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casa_do_meu_melhor_amigo_miolo_Layout 1 19/10/2010 08:35 Page 48
Nem nós mesmos acreditáramos que sairia tão fácil.
Ueba, que felicidade! Pelos risos da neném, ela também
estava satisfeita. Virei para o Rhino e perguntei o que ele
tinha achado. Ele estava mudo. Não digo que havia lágrimas
rolando em sua cara porque posso estar enganado
com aquele brilho cintilante que ornamentava seu olhar.
– Estou pensando no pássaro que contou para vocês
da chegada da criança. Quando os cupins poderão cantar
e dizer coisas assim? – refletiu Rhino serenamente.
– Da mesma forma que os cupins, muitos pássaros não
sabem que podem dizer mais com o seu canto do que as mensagens
de suas programações genéticas – também filosofei.
– Os pássaros que cantam assim são como os meninos
que só querem brincar com brincadeiras que já vêm
com o enredo pronto – aloprou Soarim.
Seja como for, sou apaixonado pelo canto dos pássaros.
Aprecio os que cantam prolongado, os que trinam em
floreios, os de canto breve, os de curtos trilos e os que cantam
voando. Na mesinha ao lado do berço estava exposto
um livro de fábulas e de dentro dele escutei um faisão com
o seu mesmo repertório vocal repetido ao longo dos séculos.
Fiquei pensando se, por serem tão belos, os faisões haviam
esquecido, ou simplesmente não tinham querido,
variar o canto.
No mundo dos pássaros o que me chamava mais a
atenção eram aqueles que recebiam influência de aprendizagem
em seus cantos. Alguns aprendiam a cantar conforme
o meio. As graúnas e os corrupiões cantavam além de
si. As casacas-de-couro cantavam em duo, alternadas. Os papagaios
imitavam a voz humana. Até os pássaros precisavam
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