NOREVISTA JANEIRO 2021
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REPORTAGEM<br />
REPORTAGEM<br />
A editora percebe que estas situações<br />
dos livreiros independentes são muito<br />
complicadas de gerir e que “realmente<br />
com as tiragens que se fazem em Portugal<br />
às vezes é quase impossível e depois o que<br />
acaba por acontecer é que estas grandes<br />
cadeias não vendem os livros, devolvem e<br />
provavelmente os pequenos ficam sempre<br />
um bocadinho engolidos pela roda”.<br />
Assim, “perde-se um bocadinho a parte<br />
mais bonita que é precisamente isto, que<br />
é conseguir o leitor pedir o livro e uma<br />
semana depois ter o livro e vocês, em cima<br />
disso, ainda estão à mercê da distribuição,<br />
ou seja, da questão dos envios que no vosso<br />
caso teria de ser por avião ou barco e vão<br />
sempre ficar muito condicionados por<br />
isto. De facto, deveria existir uma série de<br />
medidas que ajudasse nesse sentido”.<br />
No que concerne à seleção<br />
de livros na livraria, Carlos<br />
esclarece que esta questão dos<br />
“grandes grupos, da distribuição,<br />
nós enquanto editores fazemos<br />
distribuição direta, mas é uma<br />
carga de trabalho absolutamente<br />
incrível, nós somos os melhores<br />
clientes dos correios dos CTT<br />
das Lajes do Pico. Seremos talvez<br />
na ilha aqueles que mais vezes<br />
vão buscar livros aos transitários.<br />
Eu estou farto de explicar isto às<br />
pessoas e pensam que eu estou a<br />
exagerar, mas é um martírio. Nós<br />
temos a política de que lá entra<br />
aquilo que a gente gosta, embora<br />
façamos a encomenda de qualquer<br />
livro que um cliente queira, não<br />
importa o quê, desde que exista no<br />
mercado e que a gente possa ter<br />
acesso a ele. No entanto, só entra<br />
na livraria aquilo que nós achamos<br />
que não é lixo, aquilo que não<br />
conspurca, aquilo que acrescenta<br />
alguma coisa”.<br />
Paula acrescenta ainda que<br />
acredita plenamente que a venda<br />
de livros não irá aumentar pois<br />
“nada e ninguém no nosso país<br />
consegue fazer uma política<br />
cultural com pés e cabeça, uma<br />
política de livro só se pode<br />
alicerçar se no nosso país houver<br />
uma política cultural com a<br />
vertente educativa, porque é<br />
preciso transmitir a cultura, depois<br />
aprende-se e depois a cultura cria e<br />
é nesta política que o livro se pode<br />
integrar e é assim que poderiam<br />
passar a haver mais pessoas com o<br />
gosto pelo livro”.<br />
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