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Foto: divulgação<br />

ESPAÇO ABERTO<br />

Crise energética<br />

E ESG<br />

Por Luiz Marcatti e Herbert Steinberg,<br />

respectivamente, sócio e presidente<br />

e sócio, fundador e presidente do<br />

conselho da MESA Corporate Governance<br />

Buscar soluções e analisar<br />

o quadro geral com clareza<br />

é chave para o sucesso<br />

diante de um ambiente<br />

hostil<br />

66 www.referenciaflorestal.com.br<br />

O<br />

s intensos debates sobre o desenvolvimento sustentável<br />

têm impulsionado as sociedades, as empresas, as organizações<br />

e os governos a pensarem em ações realmente<br />

efetivas para se alcançar esse objetivo. Os desafios têm<br />

escala global, e, como tal, envolvem tentativas de acordos<br />

e alinhamentos das economias quanto ao uso de recursos naturais, com as<br />

esperadas resistências de algumas partes. De qualquer maneira, a agenda<br />

tem avançado, com uma visível mudança de comportamento das empresas,<br />

que a cada dia mais adotam diretrizes ESG (Ambiental, Social e Governança,<br />

em inglês), para responder às exigências de investidores e consumidores.<br />

Ocorre que as transformações de fato significativas dependem de uma<br />

mudança estrutural, que inclui a substituição gradativa dos combustíveis<br />

fósseis por energia obtida de fontes limpas.<br />

É nesse contexto internacional de descarbonização, que o Brasil agora<br />

se vê, pela terceira vez neste século, inseguro para garantir o pleno abastecimento<br />

de energia para a população e para as empresas. Não falta competência<br />

técnica dos operadores do sistema elétrico nacional - herança do<br />

aprimoramento de novas tecnologias desenvolvidas nas últimas décadas -,<br />

e o país também conta com avanços no monitoramento das redes, melhor<br />

gerenciamento remoto e um eficiente sistema de supervisão e controle. A<br />

excessiva dependência brasileira da matriz hídrica para a geração de energia<br />

elétrica faz com que a maioria das ações contra crises de abastecimento<br />

seja pontual. Não por acaso, é comum que as preocupações girem em<br />

torno das previsões climáticas. A despeito dos avanços na geração e na distribuição<br />

de energia, sabe-se que dar atenção apenas a problemas sazonais<br />

não é uma boa estratégia no enfrentamento de situações como uma crise<br />

aguda de curto prazo de temas de mais amplo alcance, como mudanças<br />

climáticas, transição energética e descarbonização.<br />

Algumas preocupações devem entrar no radar dos conselhos de administração<br />

e das instâncias corporativas encarregadas do direcionamento<br />

estratégico das empresas. Na avaliação dele, torna-se cada vez mais importante<br />

antecipar prováveis demandas que surgirão no âmbito da transição<br />

energética para novas fontes. Os desdobramentos de acordos como o da<br />

COP 26, recentemente encerrada, e as tensões entre os estados nacionais<br />

são uma demonstração de que os problemas são multifacetados, o que exige<br />

respostas. Esse é um dos motivos pelos quais as empresas devem estar<br />

preparadas em termos de governança. É bastante provável que, nessa nova<br />

dinâmica global, seja necessário cumprir regras estabelecidas por organismos<br />

multilaterais e em meio a um cenário de tensões geopolíticas.<br />

A dimensão social do ESG tem uma inevitável correlação com o desenvolvimento<br />

sustentável. Diante da velocidade vertiginosa das transformações<br />

em curso no mundo, as empresas têm o desafio da requalificação e<br />

recolocação de capital humano, que impacta também na empregabilidade,<br />

renda e saúde - no S, portanto. No Brasil, se não é possível ignorar os problemas<br />

e incertezas das próximas décadas, tampouco se deve desconsiderar<br />

o que pode ser feito agora.<br />

Do ponto de vista do fornecimento de energia elétrica, o Brasil deve<br />

adotar variadas fontes e soluções durante a transição - como o biocombustível<br />

- e se aproveitar do crescimento exponencial das novas tecnologias,<br />

que abrem espaço para hidrogênio verde e produção de energia eólica e<br />

solar. A diversificação significa uma geração distribuída de menor porte e<br />

descentralizada. Essa estratégia não resolve todos os problemas, mas reforça<br />

o portfólio, incentiva a inovação e a ruptura tecnológica necessárias à<br />

formação de alternativas descarbonificadas.

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