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RECANTO HELVÉTICO

Fortaleza de Aarburg

A V MARIA DOS SANTOS

Desde que cheguei à Suíça

vivi sempre na mesma

província.

Facilitou-me conhecer melhor e mais

rapidamente a terra que me acolheu.

Nunca descuidando, descobrir outras

localidades.

Trabalhei alguns anos em Rothrist.

Nos meus tempos livres, de patins

nos pés, percorria os passeios pelas

vilas e aldeias vizinhas.

Foi assim numa tarde de Verão que

descobri Aarburg.

O seu belo rio Aare, a fortaleza, igreja,

um parque de campismo extraordinário,

uma associação portuguesa,

rua e ruelas, bons restaurantes, excelente

gastronomia e um ar puro nos

bosques vizinhos.

Dizia-se nos anos 80, que Aarburg tinha

uma equipa de futebol portuguesa

e havia mais habitantes portugueses

que suíços.

Certo é que a equipa de futebol existia

a associação também, mas que

houvesse mais habitantes portugueses

que suíços, foi sempre um ponto

de interrogação para mim.

Nunca me ocorreu pedir uma estatística,

porque me enamorei das paisagens

desta pacata vila, esquecendo ou

descuidando a verdade sobre os seus

habitantes.

Falar de Aarburg e descrever esta vila

toca-me o coração pelos mais variados

motivos. Um deles foi, que por estas

terrinhas, fui de facto muito feliz

e retenho as mais belas recordações

gravadas na minha caixinha secreta.

A área territorial tem apenas 4,41 Km

quadrados e conta com mais ou menos

sete mil habitantes.

A sua fortaleza e igreja erguida sobre

uma colina rochosa, construídos pensa-se

no século doze, conferem a esta

vila uma beleza excepcional. Do alto

podemos ver o rio Aare, grandioso e

ímpar.

Em qualquer estação do ano, os nossos

olhos podem percorrer uma paisagem

digna de um conto de reis e

rainhas; como nesta fotografia que

hoje vos mostro. Mas para mim o Outono

é místico.

Para visitar estes dois monumentos,

aconselho uma prévia reserva e se for

em grupo é ainda mais interessante.

Entre Abril e Outubro pode-se perder

pelos corredores e salas amplas

desta fortaleza carregadas de história

e viver na primeira pessoa as emoções

de uma época que caracterizou o ano

da sua construção; 1123.

Esta fortaleza foi uma sede oficial de

justiça e carismáticamente uma prisão.

A partir do ano 1893 uma parte desta

fortaleza, foi transformada numa instituição

de reinserção social, para jovens

dos 14 aos 22 anos.

Ponderando sobre estes jovens, uma

nuvem de preocupação invade-me a

alma, tomando conta dos meus pensamentos.

Que sociedade estamos a construir,

com este vírus que tomou conta, ao

que parece de apenas alguns? Por que

há ainda quem não acredite nele, ou

melhor se comporte como se ele não

existisse.

Pensem comigo: No passado mês de

Janeiro, fui “obrigada” a viajar até ao

nosso Portugal. Os números eram já

assustadores! Com receio usei duas

máscaras e mal desci do avião, optei

por as substituir.

Ainda dentro do avião e como é do

conhecimento de todos, mal se aterra,

toda a gente se levanta… até parece

que o avião irá descolar novamente

connosco lá dentro.

Esta viagem foi particular. Estava há

espera de muito mais respeito, mas

infelizmente vivi o contrário; O comandante

teve que falar com um tom

de voz algo desagradável para que as

pessoas se sentassem e esperassem a

sua vez de sair.

Missão impossível. O meu vizinho do

lado abriu a cabine da bagagem, mesmo

por cima da minha cabeça e os casacos

começaram a cair. Nem um

pedido de desculpa. Parece que para

estas cabeças pouco inteligentes, quiçá

nada sensíveis à actual doença,

é difícil apesar de tudo o que vemos,

acreditar que a nossa vida possa acabar

num hospital de forma brutal sem

a menor dignidade.

Acreditem de uma vez por todos, que

este vírus não dá tréguas e que as mutações,

põem em perigo a sociedade.

Vamos ensinar os nossos jovens as regras

básicas do respeito, mas para isso

temos de dar o exemplo.

Será que temos prazer em viver um

2021 de novo condicionados, ansiosos,

infelizes, como foi o ano transacto?

Eu quero construir e não desconstruir.

E você que pretende para este

ano? A Primavera está prestes a chegar

e com ela o desabrochar de novas

vidas, cores, cheiros e luzes, que nos

despertaram para uma amanhã, bem

melhor.

É o poder da Primavera.

Dê o seu contributo.

Lusitano de Zurique - Março 2021 | www.cldz.eu

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