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A casa do meu melhor amigo

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casa_do_meu_melhor_amigo_miolo_Layout 1 19/10/2010 08:36 Page 82

de figurinhas para colarmos no álbum. Entendi o seu gesto

como um sinal de reaproximação e apenas balancei positivamente

a cabeça, afirmando que poderíamos, sim, voltar

a colocar juntos as figurinhas no álbum.

Pouco tempo depois a Celise me tocou o braço e, mal-

-humorado, puxei o ombro para a frente, procurando revelar

minha inquietação com sua insistência em me abordar,

quando eu não estava com vontade de conversar com ninguém.

Ela insistiu e acabei olhando para ela com cara de

reprovação. Notei, porém, que ela estava querendo me passar

um papel dobrado e com a ponta colada, protegendo

alguma mensagem.

Pensei logo que se tratava de um bilhete dela para

mim. Como eu já tinha sugerido com um balançar positivo

de cabeça que poderíamos ir colar figurinhas juntos

na hora do pátio, evitei receber o papel, para a situação

não parecer melosa demais. Ela insistiu. Virei-me novamente

com cara de mau e ela me mostrou que na parte

externa do bilhete estava escrito: “Para Bento”, “De Manoel

Filho”.

Peguei o bilhete com pressa e somente naquele instante

vi que o Mané estava na sala. Se ele tinha retornado

à escola isso queria dizer que a supervisora da Justiça tinha

recomendado que ele poderia viver com o pai. Meu coração

começou a bater forte. Tentei controlar a respiração

para não passar vexame. Mas tudo se tornou vão quando

abri o bilhete do Mané e li no centro da página: “Obrigado,

meu amigo!”

Entrei em estado de choro e, de repente, notei que

dos meus ombros começavam a sair duas pontas de asas.

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