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casa_do_meu_melhor_amigo_miolo_Layout 1 19/10/2010 08:35 Page 26
– Pronto, Bento, agora você pode pegar livro à vontade.
Não há mais ameaça de cupim por aqui. Esses insetos
malditos têm mania de acabar com os móveis e, à falta do
que fazer, danificam também os livros.
– Obrigado, sra. Nair. Um bom-dia para a senhora.
Ela não desconfiou de nada e não fez nenhuma menção
à presença do Rhino. Isso me levou a pensar se ela não
o tinha visto, se o tinha ignorado ou se ele ficava invisível
quando virava humano.
Saímos para o pátio. No caminho encontramos a Celise.
Ela é legal, gosta de brincar, de conversar e de ler poesia.
Às vezes, quando não larga do meu pé, eu acho ela um
pouco chatinha. Fiquei sem saber se deveria ou não apresentar
o Rhino a ela, e ela ao Rhino. Entretanto, pelo jeito
como me cumprimentou, vi que não tinha notado a presença
do meu amigo. Deixei para lá. Acontece que ela ficou
me chamando para ir à sala de aula e eu não podia deixar
o Rhino sozinho em pleno pátio.
Ah, que saco! Tive de inventar para ela que não estava
me sentindo bem e que precisava ir ao banheiro. O banheiro
era o único lugar em que conseguia me refugiar da Celise
quando ela estava com suas insistências. Deu certo. Ela foi
para a sala de aula e eu segui com o Rhino em direção à árvore
onde estavam morando os parentes do meu amigo.
No pátio da escola havia um cajueiro enorme, com um
tronco de casca grossa e folhas verdinhas e amareladas que
balançavam ao vento, com réstias de luz do sol ornamentando
a sombra espalhada pelo chão. Eu nunca tinha notado que a
pintura exposta na biblioteca poderia ser uma inspiração do
pé de caju existente no pátio. Que descoberta, meu Deus!
Ficamos de cócoras para observar a passagem de
cupim que se estendia por cima e por baixo da casca da
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