Sapeca n°34
Misto de sapo e perereca Nº 34– Dezembro/2021– Editor: Tonico Soares e-mail: ajaimesoares@hotmail.com
Misto de sapo e perereca
Nº 34– Dezembro/2021– Editor: Tonico Soares
e-mail: ajaimesoares@hotmail.com
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Festa de São Sebastião, Cataguarino/2022, pena que
não tem mais Paulo Fialho vestido como o próprio.
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Millôr realista na Flip 2014 (trechos)
Não sou otimista, mas quando digo que estamos vivendo no melhor dos
tempos, as pessoas não percebem. Um tempo de transição, mas o mundo nunca
foi tão bom. Até 1888 era possível comprar um preto na esquina e carimbá-lo
com o seu nome. Isso mudou. Porém, como disse, não sou otimista. A palavra
poderia ser realista. Entanto, não no sentido negativo, porque quando se fala realista,
em geral se quer dizer, “tá tudo fodido e eu estou vendo a realidade”. Não é
isso. Estou vendo uma realidade em que hoje, no mundo inteiro, tem muito mais
gente usufruindo os bens da vida do que jamais houve. Tem um bilhão de pessoas
passando fome, mas são seis bilhões no planeta. Tem uma classe média hoje
que, se você for muito pessimista, dá 20% da população. Você tem dois bilhões,
ou um bilhão e meio de pessoas vivendo muito bem.
Quando começam a informatizar tudo, as pessoas vão perdendo o emprego.
Mas quando você desemprega milhões de pessoas, na minha visão, ao mesmo
tempo está criando o socialismo. Ou você arranja uma maneira de distribuir melhor
os bens da terra, ou esta porra explode. Nesse momento está explodindo,
mas ou vai explodir de uma vez ou só estamos num período de transição que pode
durar 10, 20, 30 anos. Mas um período de transição.
Da geração de hoje para a minha geração, deve ter tido um aumento de
estatura de 10 centímetros. O garoto de 17, 18 anos, bem alimentado, não tem
mais cárie. A expectativa de vida, que era de 40 anos no início do século XX,
hoje é 80. Além disso, nesse período você praticamente eliminou a dor e criou
hábitos de higiene que atingem todo mundo. Eu me lembro que quando fui pra
Europa a primeira vez, em 1952, hotéis bons só tinham banheiro no corredor.
Acho que nós sempre estivemos a reboque da tecnologia. Hoje, as pessoas
sabem muita coisa porque a informação da televisão é muito grande. Você pega
um programa do Faustão, da Hebe Camargo, tem 30 milhões de pessoas vendo.
Aí é mais fácil você dizer “estão acabando com a cultura. A TV está acabando
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