Revista Condominio Sao Lucas_Edicao2
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PNEUMOLOGIA
A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO E DO
DIAGNÓSTICO PRECOCE DAS DOENÇAS
RESPIRATÓRIAS NA INFÂNCIA
COM A CHEGADA DO INVERNO, OS CASOS DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS SOFREM CONSIDERÁVEL
AUMENTO. SABER PREVENIR E SOBRETUDO DETECTAR OS SEUS PRINCIPAIS SINTOMAS PODE
EVITAR COMPLICAÇÕES, SOBRETUDO NAS CRIANÇAS.
POR CAROL NAVES
Você e sua família merecem as melhores
opções médicas. Além de um local adequado
para receber o atendimento, é fundamental
que o médico especialista seja capacitado
para o atendimento pediátrico e esteja atualizado
sobre os tratamentos mais adequados
para cada situação. Os cuidados preventivos
com recém-nascidos, crianças e adolescentes
são importantes para evitar doenças e
proporcionar um adequado crescimento e
desenvolvimento. Este seguimento pode, inclusive,
evitar doenças na vida adulta. Nesta
edição, a Dra. Juliana Cristina Castanheira
Guarato, médica Pneumologista pediátrica e
doutora em Saúde da criança e do adolescente
pela USP-RP, relata a importância da prevenção
e do diagnóstico precoce em doenças
respiratórias infantis.
São Lucas Magazine: Por que escolher a
especialidade pneumologia?
Dra. Juliana Cristina Castanheira Guarato:
A pneumologia pediátrica é uma área
muito geral, apesar de ser uma especialidade.
Grande parte das situações que acometem uma
criança ao longo de sua vida estão relacionadas
a uma doença do trato respiratório. Pela sua prevalência
e importância, o entendimento dessas
doenças me despertou a necessidade do conhecimento
e uma paixão pela minha especialidade,
na qual atuo de forma diária e intensa, principalmente
no diagnóstico e tratamento de bronquiolites,
pneumonias complicadas e da asma.
28 | SÃO LUCAS MAGAZINE
Existe muita dificuldade em definir o
que é a asma. Qual a diferença entre asma
e bronquite?
A asma é a doença respiratória crônica mais
frequente da infância. É uma doença inflamatória
que se manifesta por episódios recorrentes
de tosse, falta de ar e “chiado no peito”. Quando
nós dizemos que a bronquite e a asma podem
ser a mesma doença, as famílias ficam preocupadas,
pois acreditam que a asma é grave e a
bronquite não. A asma é um tipo de bronquite
crônica, geralmente desencadeada por fatores
ambientais (alérgenos) e fatores genéticos (história
familiar de alergias ou asma). Essa pode
desenvolver-se precocemente e, por isso, quando
uma criança pequena apresenta sintomas
sugestivos da doença, a família deve procurar
acompanhamento médico com o especialista da
área. Como a evolução da doença é muito variável,
apenas este segmento pode indicar qual o
tratamento adequado e por quanto tempo ele
será necessário, pois muitos pacientes que tiveram
o diagnóstico de asma durante a infância,
continuam apresentando os sintomas ao longo
da vida adulta. Por outro lado, existem grupos
de crianças que têm sintomas sugestivos de
asma durante a infância e que, ao longo da vida,
podem apresentar melhora ou resolução desses.
Também é importante salientar que existem
muitas diferenças relacionadas ao diagnóstico
e tratamento das doenças respiratórias entre os
adultos e crianças.
Como a asma se manifesta?
Como disse, atualmente sabemos que a
asma pode manifestar-se de formas muito variáveis.
Alguns pacientes apresentam apenas
tosse como sintoma predominante e mais persistente.
Outros apresentam as manifestações
mais clássicas, que são caracterizadas por crises
de exacerbação da tosse, associada à falta
de ar e chiado no peito (sibilância). Os quadros
mais leves podem ser mais difíceis de serem
diagnosticados e alguns casos podem passar
despercebidos durante anos, até que o paciente
apresente sintomas mais evidentes da doença.
Crises de tosse e desconforto respiratório, durante
atividades físicas e no período noturno,
podem, também, sugerir o diagnóstico de asma.
Qual o risco de um bebê que tem asma e
qual o tratamento?
