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NOREVISTA JANEIRO 2021

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ESTUDO<br />

Questões culturais e socioeconómicas impedem<br />

igualdade de género no acesso a cuidados e prevenção<br />

da deficiência visual e/ou cegueira evitável<br />

A prevalência de deficiência visual<br />

e cegueira é superior nas mulheres<br />

do que nos homens. Esta diferença<br />

acentua-se com a idade e na sua<br />

maioria não é devido a fatores<br />

intrínsecos das causas, mas sim a<br />

fatores culturais e socioeconómicos.<br />

Esta é uma das conclusões que se<br />

retira dos estudos recentemente<br />

publicados na The Lancet Global<br />

Health pelo grupo internacional<br />

de peritos sobre a perda de visão,<br />

Vision Loss Expert Group (VLEG)<br />

e do Instituto de Avaliação e<br />

Métricas em Saúde da Universidade<br />

de Washington, que conta com<br />

dois investigadores Optometristas<br />

portugueses, sobre o peso global das<br />

causas e prevalência da deficiência<br />

visual. Os estudos, Causes of<br />

blindness and vision impairment in<br />

2020 and trends over 30 years, and<br />

prevalence of avoidable blindness in<br />

relation to VISION 2020: the Right<br />

to Sight: an analysis for the Global<br />

Burden of Disease Study; e Trends in<br />

prevalence of blindness and distance<br />

and near vision impairment over<br />

30 years: an analysis for the Global<br />

Burden of Disease Study analisam<br />

com uma profundidade, dimensão e<br />

detalhe nunca antes atingido, o peso<br />

e relevância das diferentes causas<br />

de deficiência visual e cegueira no<br />

mundo, incluindo Portugal.<br />

As limitações no acesso a cuidados<br />

para a saúde da visão e as<br />

dificuldades económicas de acesso<br />

aos tratamentos, inclusive óculos e/<br />

ou lentes de contacto, representam<br />

um estrangulamento no orçamento<br />

individual e familiar no momento<br />

de decidir e procurar soluções<br />

para as dificuldades de visão. Por<br />

diferentes contextos culturais e<br />

socioeconómicos, é menos provável<br />

as meninas/mulheres verem a sua<br />

deficiência visual avaliada e tratada,<br />

resultando numa maior prevalência<br />

de deficiência visual e/ou cegueira<br />

evitável em todas as causas no<br />

sexo feminino, com exceção do<br />

glaucoma. Esta deficiência visual e/<br />

ou cegueira resulta na limitação de<br />

desenvolvimento de todo o potencial<br />

das meninas e na perda de autonomia<br />

e capacidade produtiva das mulheres,<br />

traduzindo-se em consequências<br />

fundamentais na sua independência e<br />

autonomia. Este desequilíbrio é ainda<br />

mais evidente com o aumento da<br />

idade.<br />

Vera Carneiro e Raúl Alberto de<br />

Sousa, Optometristas e Colaboradores<br />

do IHME/Global Burden Disease<br />

enfatizam a importância da boa visão<br />

na promoção da igualdade de género,<br />

no desenvolvimento individual e<br />

da sociedade. Assegurar boa visão<br />

é assegurar o acesso à igualdade de<br />

oportunidades.<br />

É esta uma das mais valias da<br />

implementação das recomendações<br />

da Organização Mundial de Saúde<br />

sobre a integração e planeamento da<br />

força de trabalho dos cuidados para<br />

a saúde da visão, desde os cuidados<br />

primários aos cuidados hospitalares e<br />

de reabilitação. Cerca de 5 milhões de<br />

portugueses sofrem de erro refrativo,<br />

a maior causa de deficiência visual<br />

evitável.<br />

As/os Optometristas são as/os<br />

especialistas com formação mais<br />

aprofundada e detalhada para<br />

diagnosticar e tratar o erro refrativo.<br />

Desempenham um papel fundamental<br />

na prestação de cuidados primários<br />

para a saúde da visão de acordo com<br />

as recomendações da Organização<br />

Mundial de Saúde, com as quais o<br />

Estado Português se comprometeu<br />

e ainda estão por implementar.<br />

Até lá, cada vez mais portuguesas<br />

e portugueses irão ver pior o seu<br />

presente e futuro.<br />

Os artigos completos podem ser<br />

consultados na Lancet Global Health<br />

(https://www.thelancet.com/journals/<br />

langlo/home).<br />

0120 NODEZ20 0121<br />

NODEZ20

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