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Revista Fenacerci 2020

A FENACERCI disponibiliza a 27º Edição da Revista FENACERCI.

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dente, enquanto pessoa singular, proporcionar-

-lhe melhor qualidade de vida e simultaneamente,

ter qualidade de vida, enquanto cuidador.

O Cuidador Formal é aquele que providencia cuidados

de saúde ou apoio social, para outros, de

acordo com a sua área profissional, usando as

suas competências específicas. O Cuidador Informal,

assenta a sua ação numa expressão de

amor e carinho por alguém que lhe é significativo,

sem remuneração.

Transversal a ambos os papéis, ser Cuidador implica

entrega, dedicação, empenho, criatividade,

no sentido de uma (re)construção e atuação

conjunta, do dependente, do cuidador, da rede de

apoio, simultaneamente racional e afetiva, plena

de significados e sentimentos de todos os envolvidos.

Em Portugal e de acordo com o INE - Instituto Nacional

de Estatística, as tarefas asseguradas pelo

Cuidador Informal podem variar das mais simples

(supervisão) às mais complexas (higiene pessoal) e

variar na frequência (diariamente, aos fins-de-semana,

etc.), periodicidade (tempo parcial vs. tempo

integral), duração (meses ou anos) e intensidade

(grau de dependência de quem é cuidado).

Por esta razão, os cuidadores informais, de forma

global (…) enfrentam no seu dia-a-dia enormes

desafios quer do ponto de vista físico quer emocional,

configurando-se uma experiência simultânea

de emoções positivas e negativas.

De referir que, em algumas situações, as repercussões

negativas podem evoluir para um quadro

denominado por sobrecarga, que é entendido

como um estado psicológico resultado da combinação

do esforço físico, da pressão emocional,

das limitações sociais e das exigências económicas

que surgem ao cuidar de uma pessoa com dependência.

A DID na Pessoa: Fator potenciador de dependência

Na Pessoa com DID, e de acordo com a experiência

decorrida da existência de grupos de cuidadores,

no CECD, tem sido recorrente a necessidade

de reflexão acerca do conceito de finitude.

De facto, em famílias em que o cuidado é dirigido

a Pessoas com DID, cujo futuro após desaparecimento

dos cuidadores é incerto, a temática da

finitude surge como pano de fundo, de uma dor

agravada.

A deficiência surge como um fator potenciador de

dependência, estando esta diretamente relacionada

com a perda brusca de autonomia a vários

níveis: físico, psíquico e social, com a necessidade

de outrem para dar resposta às dificuldades funcionais

instaladas ou que se vão instalando. São

inúmeros os impactos sociais e familiares, na própria

pessoa dependente e no cuidador principal.

Muitas são as pessoas com deficiência e/ou incapazes

que permanecem dependentes, mesmo

em idade ativa, dos seus cuidadores informais ou

retomam a esse estatuto, devido à ausência de soluções

alternativas.

Cuidar: Sobrecarga objetiva vs subjetiva

As famílias são as tradicionais prestadoras de

cuidados. Constituem-se como “porto seguro”,

de ancoragem, porque se assume ser este o seu

papel e função, a de amparo e ser sua responsabilidade

“cuidar dos seus”. Pela pressão emocional

e o desgaste físico a que estão sujeitos, os cuidadores

constituem um grupo de risco, vulnerável à

perturbação afetiva e relacional, à desorganização

pessoal, familiar e social, à doença física e mesmo

à doença psiquiátrica e outra sintomatologia orgânica

e/ou manifestação psicossomática.

Estes problemas complexos atingem os cuidadores

no seu todo, na sua individualidade, na forma como

se relacionam com os outros e interagem com os

diferentes contextos, de tal forma que este mau estar

pode refletir-se nos que dele dependem.

A sobrecarga inerente ao processo de cuidar compreende

duas formas, objetiva e subjetiva. Assim,

entende-se por sobrecarga objetiva as repercussões

concretas, quantificáveis e observáveis, na

vida diária do cuidador, em situações de doença

e dependência da Pessoa a Cuidar p.e. dificuldade

em conciliar trabalho e prestação de cuidados;

maior vulnerabilidade em termos económicos,

isolamento social e perda de saúde física. Os sentimentos,

atitudes e reações emocionais do cuidador,

associados a estados de fragilidade emocional,

nem sempre “visíveis”, traduzem-se em

sobrecarga subjetiva.

Deste modo, torna-se pertinente e necessário

voltar a atenção para os cuidadores informais,

nomeadamente de Pessoas com DID, com a adequada

orientação de cuidadores formais, fazendo

sentido a dinamização de ações como: sensibilizar,

(in) formar, aprender, partilhar conhecimentos,

sentimentos e angústias, de forma a facilitar

estratégias que promovam o ultrapassar de constrangimentos

e dificuldades, presentes e futuras,

numa perspetiva proativa que poderão minimizar

os efeitos negativos para o dependente e para o

cuidador.

REVISTA FENACERCI 2020 |

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