Alguns bebês, também chamados por nós
de lactentes podem apresentar sinais e sintomas
de asma precocemente. O risco de um bebê
desenvolver a doença ou sintomas relacionados
a essa é aumentado quando apresenta outra doença
alérgica diagnosticada (exemplo, dermatite
atópica e rinite alérgica) e quando existem
outros casos de asma na família, principalmente
em pais e irmãos. O início precoce em creches
e escola e a exposição à fumaça de cigarro
também podem ser responsáveis por quadros
de bronquites nessa idade.
O tratamento varia de acordo com a idade e
com a gravidade dos sintomas. Geralmente usamos
medicações inalatórias, de fácil uso e que,
na grande maioria das vezes, não apresentam
efeitos colaterais. O tratamento reduz muito o
risco de internações, de idas a prontos-socorros
e melhora substancialmente a qualidade de
vida da criança e da família.
A asma tem cura?
A asma é uma doença crônica e não possui
cura. O acompanhamento a longo prazo mostra
que, na grande maioria dos pacientes, ela pode
ser controlada com medicações e mudanças
comportamentais. Por isso, é recomendado que
as crianças com sintomas de asma façam o diagnóstico
e tratamento adequados, evitando complicações
na vida adulta.
O que mais acomete as crianças no inverno?
De um modo geral, no inverno, a rinofaringite
viral ou resfriado comum é a doença respiratória
aguda mais frequente. Muitas pessoas
usam os termos “gripe” e “resfriado” como sinônimos,
o que não é correto. No resfriado comum,
geralmente, os sintomas são mais leves
e caracterizados por tosse inicialmente seca,
coriza, obstrução nasal, febre baixa e dor na garganta.
Tanto a febre, como as dores no corpo e a
dor de cabeça são mais intensos nos quadros de
Gripe ou Influenza. Essa também pode levar à
dificuldade respiratória e complicar com pneumonias.
Por isso, a importância da vacina contra
Influenza nesta época. No inverno, as condições
climáticas favorecem o aumento da circulação
de vírus e, por isso, ocorrem mais exacerbações
de asma e doenças respiratórias infecciosas,
como faringoamigdalites, rinossinusites e
pneumonias, tanto virais quanto bacterianas.
O clima frio e seco e a tendência de maiores
aglomerações de pessoas em casa e em salas de
aulas fechadas aumentam a transmissão dessas
doenças.
Qual a faixa etária em que as crianças
têm mais adoecimentos?
Os lactentes, ou seja, crianças até 2 anos de
idade e os pré-escolares (2- 4 anos) apresentam
quadros respiratórios mais frequentes. Quando
uma criança nessa faixa etária entra na escola,
acaba adoecendo quase que mensalmente,
o que costuma ser um problema e motivo de
preocupação para a família. A grande maioria
dos quadros são de etiologia viral e devem ser
tratados apenas com sintomáticos (analgésicos
e hidratação) e observação da evolução. Além
do resfriado, a bronquiolite viral é bastante
frequente e considerada a principal causa de
internação, nessa época, em menores de 2 anos.
Essa doença pode ser preocupante quando a
criança apresenta algum fator de risco como
prematuridade, cardiopatia congênita ou outra
doença pulmonar, pois podem agravar o quadro
e necessitar de internação prolongada e uso de
oxigênio.
Qual é a idade ideal para uma criança
começar a frequentar a escola?
Na minha opinião e na da grande maioria
dos pediatras e especialistas, as crianças não
deveriam frequentar a escola nos 2 primeiros
anos de vida. Nosso estilo de vida atual, muitas
vezes, não nos permite aguardar esta idade
para que a criança inicie na escola. Antes dos
2 anos, mesmo um resfriado comum tem mais
chance de complicar com uma otite (infecção
do ouvido) e até mesmo com pneumonias. A
grande maioria dos atendimentos em consultórios
pediátricos que nessa época atendo são por
infecções respiratórias recorrentes, causando a
impressão nos pais de que a criança possa apresentar
algum problema imunológico. É muito
comum as mães nos relatarem que seus filhos
têm “baixa resistência”, mas, na grande parte
dos casos, após uma boa história, exame físico e
investigação com exames complementares, não
detectamos problemas imunológicos. Por isso,
a importância da puericultura para orientações
preventivas, como alimentação e vacinação adequadas,
evitando doenças na crianças.