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casa_do_meu_melhor_amigo_miolo_Layout 1 19/10/2010 08:35 Page 29
“bichinhos”, os protozoários, que liberavam uma baba
chamada de enzima. Era assim que acontecia o trabalho de
decomposição daquela parte da madeira que virava comida
de cupim, a que chamavam de celulose.
Enquanto eu olhava a preparação de um ninho de esponja
de fungos, passou pela minha cabeça a ideia de que eu
não estava correto por desenvolver uma convivência tão próxima
com aqueles insetos que devoram as árvores. Lembrei
dos esforços da sra. Nair para combater o avanço dos cupins
na nossa escola, enquanto eu estava ali sendo ou me tornando
um deles. Comentei sobre esse meu sentimento com o Rhino
e ele não gostou nada das minhas observações.
– Peraí, Bento! Você, que gosta de ler, sabe que aqui
na Terra os insetos, que são os mais numerosos de todos
os viventes que se locomovem sozinhos, têm grande importância
na busca do equilíbrio ambiental. Nós, cupins,
ajudamos na incorporação de nutrientes e na fertilização do
solo ao trabalharmos na decomposição de matéria orgânica.
– Sim, sei, vocês são pragas destruidoras que estão
sempre se adaptando para destruir os recursos naturais.
– Não é bem assim, Bento. Os cupins se reproduzem
muito porque são presas fáceis de tamanduás e passarinhos,
sem contar os répteis e os próprios humanos. Você precisa
entender que o mundo não é só dos humanos. Se você observar
bem, a grande praga destruidora do planeta são vocês.
– Muito engraçado, vocês podem e nós não.
– Não é uma questão de um poder e o outro não. O
que é completamente incompreensível para todos nós é
quanto os humanos destroem a fauna e a flora sem necessidade.
Quantos de vocês matam animais e cortam árvores
sem o menor escrúpulo e sem a menor precisão? – indagou
ele olhando para mim cheio de fúria.
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