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Em Defesa da Ação Católica<br />
Entretanto, apresentado o projeto,<br />
D. José não o aprovou nem reprovou,<br />
deixou tudo mais ou menos no ar.<br />
Percebi, com isso, a completa inviabilidade<br />
do plano e deixei-o de lado.<br />
Declaração de princípios<br />
da Ação Católica<br />
No ano de 1940 D. José já se encontrava<br />
instalado e a luta velada entre<br />
nós estava começando a se definir.<br />
Em determinado momento, levamos<br />
a ele uma declaração de princípios<br />
a respeito da Ação Católica,<br />
pedindo-lhe sua aprovação.<br />
Lemos o documento para D. José<br />
e o nosso objetivo era o seguinte: se<br />
ele aprovasse, seria obrigado a aceitar<br />
um conjunto de princípios que<br />
justificava a nossa política e, então,<br />
não poderia romper conosco. Se rejeitasse,<br />
pôr-se-ia como inimigo dessa<br />
orientação e se desmascararia.<br />
Apresentamos essa declaração<br />
durante uma reunião da Junta Arquidiocesana<br />
da Ação Católica num<br />
ambiente de muita cortesia, mas pesado<br />
de cortar com faca. D. José<br />
Gaspar, com o olhar perdido no vago,<br />
perguntou ao Pe. Mayer:<br />
— Bem, o senhor<br />
quer mesmo publicar<br />
isso aí?<br />
— Parece-me uma<br />
coisa verdadeira – respondeu<br />
o Pe. Mayer.<br />
— Se lhe parece assim,<br />
publique em seu<br />
nome.<br />
O que significava:<br />
“Arque com as consequências,<br />
eu não tenho<br />
nada com isso.” Era<br />
um modo de se esquivar<br />
e de fazer cair sobre<br />
nós toda a responsabilidade.<br />
Naturalmente,<br />
se não fosse de<br />
arcebispo para nós e<br />
sim de igual para igual,<br />
nós diríamos: “Tenha<br />
Divulgação<br />
paciência! O senhor está desejando<br />
um disparate. O assistente eclesiástico<br />
é seu representante e não pode<br />
publicar em nome dele um documento<br />
que o Arcebispo não quer.<br />
Ou o Arcebispo quer, ou não quer.”<br />
Mas o Pe. Mayer disse:<br />
— Está bem.<br />
No dia seguinte, saiu pelos jornais:<br />
“De ordem do Sr. Arcebispo<br />
Metropolitano…”<br />
Primeiros escândalos<br />
litúrgicos em Taubaté<br />
Em meio a essa conjuntura fomos<br />
servidos por um acontecimento em<br />
Taubaté. Havia lá um grupo de padres<br />
litúrgicos, os quais levaram a sarabanda<br />
a tal ponto que chegaram a realizar<br />
os atos de culto de um modo quase comunista.<br />
Eles faziam cerimônias da seguinte<br />
forma: não celebravam mais as<br />
Missas nos altares, mas em redor de<br />
uma mesa de copa, para ser caracteristicamente<br />
mesa, colocando-a no centro<br />
da nave, com todos os bancos afastados<br />
e cadeiras em volta, como numa<br />
refeição. Ali se dava a celebração, com<br />
todo o pessoal sentado em torno, para<br />
dar ideia de um banquete.<br />
Monsenhor João José de Azevedo<br />
Nenhuma imagem no local, a<br />
não ser um pequeno crucifixo sobre<br />
a mesa, porque o Código de Direito<br />
Canônico obriga. A comunidade<br />
cristã reunida em torno do padre,<br />
deputado pela comunidade, para<br />
oferecer o sacrifício. Na hora do<br />
Ofertório, todos os que iam comungar<br />
levavam uma partícula na mão<br />
para que o padre consagrasse.<br />
Acrescentavam-se a isso os ditos<br />
incríveis de membros da Ação Católica,<br />
sustentando que todos eles deveriam<br />
frequentar lugares de perdição;<br />
enfim, loucuras de todo tamanho.<br />
No tempo em que a cidade era<br />
pequena, esses desmandos puseram<br />
Taubaté em polvorosa.<br />
Ataque ao Movimento<br />
Litúrgico<br />
Nessa ocasião, a sede episcopal de<br />
Taubaté ficou vacante e foi eleito, por<br />
coincidência, um amigo meu, Mons.<br />
João José de Azevedo 14 , vigário de<br />
Pindamonhangaba. Era um homem<br />
decidido, perspicaz, inteligente.<br />
O braço direito de Mons. João era<br />
um padre de São José dos Campos,<br />
Mons. Ascânio Brandão 16 . Foi essa<br />
dupla que deu o primeiro<br />
golpe frontal no<br />
Movimento Litúrgico<br />
no Brasil. A coisa foi<br />
assim:<br />
Mons. Ascânio era<br />
capelão de uma congregação<br />
religiosa feminina<br />
diocesana de Taubaté,<br />
Irmãzinhas de Maria<br />
Imaculada. Foi fundada<br />
por uma de minhas primas,<br />
Madre Teresa, que<br />
eu conheço muito pouco.<br />
Ela chamou Mons.<br />
Ascânio e lhe perguntou<br />
se ele não estava<br />
notando algo esquisito<br />
naquele grupo. Mons.<br />
Ascânio deu-se conta<br />
dos muitos desvios<br />
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