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IInclusão feminina também passa pela independência financeira -Por : Sofía Gancedo, cofundadora da Bricksave e referência na indústria deFintech na América Latina.Enquanto algumas vozes argumentamque o contexto socioeconômicoem que nascemos determina emgrande medida nossa prosperidade futura,outras defendem que o esforço ea perseverança podem impulsionar ocrescimento de um indivíduo quandoeles realmente se propõem a fazê-lo.Sob o meu prisma, existe um pontode encontro entre essas duas posiçõesaparentemente irreconciliáveis.De modo geral, uma pessoa que foicriada em um ambiente econômicodesfavorável terá que lutar muito maisdo que alguém que tem suas necessidadesmateriais amplamente resolvidas.No entanto, o cenário muda quandotemos ferramentas que, de algumaforma, possibilitam maior acesso àsoportunidades.Esse é um dos grandes desafios que temospela frente na América Latina.O valor da educação como fator deequalização é amplamente destacado.Quantos nos explicaram como administrara poupança ou os diferentesinstrumentos disponíveis para gerarrendimento de capital?Alguém nos ensinou conceitos básicoscomo liquidez, risco, lucratividade oudiversificação?A independência financeira é umprincípio elementar para alcançar a autonomiae temos que começar a educaras crianças nessa direção.Um estudo recente realizado pela áreade pesquisa do Google revela que 4entre 10 brasileiros que não investemquerem aprender sobre o tema, e 38%dos entrevistados pretendem começara investir quando tiverem mais dinheiro.Isso mostra que os brasileiros estãocada vez mais interessados em ampliarseus conhecimentos sobre finançaspessoais e investimentos.Nesse sentido, celebro os passos que asmulheres estão dando em direção à suaindependência econômica. De acordocom um estudo da Finnovista e do BIDapresentado no ano passado, globalmentea proporção de startups de fintechque têm uma mulher na equipefundadora é de 7%, mas na AméricaLatina, 33% são cofundadas por mulheres.Outro dado que mostra que as mulheresestão cada vez mais interessadas emaprender a investir e a conquistar suaindependência financeira é o númerode mulheres que investem na na Bolsade Valores. Levantamento feito emsetembro pelo B3 indica que 779.378brasileiras são atuantes nesse segmento,o que corresponde a 25,42% do totalde investidores cadastrados, o maiorpercentual da história no país.Esses dados são encorajadores para asnovas gerações, especialmente porqueas finanças e o mercado imobiliáriotêm sido mercados predominantementemasculinos. E isso tem a ver,em parte, com um aspecto cultural.Historicamente, os recursos econômicosdas famílias estavam nas mãos doshomens, embora, aos poucos, percebamosuma mudança gradativa.Essa tendência levou a um papel maispassivo das mulheres nas decisõeseconômicas e financeiras.Não é minha intenção entrar em longosdebates sobre este último ponto,mas sim, olhar para o futuro e destacartodas as transformações que estãoocorrendo, embora ainda haja muitopor fazer. A tecnologia oferece hojeinstrumentos de investimento fáceis eágeis, como o crowdfunding imobiliário,que permite a uma pessoa ingressarno Imobiliário, setor geralmentereservado a pessoas físicas com muitosrecursos econômicos, com valoresmuito baixos (a partir de US$ 1 mil).As mulheres têm que começar a familiarizar-secada vez mais com essestipos de ferramentas que permitem gerirseus rendimentos e poupanças commaior autonomia, bem como se envolverem empregos e empreendimentosque sirvam para promover a mudançae inserir as mulheres no mercado detrabalho, especialmente no mundo dasfinanças.Em um mundo cada vez mais globalizado,as ferramentas tecnológicas estãoquebrando fronteiras e abrindo portas.Essa também é uma oportunidade paramulheres que buscam independênciafinanceira.29