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NOREVISTA JANEIRO 2021

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REPORTAGEM<br />

REPORTAGEM<br />

de acusações é 16% da quantidade dos<br />

inquéritos que são feitos ao nível da<br />

violência doméstica e depois há muitas<br />

penas suspensas. Em Portugal esta baixa<br />

coordenação dos agressores leva a uma<br />

baixa denúncia, quanto menos agressores<br />

forem condenados, menos as vítimas acham<br />

que vale a pena denunciar e isto também<br />

é uma área de intervenção que<br />

se tem de trabalhar muito para<br />

dar visibilidade e aumentar<br />

a consciência crítica das<br />

pessoas que são vítimas de<br />

violência doméstica, elas<br />

têm de ter a consciência<br />

que não é normal ser<br />

vítima, elas não têm o<br />

direito de se sujeitarem a<br />

estes quadros de violência<br />

não é um destino, nem é<br />

uma fatalidade e foi dito<br />

aqui no princípio pela<br />

Malvina, é um compromisso<br />

que se estabelece na<br />

relação conjugal seja formal<br />

ou não formal, mas essa<br />

violência conjugal não pode<br />

destruir a dignidade de<br />

nenhum dos membros que<br />

constrói aquela relação”.<br />

E para se perceber se<br />

há algum tipo de violência<br />

a “nosso redor” o grande sinal de alerta<br />

“é a rutura do contacto da vítima com<br />

o mundo. Isto é uma estratégia do<br />

próprio agressor que vai minando e<br />

controlando sobretudo o mundo normal o<br />

contacto da pessoa com os amigos, com<br />

a família, com os colegas e vai criando um<br />

ser omnipresente e omnipotente, o único<br />

que tem a palavra, a verdade e o único que<br />

tem o caminho certo e a vítima ao mesmo<br />

tempo que vai deixando de contar com as<br />

outras pessoas e de pedir ajuda”, “mas<br />

para se aceitar a ajuda é preciso se<br />

reconhecer que se tem de ser ajudado,<br />

por isso é que as pessoas, às vezes,<br />

nos dizem como é que é possível<br />

uma vítima levar tantos anos<br />

até pedir ajuda, porque<br />

no fundo a agressão<br />

vai triturando essa<br />

capacidade de contar<br />

com os outros e ela vai<br />

se tornando dependente<br />

do próprio agressor, ela<br />

própria vai justificando os<br />

comportamentos dele e vaise<br />

tornar dependente das<br />

armas”.<br />

A professora realça o<br />

papel das associações<br />

intervenientes, afirmando<br />

que “é interessante ver<br />

aqui como a APAV e a<br />

UMAR têm de inventar,<br />

criar estratégias para<br />

devolver às vítimas a<br />

capacidade para se<br />

libertarem, porque as<br />

estratégias normais dos<br />

contactos diários com<br />

as pessoas, com as<br />

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