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A casa do meu melhor amigo

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casa_do_meu_melhor_amigo_miolo_Layout 1 19/10/2010 08:36 Page 72

Toquei a campainha e um homem roendo as unhas e

piscando muito veio abrir a porta. Ele estava com cara de

quem tinha chorado. Na sala, havia uma pessoa sentada

no sofá, escrevendo algo como se fosse um relatório. Depois

descobri que era mesmo um relatório. Aquela pessoa

era supervisora dos momentos que o Mané passava com

o pai dele.

O pai e a mãe do Mané eram separados. Nos últimos

anos o meu colega morava com a mãe e vez por outra o

pai passava por lá para pegá-lo. Ele precisava de supervisão

porque vivia se recuperando de problemas de dependência

química, de vício com drogas, e às vezes tinha

recaídas temerárias. E, quando isso ocorria, ele ficava

muito violento. Maltratava inclusive o Mané.

Naquele dia, a situação parecia mais complicada. A

mãe do Mané tinha ido embora, sem dar notícias, e o pai

estava tentando convencer as autoridades que podia cuidar

do filho. O risco que o Mané corria era de ser colocado

em um orfanato. Eu estava perplexo com todas essas

informações e fiquei mais chocado quando entrei no

quarto dele.

O Mané estava com febre e desfalecido. Cumprimentamo-nos

com oi e oi e seguimos calados. Nada vinha à

minha cabeça que me desse coragem de quebrar o silêncio.

Acho que ficamos trocando ideias sem gestos, sem palavras.

O Soarim olhava para mim e o Rhino também.

Não sei se eles esperavam que eu fizesse alguma coisa.

Meu pai ficara na sala, conversando com a acompanhante

do pai do Mané.

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