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Gestão Hospitalar N.º 18 2019

Novo ciclo político Intervir no coração do SNS: motivação dos profissionais Qualidade e segurança do doente | As pessoas fazem a mudança Resistência a antimicrobianos | Infeções associadas a cuidados de saúde e resistência aos antimicrobianos: a estratégia seguida no CHEDV Refundar os cuidados de saúde primários - um caminho na direção da cobertura universal de saúde Adelaide Belo. cuidados integrados centrados nas pessoas Otimização da gestão segura entre o Hospital Vila Franca de Xira, o ACES Estuário do Tejo e as escolas Segurança do doente - eventos adversos relacionados com o medicamento em contexto intra-hospitalar Efeitos da utilização das terapêuticas não convencionais e análise da possível integração no Serviço Nacional de Saúde Congresso EAHM 2019, Ghent APAH promove visita técnica a hospitais belgas de gestores hospitalares portugueses no âmbito do EAHM2019 Prémio Healthcare Excellence Prémio reconhece as melhores práticas de gestão em saúde Fórum do Medicamento A equidade, a efetividade e a sustentabilidade no acesso à inovação marcam a 11.a edição do Fórum do Medicamento Homenagem aos sócios de honra e mérito da APAH Cerimónia comemorativa dos 50 anos da Administração Hospitalar em Portugal

Novo ciclo político
Intervir no coração do SNS: motivação dos profissionais
Qualidade e segurança do doente | As pessoas fazem a mudança
Resistência a antimicrobianos | Infeções associadas a cuidados de saúde e resistência aos antimicrobianos: a estratégia seguida no CHEDV
Refundar os cuidados de saúde primários - um caminho na direção da cobertura universal de saúde
Adelaide Belo. cuidados integrados centrados nas pessoas
Otimização da gestão segura entre o Hospital Vila Franca de Xira, o ACES Estuário do Tejo e as escolas
Segurança do doente - eventos adversos relacionados com o medicamento em contexto intra-hospitalar
Efeitos da utilização das terapêuticas não convencionais e análise da possível integração no Serviço Nacional de Saúde
Congresso EAHM 2019, Ghent
APAH promove visita técnica a hospitais belgas de gestores hospitalares portugueses no âmbito do EAHM2019
Prémio Healthcare Excellence
Prémio reconhece as melhores práticas de gestão em saúde
Fórum do Medicamento
A equidade, a efetividade e a sustentabilidade no acesso à inovação marcam a 11.a edição do Fórum do Medicamento
Homenagem aos sócios de honra e mérito da APAH
Cerimónia comemorativa dos 50 anos da Administração Hospitalar em Portugal

