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edição de 7 de março de 2022

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são, por exemplo, na arquibancada,<br />

atrás do gol, on<strong>de</strong> passa<br />

a câmera, e é um uso in<strong>de</strong>vido.<br />

Agora, se a marca pega influencers<br />

que têm milhões <strong>de</strong> fãs,<br />

monta um estúdio ao lado <strong>de</strong> um<br />

estádio, por exemplo, no Catar,<br />

e produz conteúdo 24h, com as<br />

marcas patrocinadoras <strong>de</strong>sses<br />

influenciadores apoiando a cobertura<br />

<strong>de</strong> jantares, baladas e entrevistando<br />

ex-jogadores, não há<br />

infração. A audiência do futebol<br />

nem sempre precisa estar conectada<br />

ao evento.<br />

O que falta para o Brasil?<br />

Criar ROI e consi<strong>de</strong>rar o esporte<br />

como plataforma <strong>de</strong> negócios<br />

e não <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marca,<br />

que não converte. A internet,<br />

os estudos sobre ativações e<br />

mensurações <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s<br />

esportivas provam: o que converte<br />

é conteúdo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

Mas ainda tem gente contando<br />

o centímetro <strong>de</strong> TV, enquanto<br />

todo mundo faz data driven. Só<br />

no Brasil permanecem métricas<br />

ultrapassadas. Coloca-se R$ 10<br />

milhões em uma cota com retorno<br />

<strong>de</strong> R$ 100 milhões em mídia,<br />

e se consi<strong>de</strong>ra isso como ROI. No<br />

meu cálculo, esse valor correspon<strong>de</strong><br />

a um terço do ROI, só vai<br />

trazer um pouco da realida<strong>de</strong>. A<br />

TV ainda po<strong>de</strong> atingir o público<br />

errado. Não existe nada mais assertivo<br />

que o esporte. E o futebol<br />

é genial para isso. Mas falta<br />

formalida<strong>de</strong> na gestão. Quando<br />

tivermos isso, a publicida<strong>de</strong><br />

também vai dar um passo além.<br />

Usa-se muito o futebol como mídia,<br />

mas também é uma forma<br />

<strong>de</strong> a marca não cair <strong>de</strong> cabeça<br />

em uma gestão que, muitas vezes,<br />

é ruim. Espero que a lei das<br />

empresas aju<strong>de</strong>. Vamos esperar<br />

acontecer para po<strong>de</strong>r, então, comemorar.<br />

Como valorizar um patrocínio?<br />

Tem essa nova legislação da<br />

Socieda<strong>de</strong> Anônima do Futebol,<br />

para a transformação dos clubes<br />

em empresas. No México, por<br />

exemplo, os clubes já são geridos<br />

por empresas, e eles não ven<strong>de</strong>m<br />

o espaço publicitário nas<br />

camisas tão barato quanto aqui.<br />

“Falta<br />

consi<strong>de</strong>rar<br />

o esporte<br />

como<br />

plataForma<br />

<strong>de</strong> negócios<br />

e não <strong>de</strong><br />

visibilida<strong>de</strong>”<br />

Divulgação<br />

Lá, o volume <strong>de</strong> dinheiro da publicida<strong>de</strong><br />

é mais caro, o próprio<br />

mercado publicitário mexicano<br />

é mais valioso, até pela questão<br />

da audiência vinda dos Estados<br />

Unidos. Isso ajuda. Claro que<br />

uma empresa bem administrada<br />

vale mais. Um clube bem administrado<br />

tem <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r um<br />

patrocínio melhor. O Flamengo<br />

vendia patrocínios muito melhores<br />

do que ven<strong>de</strong> hoje porque,<br />

melhor administrado, vale<br />

mais. No entanto, ainda é algo<br />

aquém do que po<strong>de</strong>ria ser.<br />

O futebol <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser machista<br />

um dia?<br />

O futebol brasileiro é mais<br />

conservador que a própria socieda<strong>de</strong><br />

brasileira. Isso existe no<br />

esporte, em geral, mas o futebol<br />

é ainda mais arcaico, e pouco<br />

antenado com o que há <strong>de</strong> mais<br />

mo<strong>de</strong>rno. O mundo do esporte,<br />

porém, acena para questões <strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> e igualda<strong>de</strong>. Ídolos<br />

como LeBron James e Lewis Hamilton<br />

já ocupam espaço maior<br />

que a própria Fifa sobre temas<br />

<strong>de</strong> humanida<strong>de</strong>. Estudos mostram<br />

que o espaço ocupado pela<br />

fala dos atletas <strong>de</strong>ve triplicar nos<br />

próximos anos. É o ídolo que<br />

produz relação <strong>de</strong> valor hoje.<br />

Quem não investir em projetos<br />

com ídolos terá um impacto menor.<br />

Iniciativas do esporte nas<br />

comunida<strong>de</strong>s também ganham<br />

cada vez mais espaço <strong>de</strong>vido<br />

à sensação <strong>de</strong> pertencimento.<br />

O mercado publicitário precisa<br />

a<strong>de</strong>rir a isso. Marcas <strong>de</strong>vem<br />

construir um storytelling real. O<br />

que ven<strong>de</strong> é a autenticida<strong>de</strong> da<br />

história que ela conta.<br />

“não existe<br />

nada mais<br />

assertivo<br />

que o<br />

esporte”<br />

Há um choque <strong>de</strong> cultura?<br />

Hoje, 70% dos jovens <strong>de</strong> até<br />

20 anos preferem marcas socialmente<br />

engajadas com suas<br />

causas. Há atletas que já faturam<br />

mais com Instagram. 72% dos<br />

jovens brasileiros têm um time<br />

europeu, e a Liga que mais tem<br />

penetração no Brasil é a NBA.<br />

Os mais jovens, nem time europeu<br />

querem. O jovem <strong>de</strong> 16 anos<br />

não quer mais saber <strong>de</strong> futebol.<br />

Quando as marcas perceberem<br />

que o torcedor <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 40<br />

anos está, muitas vezes, no perfil<br />

do reacionário, antiquado, verá<br />

que não vai dar mais para aten<strong>de</strong>r<br />

a esse público, carregar esse<br />

discurso, que inviabiliza a captação<br />

<strong>de</strong> recursos no exterior. Po<strong>de</strong>mos<br />

ver cada vez mais clubes<br />

recusando certos patrocinadores<br />

porque o próprio consumidor<br />

vai exigir propósito. No automobilismo,<br />

que tem gran<strong>de</strong>s<br />

patrocínios técnicos, antes uma<br />

empresa testava o seu combustível<br />

para transmitir percepção<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Hoje, se ela polui,<br />

será cobrada. O que faz para investir<br />

em energias renováveis?<br />

A interrogação insiste na cabeça<br />

<strong>de</strong> marcas que não estavam preparadas<br />

para esse tipo <strong>de</strong> questionamento.<br />

jornal propmark - 7 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 19

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