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Gestão Hospitalar N.º 18 2019

Novo ciclo político Intervir no coração do SNS: motivação dos profissionais Qualidade e segurança do doente | As pessoas fazem a mudança Resistência a antimicrobianos | Infeções associadas a cuidados de saúde e resistência aos antimicrobianos: a estratégia seguida no CHEDV Refundar os cuidados de saúde primários - um caminho na direção da cobertura universal de saúde Adelaide Belo. cuidados integrados centrados nas pessoas Otimização da gestão segura entre o Hospital Vila Franca de Xira, o ACES Estuário do Tejo e as escolas Segurança do doente - eventos adversos relacionados com o medicamento em contexto intra-hospitalar Efeitos da utilização das terapêuticas não convencionais e análise da possível integração no Serviço Nacional de Saúde Congresso EAHM 2019, Ghent APAH promove visita técnica a hospitais belgas de gestores hospitalares portugueses no âmbito do EAHM2019 Prémio Healthcare Excellence Prémio reconhece as melhores práticas de gestão em saúde Fórum do Medicamento A equidade, a efetividade e a sustentabilidade no acesso à inovação marcam a 11.a edição do Fórum do Medicamento Homenagem aos sócios de honra e mérito da APAH Cerimónia comemorativa dos 50 anos da Administração Hospitalar em Portugal

Novo ciclo político
Intervir no coração do SNS: motivação dos profissionais
Qualidade e segurança do doente | As pessoas fazem a mudança
Resistência a antimicrobianos | Infeções associadas a cuidados de saúde e resistência aos antimicrobianos: a estratégia seguida no CHEDV
Refundar os cuidados de saúde primários - um caminho na direção da cobertura universal de saúde
Adelaide Belo. cuidados integrados centrados nas pessoas
Otimização da gestão segura entre o Hospital Vila Franca de Xira, o ACES Estuário do Tejo e as escolas
Segurança do doente - eventos adversos relacionados com o medicamento em contexto intra-hospitalar
Efeitos da utilização das terapêuticas não convencionais e análise da possível integração no Serviço Nacional de Saúde
Congresso EAHM 2019, Ghent
APAH promove visita técnica a hospitais belgas de gestores hospitalares portugueses no âmbito do EAHM2019
Prémio Healthcare Excellence
Prémio reconhece as melhores práticas de gestão em saúde
Fórum do Medicamento
A equidade, a efetividade e a sustentabilidade no acesso à inovação marcam a 11.a edição do Fórum do Medicamento
Homenagem aos sócios de honra e mérito da APAH
Cerimónia comemorativa dos 50 anos da Administração Hospitalar em Portugal

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GH Segurança do doente<br />

