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Revista Fenacerci 2020

A FENACERCI disponibiliza a 27º Edição da Revista FENACERCI.

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OPINIÃO

60%). Esta taxa de mortalidade permanecia acima

dos indicadores dos países desenvolvidos (abaixo

de 15% na década de 60, em França e no Reino Unido).

O decréscimo decisivo na mortalidade infantil

em Portugal ocorreu já na 2ª metade do século XX,

na década de 70.

Os cuidados de saúde prestados á população durante

a Primeira República eram dirigidos aos pobres, estavam

confiados às Misericórdias e aos Hospitais das

grandes cidades. Durante o Estado Novo o número

de médicos permanecia insuficiente para as necessidades

da população e a assistência pública não tinha

um alcance universal. Os Hospitais Civis de Lisboa,

da Universidade de Coimbra, de Santo António no

Porto tinham um reduzido número de profissionais

e os concursos eram extremamente seletivos.

Pediatria em Portugal (do final Século XIX a 1911):

os pioneiros

O primeiro diretor da enfermaria para crianças do

Hospital de Dona Estefânia foi Francisco da Cunha

Viana, posteriormente Gaspar Gomes e Jaime Ernesto

Salazar d’ Eça e Sousa.

Este último concluiu o curso de Medicina na Escola

Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1893, obteve êxito

nos concursos para cirurgião dos Hospitais Civis

de Lisboa (1894), e para professor de Cirurgia (1898).

Logo a seguir partiu para os Estados Unidos da

América (Nova Iorque e Boston), e obteve nesse País

o título de especialista em Pediatria. Após o regresso

da América, em 1902, dirigiu, no Hospital de São

José, uma consulta para doenças de crianças e mais

tarde, no Hospital de Dona Estefânia, a chamada

Enfermaria de Santa Estefânia. Salazar de Sousa

trabalhou com falta de recursos mas ultrapassou

obstáculos com grande resiliência, salientando-se

que era desinteressado da política numa época de

grande instabilidade social em Portugal.

De entre os seus estudos de investigação, salientam-se

as transfusões de sangue placentário no

tratamento do sarampo e a esplenectomia no tratamento

do kala-azar. Para além de mais de uma

centena de artigos científicos publicou em 1921 as

suas lições num livro intitulado Doenças das Crianças,

saindo no mesmo ano o número um da revista

científica que dirigiu: Archivos de Pediatria e Orthopedia,

por sinal com vida efémera.

A Geração Médica de 1911

Jaime Salazar de Sousa, pertenceu á chamada Geração

Médica de 1911. Este era um grupo de médicos

que reformaram a medicina portuguesa, criando os

primeiros institutos técnico-científicos especializados,

dotados de autonomia administrativa, o que

transformou o ensino livresco das antigas Escolas

Médico-Cirúrgicas num verdadeiro ensino prático,

valorizando as práticas experimentais e a investigação

científica. A lei fundadora das Universidades,

publicada em 1911, foi um ato político de grande

significado e alcance, ao recriar a Universidade de

Lisboa, criar a Universidade do Porto e reformar

a Universidade de Coimbra, o que possibilitou a

transformação das antigas Escolas Médico-Cirúrgicas

de Lisboa e Porto em Faculdades de Medicina.

A Pediatria como “especialidade”

No séc. XX, ao longo dos anos, foram criados nas

principais cidades Portuguesas, serviços hospitalares

de pediatria incipientes.

Sucedeu a Salazar de Sousa, na cátedra de Pediatria

de Lisboa, Leonardo Castro Freire que transitou

para o Hospital Escolar de Santa Marta (e, após 1954,

para o Hospital de Santa Maria).

Sara Barchilon Benoliel foi contemporânea e colaboradora

de Salazar de Sousa e de Castro Freire.

Teve um importante papel de cidadania e foi a

primeira mulher Pediatra em Portugal. De origem

judia, nasceu em 1898 no Brasil e naturalizou-se

Portuguesa em 1928. Frequentou cursos de especialização

fora de Portugal e interessou-se particularmente

pelos problemas sociais ligados à Criança.

Ativista da Hehaber, Organização Ashkenazi da

juventude israelita fundada em 1925, desempenhou

atividades de apoio aos refugiados judeus em Por-

18 | REVISTA FENACERCI 2020

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