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A casa do meu melhor amigo

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casa_do_meu_melhor_amigo_miolo_Layout 1 19/10/2010 08:36 Page 73

O Mané não gostava do pai. Ele culpava a fraqueza

de ele ter aceitado ser vítima das drogas por todos os infortúnios

que vivia. Além disso, o Mané tinha sido usado

pela mãe como joguete emocional. Ela incentivava a raiva

do filho contra o pai. O pior de tudo é que a mãe dele

tinha arranjado um namorado que alimentava no Mané a

ideia de que o pai dele realmente não valia nada. Houve

um tempo em que eles faziam de tudo para não deixar o

Mané sequer ver o pai.

A supervisora disse ao meu pai que a mãe do Mané

tinha ido embora com o namorado, logo após a morte da

mãe dela, que era de fato a única pessoa que cuidava do

Mané, que o protegia. Antes de morrer, a avó tinha deixado

uma caixinha com uma mensagem para o neto, mas

o pai se recusava a abri-la e ela estava respeitando a vontade

dele.

Ao nos despedirmos, meu pai passou o número do

nosso telefone e disse ao pai do Mané que se eles precisassem

de qualquer apoio era só avisar. E, como que para descontrair,

disse em tom amigável que ele deveria abrir a

caixa deixada pela avó do Mané. Ele reagiu bem ao toque

do meu pai, dizendo que talvez tivesse precisando fazer

isso mesmo.

Saímos um a um e, como fiquei por último, percebi

que o pai do Mané tinha visto o Rhino. Ele passara a mão

na cabeça do meu amigo cupim como quem sabia o que

estava fazendo. Já no carro, fixei o cinto de segurança, coloquei

o rosto entre as mãos próximo ao vidro e fiquei

olhando para a casa do Mané até ela desaparecer. A cena

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