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Revista Dr Plinio 300

Março de 2023

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III. O lance profético<br />

consultá-lo, embora eu não tivesse a<br />

mínima obrigação, pois ele era assistente<br />

eclesiástico de um setor e eu<br />

presidente da Junta Arquidiocesana.<br />

Lembro-me de que, quando<br />

os mal-entendidos entre<br />

nós estavam muito grandes,<br />

com algumas intrigas pelo<br />

meio, combinei com ele<br />

e D. Teodoro que nunca<br />

um de nós tomaria atitude<br />

contra o outro sem antes<br />

avisar e consultar para<br />

ver se a divergência podia<br />

ser desfeita.<br />

Obtenção do<br />

prefácio, conversas<br />

com um hábil jesuíta<br />

Inspetoria Salesiana de São Paulo<br />

Núncio Apostólico<br />

D. Benedetto Aloisi Masella.<br />

Ao lado: fac-símiles de seu<br />

prefácio ao livro Em Defesa<br />

da Ação Católica<br />

Entretanto, eu me dava<br />

bem conta de que a publicação<br />

do livro seria um estouro<br />

do outro mundo e corresponderia<br />

à obra de um kamikaze. Eu destruiria<br />

o adversário, mas me destruiria<br />

também. Era, portanto, uma autoimolação.<br />

Marquei um encontro com o Pe.<br />

Dainese e lhe disse:<br />

— Pe. Dainese, não tenho a menor<br />

dúvida de que esse livro vá ser<br />

uma explosão e que com essa explosão<br />

eu me liquido. Estou disposto<br />

a essa liquidação se for em condições<br />

de representar uma bomba<br />

para o adversário. Porque, eu me liquidar<br />

em vão, não. Liquidar-me em<br />

proveito de nossa Causa, com toda<br />

a alegria. Esse livro só sairá se tiver<br />

um prefácio do Núncio Apostólico.<br />

Sem isso, o livro não sai.<br />

— Oh, mas com um prefácio do<br />

Núncio Apostólico, onde é que se<br />

viu…<br />

— É assim. Se não for, não sai.<br />

— Eu não sei, preciso falar com o<br />

Sr. Núncio.<br />

Algum tempo depois, encontramo-nos<br />

no Rio, na linda casa de retiros<br />

que os jesuítas tinham na Gávea.<br />

Ele era homem inteligente, mas nervoso.<br />

Era preciso saber tratá-lo, conversar<br />

muito com ele, distraí-lo, diverti-lo;<br />

quando ele estava no ponto,<br />

entrava-se com a questão.<br />

A certa altura da conversa, ele me<br />

disse:<br />

— O Núncio prometeu o prefácio.<br />

— Está perfeito, Pe. Dainese.<br />

Fiquei mais uns dois ou três dias<br />

no Rio. Em outro encontro, na Gávea,<br />

estávamos andando, um ao lado<br />

do outro, quando ele ponderou:<br />

— Sabe de uma coisa? Eu achava<br />

melhor não haver prefácio do Núncio.<br />

Porque com esse prefácio ninguém<br />

poderá escrever contra seu livro<br />

e seria muito melhor que saísse<br />

um estouro, e que todo mundo escrevesse<br />

contra.<br />

— Pe. Dainese, a coisa é sim ou<br />

não. Ou sai com o prefácio do Núncio<br />

ou não sai nada. Essa história de<br />

dizer que sai um estouro... Vão começar<br />

por fazer uma campanha de<br />

silêncio seguida de difamação oral<br />

contra mim, dizendo que meu livro<br />

não vai ter saída. Enquanto que com<br />

um prefácio do Núncio o livro tem<br />

saída. Eu me incumbo disso.<br />

— Bem, se o senhor quer, então<br />

chega o prefácio.<br />

É preciso dizer que o Pe. Dainese<br />

era um dos jesuítas mais pitorescos<br />

que conheci, muito parecido fisicamente<br />

com Santo Inácio de Loyola.<br />

Sutil, baixinho, com aquela vivacidade<br />

e capacidade de estar por toda parte,<br />

de se meter por tudo, de observar tu-<br />

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