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casa_do_meu_melhor_amigo_miolo_Layout 1 19/10/2010 08:35 Page 28
na recomposição. Depois de enxuto, a diferença de tom se reduzia
a nuanças imperceptíveis para quem não observasse de
perto aquele eficiente trabalho de equipe dos cupins.
Revelei ao meu amigo a vontade que eu tinha de
andar por dentro daqueles túneis, de ir por eles até o cupinzeiro
formado no alto de um galho do pé de cajueiro.
Ele me disse que conhecia uma passagem secreta e que poderíamos,
sim, entrar por ela. Novamente passei pela sensação
de boneco de silicone chupado para dentro do tubo de
gel, até ficar do tamanho do Rhino.
O que achei mais incrível na caminhada que passamos
a fazer foi andar para cima, como se estivesse andando
em uma superfície plana. Quer dizer, o Rhino e eu
escalamos aquela enorme árvore, em subida totalmente
verticalizada, mas como se fosse horizontal. Pelo menos
não é assim que a gente vê quando está do lado de fora
do túnel dos cupins. Dentro, tudo é diferente, a natureza
muda a posição das coisas. Não consigo dizer como,
porém andamos sem qualquer dificuldade e por cavidades
irregulares até que chegamos ao centro do cupinzeiro.
O Rhino me apresentou aos primos dele. Estavam todos
fazendo suas tarefas. Diferentemente da família do Rhino, que
corroía a própria madeira da moldura do quadro onde estava
instalada, deixando intacta na superfície só a camada de tinta,
os cupins daquela colônia não comiam somente a própria
casa, considerando que o cupinzeiro fora construído por eles
em um galho morto daquela árvore que estava bem viva.
Em uma espécie de paiol eles arrumavam algumas folhas
secas e minúsculos pedaços de madeira que haviam sido alterados
pela ação dos fungos, uns seres microscópicos que eram
domesticados para produzir alimento de cupim. O Rhino me
falou que na casa de um amigo dele eram criados outros
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