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opinião<br />
Riki32/Pixabay<br />
o campo fértil<br />
do metaverso<br />
para as marcas<br />
Vitor KnijniK<br />
Dilemas tecnológicos ou fenômenos<br />
culturais? A criativida<strong>de</strong> tecnológica<br />
se tornou padrão nas gran<strong>de</strong>s economias<br />
mundiais. Vamos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ferramentas - como<br />
o Zoom, que se tornou parte <strong>de</strong> nossas<br />
vidas -, novas re<strong>de</strong>s sociais - algumas que<br />
<strong>de</strong>colam e outras que não se sustentam, vi<strong>de</strong><br />
Clubhouse - e até novos terrenos, como<br />
o metaverso, que será o assunto <strong>de</strong>ste texto,<br />
visto que, por ser um lugar ainda pouco<br />
explorado, dúvidas sobre como agir e o que<br />
fazer por lá pairam não só na cabeça das<br />
pessoas, mas também para as marcas.<br />
O metaverso, o mundo virtual mais comentado<br />
neste ano, replica a realida<strong>de</strong> (e<br />
ou cria outras) através <strong>de</strong> dispositivos digitais.<br />
Um universo em ascensão que ainda<br />
nem mostrou direito a que veio,<br />
mas, os dados estão aí para nos<br />
mostrar que seu crescimento é<br />
irrefreável: a Bloomberg Intelligence<br />
calcula que a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> mercado para o metaverso<br />
po<strong>de</strong> atingir US$ 800 bilhões<br />
até 2024. Além disso, metaverso<br />
está na lista <strong>de</strong> 14 tecnologias<br />
que vão revolucionar a nossa vida,<br />
do Bank of America.<br />
Mas por mais novo que seja,<br />
já temos prece<strong>de</strong>ntes que<br />
nos ensinam sobre boas práticas. Não são<br />
aprendizados difíceis <strong>de</strong> se chegar, po<strong>de</strong>m<br />
inclusive parecerem óbvios, mas é necessário<br />
se <strong>de</strong>bruçar sobre esses exemplos e<br />
tentar refletir sobre o que funcionou e o<br />
que nem tanto. O Lego Group, ao lado da<br />
Epic Game, dona do Fortnite, criou um espaço<br />
para que famílias e crianças estejam<br />
presentes no metaverso: a intenção é engajar<br />
esse público na experiência digital,<br />
tornando-se um espaço seguro para que<br />
eles <strong>de</strong>sfrutem <strong>de</strong>sse universo. Construiu<br />
um ambiente inclusivo, responsável, on<strong>de</strong><br />
a marca atua <strong>de</strong> forma consciente e alinhada<br />
com o zeitgeist do século 21. Ou seja,<br />
uma marca que, assim como todas, enten<strong>de</strong><br />
perfeitamente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar<br />
em ambientes digitais, mas, ao se inserir<br />
“A gerAção<br />
<strong>de</strong> vAlor dA<br />
MArCA No<br />
MuNdo reAl<br />
preCisA se<br />
esteN<strong>de</strong>r<br />
pArA<br />
quAlquer<br />
lugAr”<br />
neste novo ambiente, ressaltou: “... temos<br />
a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> torná-los seguros,<br />
inspiradores e benéficos para todos. Assim<br />
como protegemos os direitos das crianças<br />
ao brincar no mundo físico por gerações,<br />
estamos comprometidos em fazer o mesmo<br />
com o brincar digital.” Niels Christiansen,<br />
CEO da Lego Group, para a Forbes Brasil.<br />
Vimos também a TBWA Paris apresentar<br />
o primeiro morador <strong>de</strong> rua no metaverso<br />
para uma campanha da Re<strong>de</strong> Entourage.<br />
A ação aponta o paradoxo entre os investimentos<br />
milionários que abundam no mundo<br />
virtual, mas que faltam no real. A crítica<br />
tem respaldo na realida<strong>de</strong>. Ao mesmo tempo<br />
que gran<strong>de</strong>s investimentos acontecem<br />
no mundo virtual, a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social<br />
nunca foi tão gran<strong>de</strong>. O morador <strong>de</strong> rua,<br />
Will, está ali para chamar atenção para a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidar dos excluídos<br />
da vida real.<br />
Por outro lado, é uma ação <strong>de</strong><br />
gosto duvidoso, uma vez que replica<br />
no metaverso uma das chagas<br />
da humanida<strong>de</strong>, acaba por<br />
perpetuar o problema, mesmo<br />
que <strong>de</strong> forma simbólica. Além<br />
disso, fica sempre aquela dúvida<br />
se esse tipo <strong>de</strong> ação visa mais<br />
a promoção dos autores ou da<br />
causa que comunica. A geração<br />
<strong>de</strong> valor que uma marca cria no<br />
mundo real precisa se esten<strong>de</strong>r para qualquer<br />
lugar. Seja com ações pontuais, campanhas<br />
always on, produtos ou ativações,<br />
tudo precisa ser inclusivo, responsável,<br />
consciente e com propósito. Marcas não<br />
são mais apenas ven<strong>de</strong>doras <strong>de</strong> produtos,<br />
elas são influenciadoras importantes, são<br />
agentes fundamentais na promoção <strong>de</strong><br />
mudanças <strong>de</strong> comportamento. O resumo<br />
da ópera é simples: vale para o metaverso<br />
o que vale para o verso: enten<strong>de</strong>r e observar<br />
as melhores regras <strong>de</strong> convivência, que<br />
po<strong>de</strong>m variar <strong>de</strong> ambiente em ambiente,<br />
mas que sempre <strong>de</strong>verão se orientar pelo<br />
que enten<strong>de</strong>mos, sem consultar qualquer<br />
constituição ou código <strong>de</strong> conduta, sobre<br />
o que é certo e o que é errado. Em outras<br />
palavras, o bom senso.<br />
Vitor Knijnik, co-CEO & Partner da Re<strong>de</strong> Snack,<br />
empresa <strong>de</strong> social vi<strong>de</strong>o da B&Partners.co<br />
vitor@re<strong>de</strong>snack.com.br<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 15