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edição de 7 de março de 2022

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Como a pan<strong>de</strong>mia afetou?<br />

A Fifa teve prejuízos porque,<br />

além da Copa do Mundo e articulações,<br />

ela cuida do futebol<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 200 fe<strong>de</strong>rações. Não<br />

tinha <strong>de</strong> on<strong>de</strong> tirar dinheiro, ela<br />

<strong>de</strong>u dinheiro, e se <strong>de</strong>scapitalizou<br />

para evitar a solvência do futebol<br />

mundial. Foi um baque. A<br />

proposta <strong>de</strong> fazer Copa do Mundo<br />

<strong>de</strong> dois em dois anos é porque<br />

a Fifa percebeu que precisará<br />

fazer dinheiro. Mesmo assim, a<br />

projeção é ter US$ 6,2 bilhões <strong>de</strong><br />

receita no Catar em <strong>2022</strong>, ante<br />

os US$ 5,3 bilhões na Rússia em<br />

2018, e os US$ 4,8 bilhões no<br />

Brasil em 2014. Os direitos <strong>de</strong> TV<br />

atingiram US$ 3,127 milhões em<br />

2018, ante os US$ 2,484 milhões<br />

em 2014. Já os patrocínios somaentreviStA<br />

Amir Somoggi<br />

especialista em marketing esportivo<br />

e sócio-diretor da Sports Value<br />

Será o Ano do<br />

conSumo <strong>de</strong><br />

conteúdo<br />

O<br />

ano é <strong>de</strong> Copa do Mundo, mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2020 a Covid-19 vem jogando contra a<br />

organizadora do torneio no Catar, que<br />

ocorrerá entre os dias 21 <strong>de</strong> novembro e 18<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro próximos. Segundo o especialista em<br />

marketing esportivo Amir Somoggi, a Fifa teve <strong>de</strong><br />

socorrer fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> vários países, que ficaram<br />

sem as receitas vindas da máquina das competições.<br />

“Foi um baque”, comenta Somoggi. De acordo com o<br />

sócio-diretor da Sports Value, a fortaleza do futebol<br />

mundial acabou <strong>de</strong>scapitalizada e, não à toa, aventa<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir o intervalo do evento para<br />

dois anos. A busca por verbas ainda tenta compensar<br />

o drible <strong>de</strong> marcas que encontram na geração<br />

<strong>de</strong> conteúdo uma forma inteligente <strong>de</strong> entrar na<br />

conversa sem ter <strong>de</strong> pagar patrocínios milionários.<br />

A jogada é limpa, mas ainda precisa <strong>de</strong> treino.<br />

A seguir, Somoggi revela o que as marcas <strong>de</strong>vem<br />

fazer para não dar bola fora.<br />

Janaina Langsdorff<br />

Qual é a tática para atrair investimentos?<br />

Depois das Copas da Coreia<br />

e da Alemanha, o salto ocorreu<br />

quando a Fifa começou a buscar<br />

mercados mais fáceis para<br />

se conseguir patrocínios, como<br />

África do Sul, Brasil, Rússia ou<br />

Catar. Na Europa, o mercado<br />

é mais exigente com questões<br />

<strong>de</strong> compliance. Há interesses<br />

por trás, não é só o esporte. O<br />

marketing esportivo é usado<br />

como ferramenta e não fim. Faz<br />

com que governantes se conheçam.<br />

Patrocinadores também<br />

usam o esporte para aproximação.<br />

No caso dos árabes, tem<br />

essa suavida<strong>de</strong>, o turismo. Mas,<br />

no caso <strong>de</strong> outras nações, po<strong>de</strong><br />

ser negócio puro. Os Estados<br />

Unidos, por exemplo, usaram o<br />

esporte como ferramenta diplomática<br />

para gran<strong>de</strong>s negócios.<br />

ram US$ 1,660 milhão em 2018<br />

e US$ 1,628 milhão em 2014. A<br />

Covid-19 também fez os clubes<br />

sofrerem, mas cada um encara<br />

o momento mais ou menos preparado.<br />

O Real Madrid registrou<br />

um milhão <strong>de</strong> euros <strong>de</strong> lucro no<br />

mesmo ano em que o Barcelona<br />

teve meio milhão <strong>de</strong> prejuízo.<br />

Uns saem estraçalhados, outros<br />

só machucados.<br />

Qual é o potencial <strong>de</strong> audiência?<br />

O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> hiperconexão da<br />

Copa do Mundo é gigantesco. Jogos<br />

das finais po<strong>de</strong>m ser assistidos<br />

por mais <strong>de</strong> 500 milhões <strong>de</strong><br />

casas no mundo. Se você multiplica<br />

esse número por quatro<br />

pessoas em cada domicílio, que<br />

é mais ou menos a média, tem-<br />

-se dois bilhões <strong>de</strong> pessoas. A<br />

Copa da Rússia chegou a uma<br />

audiência <strong>de</strong> três bilhões. Já o<br />

negócio por trás disso, que são<br />

os patrocínios, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da ativação,<br />

