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Revista Dr Plinio 300

Março de 2023

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Em Defesa da Ação Católica<br />

Entretanto, apresentado o projeto,<br />

D. José não o aprovou nem reprovou,<br />

deixou tudo mais ou menos no ar.<br />

Percebi, com isso, a completa inviabilidade<br />

do plano e deixei-o de lado.<br />

Declaração de princípios<br />

da Ação Católica<br />

No ano de 1940 D. José já se encontrava<br />

instalado e a luta velada entre<br />

nós estava começando a se definir.<br />

Em determinado momento, levamos<br />

a ele uma declaração de princípios<br />

a respeito da Ação Católica,<br />

pedindo-lhe sua aprovação.<br />

Lemos o documento para D. José<br />

e o nosso objetivo era o seguinte: se<br />

ele aprovasse, seria obrigado a aceitar<br />

um conjunto de princípios que<br />

justificava a nossa política e, então,<br />

não poderia romper conosco. Se rejeitasse,<br />

pôr-se-ia como inimigo dessa<br />

orientação e se desmascararia.<br />

Apresentamos essa declaração<br />

durante uma reunião da Junta Arquidiocesana<br />

da Ação Católica num<br />

ambiente de muita cortesia, mas pesado<br />

de cortar com faca. D. José<br />

Gaspar, com o olhar perdido no vago,<br />

perguntou ao Pe. Mayer:<br />

— Bem, o senhor<br />

quer mesmo publicar<br />

isso aí?<br />

— Parece-me uma<br />

coisa verdadeira – respondeu<br />

o Pe. Mayer.<br />

— Se lhe parece assim,<br />

publique em seu<br />

nome.<br />

O que significava:<br />

“Arque com as consequências,<br />

eu não tenho<br />

nada com isso.” Era<br />

um modo de se esquivar<br />

e de fazer cair sobre<br />

nós toda a responsabilidade.<br />

Naturalmente,<br />

se não fosse de<br />

arcebispo para nós e<br />

sim de igual para igual,<br />

nós diríamos: “Tenha<br />

Divulgação<br />

paciência! O senhor está desejando<br />

um disparate. O assistente eclesiástico<br />

é seu representante e não pode<br />

publicar em nome dele um documento<br />

que o Arcebispo não quer.<br />

Ou o Arcebispo quer, ou não quer.”<br />

Mas o Pe. Mayer disse:<br />

— Está bem.<br />

No dia seguinte, saiu pelos jornais:<br />

“De ordem do Sr. Arcebispo<br />

Metropolitano…”<br />

Primeiros escândalos<br />

litúrgicos em Taubaté<br />

Em meio a essa conjuntura fomos<br />

servidos por um acontecimento em<br />

Taubaté. Havia lá um grupo de padres<br />

litúrgicos, os quais levaram a sarabanda<br />

a tal ponto que chegaram a realizar<br />

os atos de culto de um modo quase comunista.<br />

Eles faziam cerimônias da seguinte<br />

forma: não celebravam mais as<br />

Missas nos altares, mas em redor de<br />

uma mesa de copa, para ser caracteristicamente<br />

mesa, colocando-a no centro<br />

da nave, com todos os bancos afastados<br />

e cadeiras em volta, como numa<br />

refeição. Ali se dava a celebração, com<br />

todo o pessoal sentado em torno, para<br />

dar ideia de um banquete.<br />

Monsenhor João José de Azevedo<br />

Nenhuma imagem no local, a<br />

não ser um pequeno crucifixo sobre<br />

a mesa, porque o Código de Direito<br />

Canônico obriga. A comunidade<br />

cristã reunida em torno do padre,<br />

deputado pela comunidade, para<br />

oferecer o sacrifício. Na hora do<br />

Ofertório, todos os que iam comungar<br />

levavam uma partícula na mão<br />

para que o padre consagrasse.<br />

Acrescentavam-se a isso os ditos<br />

incríveis de membros da Ação Católica,<br />

sustentando que todos eles deveriam<br />

frequentar lugares de perdição;<br />

enfim, loucuras de todo tamanho.<br />

No tempo em que a cidade era<br />

pequena, esses desmandos puseram<br />

Taubaté em polvorosa.<br />

Ataque ao Movimento<br />

Litúrgico<br />

Nessa ocasião, a sede episcopal de<br />

Taubaté ficou vacante e foi eleito, por<br />

coincidência, um amigo meu, Mons.<br />

João José de Azevedo 14 , vigário de<br />

Pindamonhangaba. Era um homem<br />

decidido, perspicaz, inteligente.<br />

O braço direito de Mons. João era<br />

um padre de São José dos Campos,<br />

Mons. Ascânio Brandão 16 . Foi essa<br />

dupla que deu o primeiro<br />

golpe frontal no<br />

Movimento Litúrgico<br />

no Brasil. A coisa foi<br />

assim:<br />

Mons. Ascânio era<br />

capelão de uma congregação<br />

religiosa feminina<br />

diocesana de Taubaté,<br />

Irmãzinhas de Maria<br />

Imaculada. Foi fundada<br />

por uma de minhas primas,<br />

Madre Teresa, que<br />

eu conheço muito pouco.<br />

Ela chamou Mons.<br />

Ascânio e lhe perguntou<br />

se ele não estava<br />

notando algo esquisito<br />

naquele grupo. Mons.<br />

Ascânio deu-se conta<br />

dos muitos desvios<br />

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