Revista Fenacerci 2020
A FENACERCI disponibiliza a 27º Edição da Revista FENACERCI.
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OPINIÃO
cuidador, mas também, do relacionamento
existente; a decisão de intervir ou não, e como,
depende do conhecimento e da experiência do
cuidador/profissional, mas também das circunstâncias
e do contexto.
Por tudo isto, é amplamente reconhecido que
os cuidadores habituais estão geralmente aptos
a identificar que alguma coisa não está
bem, mas, tal como os profissionais, nem sempre
conseguem reconhecer e valorizar corretamente
a dor. Muitas vezes, pensam que não
há nada a fazer. Daí que as pessoas com problemas
de desenvolvimento façam parte de
uma população mais vulnerável ao subtratamento
da dor.
Para tornar a avaliação mais fiável e objetiva,
têm sido propostas algumas escalas para avaliar
a dor em crianças, jovens e adultos com
problemas de desenvolvimento. Entre elas, encontram-se
a DESS (Douleur-Enfant San Salvadour),
a NNCCPC-R (Non-Communicating
Children’s Pain Checklist—Revised), a FLACC-R
(Faces, Legs, Activity, Cry, Consolability - Revised).
Qualquer destas escalas consiste na
observação e pontuação dos comportamentos
apresentados pela pessoa com problemas
de desenvolvimento, para concluir se tem ou
não dor e se o nível de dor requer tratamento.
O tratamento é possível e depende da causa e
de outras medicações, seguindo as mesmas regras
usadas para outras populações.
Devemos, então, ter presente que crianças e
jovens com problemas de desenvolvimento
têm dor com mais frequência que os seus pares
da mesma idade. Porque a sua capacidade
de comunicar é reduzida ou atípica, e porque
a avaliação da dor é uma questão de comunicação,
estas crianças e jovens estão mais vulneráveis
ao não tratamento adequado das suas
dores. Alterações do comportamento habitual
devem levar os familiares e cuidadores habituais
a estar atentos à possibilidade de ser dor,
e a alertar para isso os profissionais de saúde.
Estes, com o apoio dos familiares e cuidadores
habituais, devem ser capazes de examinar
detalhadamente a criança e a sua história, e
de utilizar uma escala de avaliação da dor que
ajude a tomar decisões quanto ao melhor tratamento,
seguindo as recomendações já existentes.
Na dúvida, é preferível tratar e ver se
resulta.
“O acesso ao tratamento da dor é um direito
humano fundamental.” Declaração de Montreal,
2010
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