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A casa do meu melhor amigo

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casa_do_meu_melhor_amigo_miolo_Layout 1 19/10/2010 08:35 Page 53

mim com tanta ternura que perdi um pouco o fôlego. Tanto

que eu disse obrigado numa fala meio contida.

Ela continuou olhando nos meus olhos e sorriu para

mim. Quis saber por que aquela figurinha era tão importante.

Não consegui me conter e falei tudo. Ela pensou que

fosse brincadeira minha. Coloquei as mãos na cabeça. Estava

um pouco decepcionado. Eu queria que ela acreditasse

em mim, que pudesse ver o Rhino e se juntasse a nós, em

nosso segredo.

Levantei-me calmamente, desci os degraus da arquibancada

e fui para a biblioteca. Tirei a figurinha do bolso

e comparei com a tela exposta na parede. Lembrava alguma

coisa, havia alguma semelhança no tipo de tronco,

na disposição das folhas e nas cores, mas definitivamente

não era a mesma. Não sei como fui meter na cabeça aquela

ideia. Os álbuns que chegavam por ali nunca traziam imagens

do nosso meio, algo que fizesse referência ao lugar

onde morávamos.

Aproveitei que estava na biblioteca para checar se

não havia pozinho de cupim embaixo do quadro. No que

me abaixei, senti o toque de uma mão no meu ombro e fiquei

muito assustado. Olhei para trás e era a Celise. O

meu coração estava aos pulos do susto. Tentei controlar a

respiração. Ela me perguntou o que eu estava fazendo. Fiquei

calado. Ela insistiu e eu rudemente devolvi a figurinha

para ela.

– Tome, eu não preciso mais da sua figurinha.

– Como assim, Bento?

Não sei nem contar como foi que me senti quando

vi que ela estava chorando. Tive vontade de pegar em seus

cabelos, de acariciar seu rosto, e ao mesmo tempo achei

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