Revista Condominio Sao Lucas_Edicao2
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ALERGISTA
ALERGIAS: UM SINAL DE ALERTA?
Dra. Juliana Lima Ribeiro é médica,
alergista e imunologista, com
título de especialista pela ASBAI e
SBP e mestre em Ciências – UFU. Há
dez anos, atua na área em Catalão e
agora, há 18 meses, mudou-se para
Uberaba. Nesta conversa, ela esclarece
os leitores sobre os mais variados
tipos de alergias, fala sobre os principais
agentes causadores, alerta sobre
os cuidados a serem tomados e aponta
tratamentos possíveis para os mais
diferentes casos.
O que é tratado por um alergista e
imunologista?
Como alergista, nós tratamos das
doenças alérgicas, seja no trato respiratório
(asma e rinite), alergias oculares,
pele (dermatite atópica, dermatite de
contato, urticária etc), alergia a medicamentos,
alergias alimentares e a drogas.
Na imunologia, avaliamos o sistema
imunológico. Nesse caso, as doenças
são mais raras. Muitas vezes, as pessoas
muito alérgicas podem ter um desequilíbrio
no sistema imunológico que
podem ocasionar infecções de repetição.
Existem doenças gravíssimas do sistema
imunológico que acompanhamos e
avaliamos. As questões imunológicas
precisam ser diagnosticadas de forma
rápida e eficaz. Se existe uma demora
para o diagnóstico, pode comprometer
o paciente e, em casos mais graves, até
perder a vida.
Quais são as alergias mais comuns
nas crianças e nos adultos?
As mais frequentes em crianças são
as alergias alimentares e respiratórias.
As alergias alimentares mais comuns
em crianças são leite, ovo, soja, trigo e
milho. As alergias respiratórias mais comuns
são asma e rinite alérgica.
Nos adultos, além das alergias respiratórias
também serem muito comuns,
as alergias a medicamento (ou reação a
droga) são comuns. Em grande parte dos
casos, a causa é o próprio hábito da automedicação,
sendo os anti-inflamatórios
os mais comuns. Depois da regulamentação
da receita em duas vias para uso
de antibióticos, o uso indiscriminado
dos mesmos reduziu e, com isso, as reações
alérgicas também. Quando pensa-
50 | SÃO LUCAS MAGAZINE
POR CAROL NAVES
No outono e
no inverno, as
atenções devem
ser redobradas,
pois é quando se
manifestam, com
mais intensidade,
sobretudo as
mudanças
epidérmicas e
respiratórias, de
crianças e adultos
com problemas de
alergias.
mos na alergia alimentar entre os adultos,
os alimentos mais comuns são diferentes,
como castanhas, amendoim, peixes, camarão
e frutos do mar.
Existem exames para determinar se
uma pessoa é alérgica?
Existem vários exames, tanto em nível
sanguíneo (dosagem de IgE), quanto exames
realizados no consultório do alergista
que são os testes alérgicos. Dentre os mais
comuns, estão o Prick test e o Pacth test.
O médico vai solicitar os exames de acordo
com a história do paciente. No Prick teste,
podemos avaliar tanto aeroalérgenos (como
ácaros, mofo, epitélio de animais, gramíneas),
como insetos, alimentos e alguns medicamentos.
Eles são indicados para reações
imediatas ou IgE mediada.
Existem alergias tardias, podendo ocorrer
até alguns dias após o contato. Para
esse tipo de reação é indicado outro tipo de
exame, chamado Patch test. O Patch mais
comumente utilizado é realizado para avaliarmos
dermatite de contato por reações,
por exemplo, a fragrâncias, borrachas, conservantes
de loções, cremes, sabões, produtos
que contém tintas, metais etc. A determinação
de se fazer este ou outro exame
depende da história clínica do paciente e
das reações que costuma apresentar e será
determinado pelo médico alergista.
Qual o principal causador das alergias
respiratórias?
Na nossa região, os ácaros são os vilões,
sendo a principal causa das alergias respiratórias
em nosso meio. O controle no ambiente
em que o paciente vive e/ou trabalha
é extremamente importante para o adequado
controle das alergias respiratórias.
Quais as dicas para evitar alergias
respiratórias?
Em casa, a orientação preventiva mais
importante é o uso de capa antiácaro no
colchão e travesseiro do paciente. Outros
cuidados, como evitar cortinas, tapetes,
uso de vassouras, ambientes fechados e
pouco ventilados são também muito importantes.
Dar preferência para a limpeza
com produtos neutros, uso de pano úmido
e, se necessário, aspirador, os que têm
filtro Hepa. Com essas medidas, podemos
evitar boa parte dos ácaros no ambiente e
assim evitarmos crises alérgicas.
As alergias têm cura?
Geralmente, a doença alérgica não
tem cura, mas possui controle. Nossa busca
como alergista é, no primeiro momento,
encontrar o fator causal. Se encontramos
a causa, é possível a prevenção. Um
tratamento bastante eficaz é a imunoterapia
alérgeno específica, realizada, principalmente,
para alérgicos a ácaros. Esse
tratamento induz um maior controle dos
sintomas e, em muitos casos, consegue-se
retirar o uso de medicamentos e manter a
alergia controlada por anos. As principais
patologias em que se indica a imunoterapia
são asma, rinite, conjuntivite alérgica
e alergia a insetos.
Na época de outono e inverno, as
alergias aumentam?
O período de outono e inverno é propício
para agravar alergias pré-existentes.
É um período do ano que tem uma baixa
umidade do ar, variações de temperatura e
temperaturas mais frias, aumento na incidência
de vírus devido à maior aglomeração
das pessoas. Esses fatores podem servir
de gatilho para alergias respiratórias e
exige-se um maior cuidado em prevenção
nessa época do ano. A pele também exige
maior hidratação e cuidado. Pacientes
com dermatite atópica que já apresentam
a barreira cutânea comprometida podem
ter crises também mais frequentes.
Como eu descubro se estou em um
processo alérgico?
A alergia é uma reação exacerbada
que o organismo faz frente a algum alérgeno.
Por exemplo, se você ingere uma
substância e, em poucos minutos ou horas,
você começa com uma coceira na garganta,
tosse repetida, começa a inchar ou
ficar vermelho, é um sinal que pode ser
uma reação alérgica. Esses casos são de
alergias mais rápidas, IgE mediada e que
inferem em risco de vida, devendo ser
prontamente tratadas. Alergias tardias
podem começar com uma simples coceira
recorrente em determinada parte do corpo.
Pacientes que tem o histórico familiar
de alergias têm uma maior chance de desenvolverem
alergias, devendo, portanto,
já ter uma atitude preventiva. Lembremos
sempre que existem várias formas de
alergias e que devem ser diagnosticadas e
tratadas. Procure o alergista caso existam
sintomas.