Revista Fenacerci 2020
A FENACERCI disponibiliza a 27º Edição da Revista FENACERCI.
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PERPLEXIDADE, COMPLEXIDADE E SOLIDARIEDADE
O meu pai usa
máscara e na
natureza nada
se cria, nada se
perde, tudo se
transforma!
A Era COVID trouxe morte, sofrimento e um colossal
teste aos serviços de saúde, aos serviços sociais,
à economia e à resiliência das pessoas e das
comunidades! Efetivamente 2020 ficará na memória
como um período em que percebemos que o
invisível e a natureza são essenciais à vida humana
e o poderio civilizacional não impede que tenhamos
que nos fechar em casa, isolar, parar o funcionamento
da maior parte da economia, cultura,
desporto, serviços sociais para reduzir o risco da
propagação da pandemia COVID. E esta realidade
da pandemia tem implicações muito diferentes em
função do contexto onde ocorre – países desenvolvidos
ou subdesenvolvidos, classes sociais ricas
ou pobres, centros urbanos/zonas rurais, etc. A
desigualdade e a exclusão acentuam o efeito negativo
da pandemia e das suas consequências sendo
evidente que a igualdade e a equidade exigem mais
políticas que as assegurem como direitos e como
realidades concretas.
A Era COVID também trouxe invenções (a necessidade
é a mãe de todas as invenções), inovação e
adaptação rápida e difícil a novas circunstâncias. E
verificamos que as pessoas cumpriram diretrizes,
isolaram-se, assumiram novos comportamentos,
socialmente responsáveis e atitudes de solidariedade
relativamente aos mais desprotegidos. Desenvolvemos
novas formas de trabalhar – teletrabalho,
de nos relacionarmos – telefone, videoconferências,
de dedicarmos tempo e esforço às nossa casas
e famílias - acho que muitas casas tiveram a limpeza
da primavera antecipada e reforçada e nunca
Rosa Couto
Diretora Geral
da CERCIESPINHO
se passou tanto tempo em família, redescobrindo
novas formas do ocupar o tempo num espaço da
casa e de realizar desporto, cultura e lazer a partir
nesse contexto. A saúde e empresas de bens e serviços
essenciais mantiveram-se a trabalhar e foram
reconhecidos pelo seu esforço e dedicação – precisamos
de um médico, bombeiro, caixa de supermercado,
farmacêutico, trabalhadores de limpeza
urbana, eletricidade, água e saneamento!
Ora, é esta a vertente que temos que considerar
– a mudança e a inovação. O meu pai de 87 anos
usa máscara e nunca conseguiu aceitar outras coisas,
como usar sapatilhas. Passou uma vida inteira
sem conseguir introduzir determinadas inovações
e mudanças mas num curto espaço de tempo acedeu
às mudanças desta nova Era. A mudança fez-se
sentir na forma como as pessoas e comunidades
reforçaram a solidariedade – inúmeros projetos
de apoio aos sem-abrigo, hospitais de campanha e
áreas para receberem infetados de serviços sociais e
de cidadãos sem condições de isolamento em casa,
particulares e empresas conceberam, produziram e
ofereceram EPI às comunidades e às organizações.,
Criaram-se produtos, serviços e materiais e reorganizaram-se
as linhas de produção e distribuição.
A solidariedade, a responsabilidade social e a inovação
marcaram este período! E esperemos que
a lei de conservação da matéria, de Lavoisier “ na
natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”
traduza a inovação deste período, em que
tivemos que transformar formas de fazer, de nos
relacionarmos, de assumirmos responsabilidade
pela nossa comunidade. E queremos que estas mudanças
positivas que vieram com a COVID fiquem
e se ampliem – quem sabe mais economia circular,
produção e consumo nas localidades, atividades
ambientalmente responsáveis, etc. Todos sentimos
outro conforto no silêncio pontuado pelos chilrear
dos pássaros e na paisagem vista da nossa janela
cheia de vida e de beleza – esta é também uma mudança
que podemos tentar manter!
34 | REVISTA FENACERCI 2020