Florestal_238Web
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Foto: divulgação<br />
ESPAÇO ABERTO<br />
Crise energética<br />
E ESG<br />
Por Luiz Marcatti e Herbert Steinberg,<br />
respectivamente, sócio e presidente<br />
e sócio, fundador e presidente do<br />
conselho da MESA Corporate Governance<br />
Buscar soluções e analisar<br />
o quadro geral com clareza<br />
é chave para o sucesso<br />
diante de um ambiente<br />
hostil<br />
66 www.referenciaflorestal.com.br<br />
O<br />
s intensos debates sobre o desenvolvimento sustentável<br />
têm impulsionado as sociedades, as empresas, as organizações<br />
e os governos a pensarem em ações realmente<br />
efetivas para se alcançar esse objetivo. Os desafios têm<br />
escala global, e, como tal, envolvem tentativas de acordos<br />
e alinhamentos das economias quanto ao uso de recursos naturais, com as<br />
esperadas resistências de algumas partes. De qualquer maneira, a agenda<br />
tem avançado, com uma visível mudança de comportamento das empresas,<br />
que a cada dia mais adotam diretrizes ESG (Ambiental, Social e Governança,<br />
em inglês), para responder às exigências de investidores e consumidores.<br />
Ocorre que as transformações de fato significativas dependem de uma<br />
mudança estrutural, que inclui a substituição gradativa dos combustíveis<br />
fósseis por energia obtida de fontes limpas.<br />
É nesse contexto internacional de descarbonização, que o Brasil agora<br />
se vê, pela terceira vez neste século, inseguro para garantir o pleno abastecimento<br />
de energia para a população e para as empresas. Não falta competência<br />
técnica dos operadores do sistema elétrico nacional - herança do<br />
aprimoramento de novas tecnologias desenvolvidas nas últimas décadas -,<br />
e o país também conta com avanços no monitoramento das redes, melhor<br />
gerenciamento remoto e um eficiente sistema de supervisão e controle. A<br />
excessiva dependência brasileira da matriz hídrica para a geração de energia<br />
elétrica faz com que a maioria das ações contra crises de abastecimento<br />
seja pontual. Não por acaso, é comum que as preocupações girem em<br />
torno das previsões climáticas. A despeito dos avanços na geração e na distribuição<br />
de energia, sabe-se que dar atenção apenas a problemas sazonais<br />
não é uma boa estratégia no enfrentamento de situações como uma crise<br />
aguda de curto prazo de temas de mais amplo alcance, como mudanças<br />
climáticas, transição energética e descarbonização.<br />
Algumas preocupações devem entrar no radar dos conselhos de administração<br />
e das instâncias corporativas encarregadas do direcionamento<br />
estratégico das empresas. Na avaliação dele, torna-se cada vez mais importante<br />
antecipar prováveis demandas que surgirão no âmbito da transição<br />
energética para novas fontes. Os desdobramentos de acordos como o da<br />
COP 26, recentemente encerrada, e as tensões entre os estados nacionais<br />
são uma demonstração de que os problemas são multifacetados, o que exige<br />
respostas. Esse é um dos motivos pelos quais as empresas devem estar<br />
preparadas em termos de governança. É bastante provável que, nessa nova<br />
dinâmica global, seja necessário cumprir regras estabelecidas por organismos<br />
multilaterais e em meio a um cenário de tensões geopolíticas.<br />
A dimensão social do ESG tem uma inevitável correlação com o desenvolvimento<br />
sustentável. Diante da velocidade vertiginosa das transformações<br />
em curso no mundo, as empresas têm o desafio da requalificação e<br />
recolocação de capital humano, que impacta também na empregabilidade,<br />
renda e saúde - no S, portanto. No Brasil, se não é possível ignorar os problemas<br />
e incertezas das próximas décadas, tampouco se deve desconsiderar<br />
o que pode ser feito agora.<br />
Do ponto de vista do fornecimento de energia elétrica, o Brasil deve<br />
adotar variadas fontes e soluções durante a transição - como o biocombustível<br />
- e se aproveitar do crescimento exponencial das novas tecnologias,<br />
que abrem espaço para hidrogênio verde e produção de energia eólica e<br />
solar. A diversificação significa uma geração distribuída de menor porte e<br />
descentralizada. Essa estratégia não resolve todos os problemas, mas reforça<br />
o portfólio, incentiva a inovação e a ruptura tecnológica necessárias à<br />
formação de alternativas descarbonificadas.