Revista Condominio Sao Lucas_Edicao2
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ACONTECEU
A CIDADE E AS FLORES
UMA AVENTURA CINEMATOGRÁFICA
POR AÍRTON DESOUZA
Roteirista
Fotos: Marcos Resende Fotografia
Sabíamos desde o início que nossa
empreitada não seria das mais simples!
Fazer um longa-metragem aqui
no interior das Minas Gerais, sem a
mínima estrutura possível, apesar de
todos os avanços tecnológicos que temos
à nossa disposição hoje, justifica
bem o termo aventura. Acredito que,
quando decidimos por fazer cinema,
e isso se viabilizou pela fundação da
Urukubaka Filmes, seria muito mais
14 | SÃO LUCAS MAGAZINE
pelo prazer, pelo gosto do desconhecido,
pelo enfrentamento das adversidades
do que pelo oposto de tudo isso.
Feitos os acertos iniciais, decidido
o que contar, as histórias de pessoas
simples de uma pequena cidade, seus
heróis, seus mitos, seus medos, suas
superações, fomos à luta. Um concurso
de redações e a escolha de algumas
dessas histórias. Empenho máximo
de todos, empolgação de praticamente
toda a comunidade, entusiasmo de
nossa parte, por estarmos fazendo cinema,
o que de fato sempre quisemos
fazer. Elaborado o roteiro, fizemos
a leitura com várias pessoas que se
emocionaram, lembraram-se de histórias
e episódios que eles mesmos viveram.
Acertados todos os detalhes, planejado
tudo como deve ser, recursos
disponibilizados, lá fomos nós para o
primeiro dia de filmagens. Natural-
mente, uma chuva imprevista acabou
com os nossos planos e nada foi feito
naquele primeiro momento. No segundo
dia, tudo acertado, exceto que
esqueceram de combinar com as pessoas
onde se dariam as locações e, tudo
cancelado, estresse e partimos nós em
busca de um outro local. Conseguimos e
tudo teve seu início. Daí em diante, tudo
é história,
inclusive a
verba que
não foi suficiente,
o
diretor de fotografia
que
esquecia as
lentes, além
de tantos outros
atropelos
de última
hora, como,
pasmem, o
capotamento de um carro de boi. Finalizadas
as gravações, partimos para uns
dias de férias, ao menos para nos livrarmos
das imagens uns dos outros à nossa
frente, sempre lembrando que alguma
coisa não ia bem. Mas, terminamos, e aí
está este épico rural, misto de drama e
humor, muita dificuldade e superação,
orgulho para muitas pessoas e indiferença
para tantas outras. E quando o
projetamos, ao menos por momentos,
esquecemos que não foi fácil, que muitos
que se comprometeram não apareceram,
que houve desentendimentos, mas
como toda grande obra, cercada da aura
que só os deuses das artes podem supor,
determinar ou tentar explicar.
Fazer um
longa-metragem
aqui no interior
das Minas Gerais...
justifica bem o
termo aventura.