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A casa do meu melhor amigo

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casa_do_meu_melhor_amigo_miolo_Layout 1 19/10/2010 08:36 Page 61

O Mané desmaiou de tanto desespero. Os cupins, comandados

pelo Rhino, deixaram ele no chão e foram embora

em filas e mais filas até desaparecerem. Eu estava em

estado de choque. Não conseguia sequer entender direito

o que se passava. Acordei na enfermaria da escola, numa

cama ao lado da cama do Mané. Estava medicado. Meu

corpo ainda doía um pouco, mas tive alta logo. O Mané

não, ele precisava de oxigênio para poder respirar. Descobriu

que era alérgico, pois seu organismo ficou todo inflamado

com o ataque dos cupins.

Na primeira oportunidade que tive fui à biblioteca,

limpei os grãozinhos de madeira defecados pela família do

Rhino e subi para a moldura do quadro no alto da parede.

Agradeci o apoio que eles me deram.

– Sozinho, eu não tinha como me livrar daquela situação,

Rhino.

– Mas foi você quem se livrou dela, caro Bento.

– Como assim?

– Imaginando, ora! Você, mesmo maltratado e forçado

a cometer aquilo em que não acredita, não se deixou ser

dominado pela programação da máquina. Você foi além;

conseguiu ser criativo e só assim eu pude fazer a metamorfose

e correr a tempo de mobilizar a colônia do cajueiro

para salvá-lo – explicou.

O meu amigo explicou ainda que presenciou todas as

agressões que o Mané tinha feito comigo na biblioteca,

mas, como eu estava desesperançoso, sem força de acreditar

no nosso segredo, ele não tivera como agir. Disse-me

que sofreu por me ver apanhar estupidamente e não poder

fazer nada.

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