porque muitas marcas<br />

não patrocinam, mas acabam<br />

se associando ao evento indiretamente.<br />

Uma das questões que<br />

mais afligem a Fifa são os direitos<br />

<strong>de</strong> transmissão, maior fonte<br />

<strong>de</strong> renda. A transmissão linear,<br />

<strong>de</strong> TV, está crescendo porque<br />

ainda existe <strong>de</strong>manda por esporte<br />

ao vivo. Mas, quando cair, será<br />

difícil estabilizar da mesma maneira.<br />

Os streamings compram,<br />

mas possuem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

venda limitada. A Fifa sabe disso.<br />

Mas se transmitir a Copa na<br />

TV aberta ou fechada não conseguirá<br />

falar com pessoas <strong>de</strong> 18<br />

a 25 anos. É preciso consi<strong>de</strong>rar<br />

plataformas complementares,<br />

que <strong>de</strong>em a chance <strong>de</strong> atingir o<br />

jovem que não vê televisão.<br />

O que a transmissão do Mundial<br />

<strong>2022</strong> terá <strong>de</strong> diferente?<br />

Será o ano do consumo <strong>de</strong> conteúdo.<br />

Estou curioso para ver,<br />

porque o consumo <strong>de</strong> conteúdo<br />

mudou, mas temos o mesmo mo<strong>de</strong>lo<br />

com TV aberta, fechada e ví<strong>de</strong>os<br />

nas re<strong>de</strong>s sociais da Fifa. Talvez,<br />

re<strong>de</strong>s sociais como TikTok e<br />

Facebook façam sentido. Eu montaria<br />

um time <strong>de</strong> influencers, jogadores<br />

e ex-jogadores, para uma<br />

ação <strong>de</strong> entretenimento ao vivo,<br />

além dos 90 minutos do jogo. O<br />

importante é promover a vivên-<br />

cia. O torcedor comum gosta do<br />

matchday, e tudo o que está relacionado<br />

aos bastidores, vestiário,<br />

antes do jogo, o que o jogador comeu,<br />

além da transmissão; e <strong>de</strong><br />

conteúdo exclusivo, mostrando o<br />

atleta jogando vi<strong>de</strong>ogame com o<br />

filho, cozinhando com a mulher,<br />

indo ao pet com o cachorro. É<br />

conteúdo <strong>de</strong> menor impacto com<br />

relação ao jogo, mas não significa<br />

que é <strong>de</strong> baixa qualida<strong>de</strong>, e ainda<br />

é possível levar conteúdo patrocinado.<br />

Essa é uma visão que vai<br />

evoluir. Marcas não patrocinadoras<br />

são maioria e, cada vez mais,<br />

perceberão que não precisam estar<br />

ligadas ao evento.<br />

O mercado sabe patrocinar esporte?<br />

Você coloca a marca na camisa,<br />

bota uma placa, e aí tem <strong>de</strong><br />

ativar. On<strong>de</strong>? Comprando mídia.<br />

Isso não existe mais. Qual mídia<br />

vai comprar? Instagram, YouTube,<br />

Globo? E se a marca não tem<br />

dinheiro para tudo? Aí entra o<br />

data driven. Custo <strong>de</strong> aquisição<br />

<strong>de</strong> clientes, mecanismos e ferramentas<br />

terão <strong>de</strong> ser mensurados<br />

diária ou mensalmente.<br />

Patrocínios caros se transformam<br />

em milhões <strong>de</strong> ativações,<br />

não dá mais para correr o risco<br />

<strong>de</strong> o investimento não voltar em<br />

vendas. Talvez tenha <strong>de</strong> criar QR<br />

co<strong>de</strong>s, chamar influencers, fazer<br />

brinca<strong>de</strong>iras, porque o humor<br />

ven<strong>de</strong>. As pessoas não estão ligadas<br />

ao esporte apenas para<br />

serem campeões, mas também<br />

pela diversão, que engaja, embora<br />

a conversão seja baixa. A tendência<br />

no esporte mundial é que<br />

a marca negocie transmissões,<br />

por exemplo, no seu YouTube ou<br />

site. Estamos falando <strong>de</strong> cotas<br />

altíssimas. É como se a pessoa<br />

que entrar na conta do seu banco<br />

pu<strong>de</strong>sse ver o jogo do Brasil<br />

ao vivo. O custo <strong>de</strong> aquisição do<br />

cliente, um dos principais KPIs<br />

no digital, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito da<br />

história que a marca vai contar.<br />

Mas não adianta ser uma matemática,<br />

precisa ter visão mais<br />

humana, e usar o po<strong>de</strong>r do esporte<br />

como veículo <strong>de</strong> marca.<br />

O que é e o que não é proibido?<br />

Ambush marketing é colocar<br />

uma marca no meio da transmis-<br />

18 7 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark

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