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casa_do_meu_melhor_amigo_miolo_Layout 1 19/10/2010 08:35 Page 12
que os cupins alados partem em revoada, quando saem pelo
mundo em busca de novos lugares para a construção de
mais cupinzeiros.
O Rhino me contou que a família dele é a própria comunidade;
que na casa dos cupins todos são pais, todos são
mães. Como insetos, eles têm uma diferença social dos humanos,
que aparece no corpo (e não na mente, como para
muitos de nós): os reprodutores são os reis e as rainhas, com
direito até a ter asas quando adultos. Os que não se reproduzem,
e muitos são até cegos, fazem a limpeza, conseguem
alimentos e guardam os ovos e as ninfas. Ninfa é como se
chama um cupim criança, seja macho, seja fêmea.
Rhino me levou a uma galeria para dizer que se eu quisesse
poderia ter um cantinho para mim, toda vez que eu
fosse brincar na casa dele. Agradeci, disse que voltaria outras
vezes, mas precisava ir para a aula. E fui. Saí pelo pequeno
orifício na madeira da moldura e desci como se tivesse
sendo expelido por um tubo de gel, até chegar ao chão, já
do meu tamanho e na minha forma original.
Quando entrei na sala de aula, o Mané, não sei como,
estava acabando de entrar também. Vinha da biblioteca e estava
todo sujo da nossa luta. Eu estava com o uniforme bem
ajeitado, bem limpinho e com o livro intacto na mão. Na
parede atrás da mesa da professora, o relógio avisava que
eu não estava atrasado.
Quando cheguei em casa fui para o quarto de dormir.
Encostei a porta, deitei na cama e comecei a ouvir um reggae
de xote que tocava dentro da minha cabeça, como se eu quisesse
tomar consciência da minha extraordinária descoberta:
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