
de semana.<br />
Texto: Rafael Zocco<br />
Enquanto as casas mais badaladas de Araraquara<br />
recebem shows de samba, pagode,<br />
sertanejo e apresentações de DJ’s, outros lugares,<br />
considerados menos amplos dentro destes<br />
gêneros, dão espaço às bandas de rock,<br />
sejam elas cover ou autorais, com alternativas<br />
a um público que quer curtir a noite com um<br />
som diferente dos que se ouve atualmente nas<br />
TVs e rádios. Como as baladas são predominantes<br />
na cidade, bares e restaurantes costumam<br />
fazer eventos diferenciados, tentando<br />
atrair pessoas que queiram mudar a sua rotina<br />
do fim de semana.<br />
“No início da década de 90, houve o que<br />
eu chamo de “O Advento dos Cabeludos”, exalta<br />
Francisco Salles Colturato, o Fran, proprietário<br />
do Bar do Zinho. A presença frequente<br />
dos “cabeludos” fez com que ele tratasse a<br />
música com carinho em seu estabelecimento.<br />
“A mistura das pessoas mais velhas com as<br />
mais novas trouxe uma mudança musical no<br />
bar. Muitos vieram fazer pedidos de bandas de<br />
rock e a realização de eventos”, diz.<br />
Preconceito gera preconceito. As pessoas<br />
costumam olhar o roqueiro de forma arbitrária,<br />
geram dúvidas sobre ele sem conhecê-lo e<br />
podem criar uma imagem preconceituosa daqueles<br />
que se vestem de preto, com coturno,<br />
num calor escaldante. Esquisito? Na verdade<br />
é um estilo adotado pela crença do rock. Ao<br />
mesmo tempo, pode-se gerar uma ilusão para<br />
quem ouve funk, samba, axé e pelas roupas<br />
que vestem, uma infinidade de escangalho<br />
que a sociedade causa por falta de capricho<br />
e conhecimento.<br />
“Dias atrás, carreguei alguns materiais<br />
para o meu carro e sai com ele. Como muitas<br />
pessoas gostam de ouvir várias músicas com<br />
som alto, coloquei no meu também. Só que,<br />
ao invés de colocar algo como funk ou rock,<br />
coloquei música clássica e passei pelo Centro.<br />
Para minha surpresa, recebi palmas de<br />
algumas pessoas. E se fosse rock?”, relembra<br />
Henrique Rosseti, proprietário do sebo Espaço<br />
O Simpsons of The<br />
Universe, de<br />
Araraquara: Igor<br />
Guzzi (contra-baixo),<br />
Fabrício Bruca<br />
(guitarra), Luiz<br />
Carlos Talo (vocal)<br />
e Michel Chade<br />
(bateria)<br />
Dead or Alive com<br />
Matheus Vieira<br />
(contra-baixo), Willian<br />
Albino (bateria e vocal)<br />
e Carlos Oliveira (guitarra);<br />
“Last Man Standing”, novo<br />
trabalho da banda, será<br />
lançado entre junho e julho<br />
Alternativo e Arte & Bola.<br />
“A cidade precisa abranger<br />
todo o tipo de estilo<br />
musical, pois há espaço em<br />
todos os locais. No Arte eu<br />
recebo todos os estilos:<br />
rock, punk, jazz, metal, sertanejo,<br />
samba, entre outros.”,<br />
completa Henrique.<br />
Todo estilo musical é<br />
uma forma de liberdade de<br />
expressão, desde as formas<br />
mais esdrúxulas, até as que<br />
tocam a nossa alma. Não é<br />
questão de generalizar a forma<br />
como tratam o indivíduo<br />
ou suas atitudes, mas é saber lidar com elas<br />
dentro de uma cultura brasileira que acaba gerando<br />
polêmica. O cenário musical araraquarense<br />
é um prato cheio de diversidades, seja<br />
discotecagem em uma casa noturna ou num<br />
samba na Praça das Bandeiras.<br />
Há outros santuários que abrem espaço<br />
para as vertentes das cordas beliscadas. Dilvar<br />
Lourenço, proprietário do Bombar e apaixonado<br />
pelo rock, mostra ser adepto de vários trabalhos,<br />
seja autoral ou cover, que chamam a<br />
sua atenção e abrem oportunidades para bandas<br />
se apresentarem em seu estabelecimento.<br />
“As produções autorais na cidade se destacam<br />
cada vez mais. A questão é que produzir<br />
algo novo em nossa conjuntura é sempre de<br />
uma dificuldade sabida por todos. São verdadeiros<br />
heróis produzindo cultura de qualidade<br />
em um cenário infame”, conta. “Sou adepto e<br />
amante ao estilo. Me esmero pelo gosto e não<br />
tenho o bar como algo alternativo. A intenção<br />
é proporcionar eventos de qualidade, seja rock<br />
ou suas vertentes, mas que sejam bem produzidos”,<br />
complementa Lourenço.<br />
Já para José Ricardo Piva, proprietário da<br />
Loja Kult e do Anexo Pub, manter um mesmo<br />
público em seu estabelecimento acaba criando<br />
um laço de fidelidade com os fãs de rock n’ roll.<br />
“Criamos o pub por falta de espaço neste<br />
gênero em Araraquara. O público roqueiro não<br />
é atrativo para um empresário da cidade, pois<br />
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