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RCIA - ED. 106 - MAIO 2014

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TINHA QUE SER FLAMENGO<br />

Se estivesse em atividades,<br />

o Flamengo da Vila Furlan<br />

completaria no dia 21 de abril,<br />

47 anos de fundação. O time,<br />

considerado sonho de alguns,<br />

foi na verdade o carro-chefe<br />

promocional de um dos mais<br />

importantes bairros da cidade:<br />

a Vila Melhado. Do seu início até<br />

o final dos seus dias, o chamado<br />

“Flamenguinho” teve conquistas<br />

memoráveis e só não foi em<br />

frente por causa da morte do<br />

seu presidente e um torcedor<br />

símbolo: Álvaro Fleury Fina,<br />

figura das mais estimadas no<br />

futebol amador de Araraquara.<br />

Texto: Rafael Zocco<br />

Flamengo, orgulho da grande massa que<br />

abrange todo o país. Não importa, há sempre<br />

um flamenguista escondido pelos cantos de<br />

uma cidade. Mas por que não Palmeiras, Santos,<br />

São Paulo ou Corinthians, os times mais<br />

tradicionais do estado, para ostentar o nome<br />

de um time de amigos do bairro dos anos 60?<br />

- Que tal Palmeiras? - indagou um jovem<br />

que insistia nos nomes dos times da capital.<br />

- Ah, um time com nome daqui do estado<br />

eu não quero - respondeu um garoto no auge<br />

dos seus 15 anos de idade.<br />

- E que tal Flamengo? Flamengo da Vila<br />

Furlan? - retrucou o outro, franzino, mas de<br />

mesma idade que tinha, como ídolo, Berico,<br />

na época em que defendia o Guarani e se<br />

transferiu depois para o Flamengo do Rio.<br />

A paixão pelo futebol não impedia que o<br />

grupo de amigos criasse um time intitulado<br />

Clube Atlético Flamengo, ou simplesmente<br />

Flamengo da Vila Furlan, agremiação que<br />

existia em 1963 formada pela juventude araraquarense<br />

com a proposta de apenas jogar<br />

por diversão e sempre com os amigos ao lado.<br />

A união daqueles garotos era imensa, coisa de<br />

cinema, lembrando o filme “Conta Comigo”<br />

(Stand By Me), de 1986. No filme, um grupo<br />

de quatro amigos sai para uma aventura em<br />

busca de um garoto, da mesma idade deles,<br />

que havia desaparecido. Porém, a aventura<br />

acaba sendo uma autodescoberta de cada<br />

personagem, seja de brigas ou mostrando a<br />

verdadeira amizade. Para o time da Vila Furlan<br />

era a mesma coisa. Na hora de uma dividida<br />

Final dos anos 60: Grecco, Kawazani, Milton Sambista, Zé Luiz, Demá, Oswaldão e Faixa (técnico);<br />

Álvaro Fleury Fina, Aristides, Tonhão (ex-Ferroviária e Palmeiras), Itamar, Meireles e Betinho<br />

Um time que se dava<br />

ao luxo de ter Tonhão<br />

em campo tinha sempre o apoio de cada jogador,<br />

ou amigo, para que não desistissem da vitória.<br />

Os descontroles aconteciam, mas só no<br />

campo, não envolvendo o caráter e amizade<br />

de cada um, coisa que não percebemos mais<br />

no “futebol business” de hoje.<br />

RUMO AO AMADORISMO<br />

O Flamengo deve a sua vida graças a uma<br />

pessoa: Álvaro Fleury Fina, seu eterno presidente.<br />

A aproximação dele foi pelo amor ao<br />

futebol. Não perdia um jogo amador na época.<br />

A amizade com um jogador do Flamengo<br />

foi vital para que ele se tornasse o presidente<br />

do clube: Aristides, ex-atacante do time, ainda<br />

criança, trabalhava em um chaveiro no Mercado<br />

Municipal. Álvaro fazia entregas por lá<br />

e criou um laço de amizade com o até então<br />

garoto da Vila Furlan. Sabendo da existência<br />

do Flamengo, Álvaro propôs a ideia da criação<br />

de uma sede do clube e de administrar aquela<br />

geração em 21 de abril de 1967, se tornando<br />

a data oficial de sua fundação.<br />

Com isso, o Flamengo tomou forma e passou<br />

a ser um time amador, com jogadores de<br />

menos de 18 anos. A sede, porém, não ficou<br />

no bairro de seu nascimento, mas sim na Vila<br />

Mendonça. Naquele ano, o “seo” Mendonça,<br />

dono de um terreno, tinha cerca de 20 casas<br />

para alugar e então o presidente Fleury conseguiu<br />

um lugar para ser a sede do time. Aristides<br />

conta também que o “presida” teve papel<br />

muito importante em sua vida.<br />

“Quando eu tinha 17 anos, o “seo” Álvaro<br />

me ajudou muito. Como trabalhava de chaveiro,<br />

criei a minha própria oficina de chaves no<br />

Mercado Municipal, parte dela sendo custeada<br />

por ele. “Seo” Álvaro era como um pai para<br />

mim”, conta.<br />

Grecco<br />

e Faixa,<br />

goleiros<br />

nos anos<br />

60<br />

60

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