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GH recursos humanos<br />

INTERVIR NO CORAÇÃO<br />

DO SNS: MOTIVAÇÃO<br />

DOS PROFISSIONAIS<br />

António Dias Alves<br />

Administrador <strong>Hospitalar</strong><br />

Daniela Maia<br />

Administradora <strong>Hospitalar</strong><br />

Fátima Neves<br />

Cirurgiã Cardiotorácica<br />

São evidentes as manifestações e os sinais<br />

de desmotivação de profissionais de saúde<br />

do SNS na área dos cuidados com consequências<br />

em: insatisfação, absentismo,<br />

greves e elevada rotação de profissionais,<br />

menor cooperação e desempenho; preferência por carreira<br />

em hospitais privados e pelo estrangeiro; e o mais<br />

importante, risco de um pior serviço ao doente.<br />

Esta desmotivação encontra fundamentação em causas<br />

objetivas: carreiras congeladas e pouco atrativas;<br />

insuficiência de profissionais, por não resolução completa<br />

de saídas definitivas e temporárias; desadequação<br />

das instalações e vetustez dos equipamentos,<br />

fruto de uma quase ausência de investimento nos<br />

últimos sete anos; lentidão de decisão, fruto da centralização<br />

e perda de autonomia da gestão hospitalar.<br />

Deve ainda referir-se o choque de realidades, face<br />

às condições vigentes nos novos hospitais privados<br />

(retribuição, instalações e equipamentos), e de expectativas,<br />

relativamente à pronta e total reposição<br />

da perda de regalias decidida no período da Troika.<br />

A desmotivação dos profissionais de saúde gera consequências<br />

negativas no desempenho, no clima e nos<br />

cuidados hospitalares e, a manter-se, pode conduzir<br />

à insustentabilidade futura do SNS ou, pelo menos,<br />

à erosão da qualidade e do seu caráter geral e universal.<br />

Por isso é crucial que os decisores políticos e os gestores<br />

assegurem a motivação dos profissionais. Esta<br />

é a razão deste texto.<br />

Condições básicas para motivação dos profissionais<br />

A gestão de pessoas em Unidades complexas e de<br />

produção variável, como são os hospitais, não pode<br />

ser centralizada, burocrática e em moldes rígidos, típicos<br />

da função pública (FP) tradicional. Para criar um<br />

ambiente de trabalho favorável à obtenção de melhores<br />

resultados, consideramos como requisitos essenciais<br />

o contrato individual de trabalho (CIT) para os<br />

profissionais e o reconhecimento do estatuto de Entidade<br />

Empresarial para os hospitais, com tudo o que<br />

justificou a sua transformação em EPE, incluindo a autonomia<br />

de gestão com responsabilização e prestação<br />

de contas.<br />

Na nossa opinião a gestão de pessoas será naturalmente<br />

local e o recrutamento efetuar-se-á no respeito<br />

pelos Princípios Gerais da Administração Pública,<br />

de acordo com a experiência e o mérito, e de modo<br />

a que complementem e se adequem aos já existentes<br />

nos Serviços. A gestão de pessoas supõe atenção<br />

personalizada, identificando-se os pontos fortes e fracos<br />

e atuando-se sistematicamente com vista ao desenvolvimento<br />

de cada profissional.<br />

Assim, no âmbito hospitalar consideramos que devem,<br />

à partida, existir três condições:<br />

1. Reposição da autonomia e flexibilidade previstas no<br />

estatuto dos hospitais EPE;<br />

2. Regime de CIT sem termo, para assegurar segurança<br />

e estabilidade aos profissionais bem como a flexibilidade<br />

que permita adaptação do hospital à sua pro-<br />

cura, dentro dos recursos existentes e de acordo com<br />

as boas práticas, garantir a possibilidade de progressão<br />

na carreira, independentemente do vínculo (CIT, FP),<br />

remuneração base adequada e incentivos em função<br />

dos resultados obtidos;<br />

3. Nas condições de trabalho deverá assegurar-se: recursos<br />

adequados ao trablho a executar - nomeadamente<br />

instalações e equipamentos, informação, pessoas,<br />

organização e gestão; ambiente seguro com promoção<br />

da melhoria de processos e de resultados.<br />

Como motivar os profissionais<br />

Seguindo McClelland et al, são indicados seis fatores<br />

principais que influenciam o ambiente organizacional:<br />

liberdade para os profissionais inovarem sem constrangimento<br />

burocrático; sentido de responsabilidade<br />

para com a Instituição; clareza da Missão e dos Valores;<br />

nível dos padrões fixados pelas pessoas; grau de<br />

certeza quanto à relação entre o desempenho e as recompensas;<br />

nível de comprometimento com finalidades<br />

comuns.<br />

Como o hospital é uma Organização de conhecimento,<br />

marcada pela complexidade de produção e alta diferenciação<br />

dos profissionais, fará sentido a aplicação<br />

das regras do processo justo de Kim e Mauborgne<br />

(HBR, 1997) ou seja: envolvimento dos profissionais<br />

nas decisões que os afetam, explicação aos afetados<br />

dos motivos e objetivos da mudança, clareza de expetativas<br />

expondo as novas regras, padrões de desempenho<br />

e suas consequências. O envolvimento de<br />

profissionais deve fazer-se de acordo com a “Shared<br />

Quality Agenda” (IHI, 2007) e “A CEO Checklist for<br />

High-Value Health Care” (IOM, 2012).<br />

Por outro lado, a finalidade do trabalho em meio hospitalar<br />

- salvar vidas e melhorar a saúde das pessoas,<br />

é motivadora em si mesma pelo que, conforme a valência<br />

na Teoria das Expetativas (Vroom, 1964), o papel<br />

da gestão fica facilitado.<br />

Em síntese, para criarmos um ambiente organizacional<br />

seguro, exigente e de responsabilidade que propicie<br />

a dedicação dos profissionais e favoreça uma<br />

cultura de melhoria, assente na transparência, no respeito,<br />

na confiança e na cooperação, são necessários<br />

os seis pontos que enumeramos de seguida: }<br />

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