SEGURANÇA DO DOENTE:<br />

EVENTOS ADVERSOS<br />

RELACIONADOS COM O<br />

MEDICAMENTO EM CONTEXTO<br />

INTRA HOSPITALAR<br />

Mavilde Vitorino<br />

Centro <strong>Hospitalar</strong><br />

de Lisboa Ocidental<br />

Paulo Sousa<br />

Escola Nacional de Saúde Pública,<br />

Universidade Nova de Lisboa<br />

Pedro Aguiar<br />

Centro de Investigação<br />

em Saúde Publica<br />

A<br />

segurança do doente é um enorme<br />

problema de saúde pública global.<br />

Anualmente estima-se que o risco<br />

de morrer devido a um acidente<br />

clínico evitável, ao receber cuidados<br />

de saúde, seja muito superior que morrer devido<br />

a um acidente de avião (1 em 300 vs 1 em 3 milhões).<br />

No entanto, as indústrias que identificam alto risco de<br />

morte, como a aviação, apresentam sistemas de segurança<br />

mais efetivos que as instituições de saúde 1 .<br />

Para sensibilizar para esta problemática a Organização<br />

Mundial de Saúde (OMS) em <strong>2019</strong> definiu o dia 17<br />

de Setembro como o dia internacional da segurança<br />

do doente e publicou o documento Patient safety fact<br />

file em que alerta para as dez principais causas responsáveis<br />

pela morte e incapacidade de milhões de<br />

doentes na prestação de cuidados de saúde.<br />

A OMS neste documento continua a identificar unsafe<br />

medication practices and errors (dosagens ou perfusões<br />

incorretas, indicações pouco claras, uso de abreviaturas<br />

e prescrições incorretas) como uma das principais<br />

causas de danos evitáveis nos sistemas de saúde ao ní-<br />

vel mundial. Os eventos adversos relacionados com<br />

o medicamento (EArMs) podem surgir devido a falha<br />

no sistema de medicação e/ou fatores humanos como<br />

cansaço, condições de trabalho inadequadas ou<br />

escassez de pessoal que afetam as práticas no circuito<br />

do medicamento (prescrição, armazenamento, preparação,<br />

dispensa, administração e monitorização) 1 .<br />

O EArM é uma lesão nociva e involuntária resultante<br />

da utilização de um medicamento e que ocorre em<br />

doses usadas no doente para profilaxia, diagnóstico,<br />

terapia ou modificação de funções fisiológicas 2 . Nesta<br />

definição está incluída a reação adversa ao medicamento<br />

(RAM) e a intoxicação acidental por medicamentos<br />

(IAM), desde que resultem em lesão.<br />

A ocorrência destes eventos, para além de terem um<br />

impacto significativo na mortalidade e morbilidade, estão<br />

também associados a um aumento dos custos em<br />

saúde 3,4 . Ao nível mundial os custos anuais foram estimados<br />

em 42 biliões de dólares 5 . Em resposta a este<br />

grave problema de saúde pública a OMS em 2017<br />

definiu Medication Without Harm como o terceiro desafio<br />

global na segurança do doente, com o objetivo<br />

de reduzir em 50% os danos evitáveis relacionados<br />

com a medicação até 2022 6 .<br />

Estudos internacionais evidenciam que entre 21.3%<br />

a 0.7% dos doentes hospitalizados apresentam EAr-<br />

Ms 7-10 . Em Portugal a evidência existente também<br />

aponta para uma elevada taxa de EArMs em hospitais.<br />

No estudo elaborado em 20<strong>18</strong> por Sousa et al. em<br />

nove centros hospitalares públicos de cuidados agudos,<br />

utilizando a metodologia de revisão do processo<br />

clínico, identificaram uma incidência de 12.5% de<br />

eventos adversos, dos quais 9.8% associados a erros<br />

de medicamentos 11 . De acordo com outros estudos<br />

realizados nos hospitais públicos portugueses, utilizando<br />

informação de tipo administrativo, 1.46% e 1.88%<br />

dos doentes internados apresentaram pelo menos um<br />

EArM 12,13 .<br />

Face aos estudos mencionados anteriormente constatamos<br />

que apresentaram uma elevada frequência<br />

de EArMs mas com significativa heterogeneidade. Esta<br />

diferença de resultados pode estar associada com<br />

a heterogeneidade da população em estudo, definição<br />

de EArM utilizada e metodologia de avaliação 9 .<br />

A metodologia de avaliação da frequência de EArMs<br />

tem sido apurada com o recurso a uma diversidade<br />

de fontes de dados incluindo a revisão de processos<br />

clínicos, a observação direta, os sistemas de notificação<br />

de incidentes, os sistemas baseados em dados administrativos,<br />

entre outros 15 . Estudos realizados com<br />

recurso aos dados administrativos apresentaram taxas<br />

mais elevadas de EArMs comparativamente aos sistemas<br />

notificação espontânea de incidentes e mais baixas<br />

relativamente à revisão do processo clínico 9,13,15,16 .<br />

A utilização de dados administrativos com base na<br />

International Classification of Diseases (ICD) como<br />

suporte para monitorizar os eventos adversos que<br />

ocorrem durante o internamento hospitalar (intra-<br />

-hospitalares), tem vindo a ganhar relevância na última<br />

década pelo facto de requererem menos recursos<br />

- económicos, humanos, entre outros - e estarem<br />

prontamente disponíveis 17 .<br />

No entanto, a análise dos eventos adversos, através<br />

dos dados administrativos, pode detetar eventos que<br />

ocorreram antes da admissão hospitalar. A aplicação<br />

da codificação com “presente na admissão” (PNA) }<br />

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