Revista Fenacerci 2020
A FENACERCI disponibiliza a 27º Edição da Revista FENACERCI.
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OPINIÃO
de peso como uma conquista ou uma compensação
da sua deficiência (p.ex. querer pesar menos
para ser menos dependente e mais autónomo). A
conclusão deste estudo é que nestes doentes há
que ir mais além na identificação do que está na
base do problema do comportamento alimentar,
visto que cada uma das categorias acima mencionadas
implica uma abordagem diferente.
Abordagem
Antes que mais, há que estar atento a pequenas
alterações de comportamento e preocupações, de
modo a identificar precocemente as situações. O
alerta deve ser dado pelos pais, professores, técnicos,
terapeutas, que acompanham cada doente
no dia-a-dia e o conhecem melhor que ninguém;
se a sua intervenção atempada não for suficiente
para interromper a progressão do quadro, há que
procurar ajuda profissional, nomeadamente por
parte de quem tem experiência em DCA e PDI –
os pedopsiquiatras ou psiquiatras. Como vimos
acima, cada doente é particular nas suas motivações
para a perda de peso, e há que construir um
plano terapêutico adequado, sempre com a ajuda
da nutrição e do pediatra ou outro médico que
integre a equipa. Cada elemento da equipa deve
situar-se, inequivocamente do lado da saúde, física
e mental, ou seja, muitos doentes até têm indicação
para emagrecer, mas de modo saudável.
E, sempre, aproveitar para adquirir bons hábitos
de vida, que tantas vezes são descurados nestas
crianças e adolescentes difíceis, que tanto exigem
de quem cuida deles!
Sendo uma categoria diagnóstica recente, a Perturbação
da Ingestão Alimentar Evitante / Restritiva,
suscita hoje em dia muito interesse no que
diz respeito à necessidade de conhecer detalhadamente
cada caso e encontrar abordagens individualizadas
e eficazes. A maioria das descritas
na literatura são de natureza comportamental ou
cognitivo-comportamental, sempre alicerçadas
numa visão global, compreensiva e reflexiva, de
cada doente, que contribua para transformar as
refeições em momentos de prazer para todos.
Prevenção
Nunca é de mais reforçar a importância da prevenção,
visto que a existência de perturbações
alimentares na infância é um claro factor de risco
para DCA na adolescência e juventude, também
nestes doentes.
Muitas famílias de crianças com perturbação do
desenvolvimento intelectual, consideram que não
devem ser exigentes na sua educação, nomeadamente
na educação alimentar; a verdade é que
comportamentos cristalizados são muito mais difíceis
de mobilizar e alterar – em todas as pessoas
e em todas as idades!
Em resumo
As perturbações da ingestão e alimentação são
frequentes nas pessoas com perturbação do desenvolvimento
intelectual e têm particularidades
no seu modo de apresentação.
Antes dos quadros estarem bem instalados, há
que estar atento (família, escola, profissionais de
saúde) para os identificar precocemente e sinalizar
ao psicólogo ou pedopsiquiatra assistente.
Este é o maestro da equipa multidisciplinar que
inclui necessariamente dietista ou nutricionista e,
quase sempre, médico pediatra ou de adolescentes
ou médico de família. Nos casos que persistem,
há que pedir ajuda a equipas com experiência
em ambos os problemas, PDI e Perturbação da
Alimentação e da Ingestão.
Agradecimentos: À Ana Rita Peralta, pelo desafio; à
Rosário Stone e à Margarida Marques pelas pertinentes
sugestões na revisão do texto.
BIBLIOGRAFIA
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