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Em Defesa da Ação Católica<br />
do, e aquele brilho que muitas vezes<br />
as pessoas bem pequenas têm. Dava a<br />
impressão do jesuíta da escola clássica,<br />
do tempo de Santo Inácio, jeitoso, cavador.<br />
Afinal, conseguiu o prefácio.<br />
Manifestações de amizade<br />
e os dois prefácios do<br />
Núncio Apostólico<br />
Por ocasião do Congresso Eucarístico<br />
Nacional de 1942 3 , o Núncio<br />
esteve em São Paulo e fomos fazer<br />
uma reportagem com ele. Em determinado<br />
momento, ele nos<br />
disse:<br />
— Eu gosto muito do<br />
Legionário. Deem-me um<br />
número do jornal que eu<br />
quero ser fotografado lendo<br />
um exemplar.<br />
Era um modo de fazer<br />
propaganda do Legionário<br />
e nos dar prestígio.<br />
Depois me disse que estava<br />
disposto a conceder o<br />
prefácio para o meu livro,<br />
de acordo com o pedido<br />
do Pe. Dainese, e para isso<br />
precisava lê-lo. Levei uma<br />
cópia datilografada para<br />
ele. Era um dossiê grande,<br />
ele segurou e disse:<br />
— Oh, mas quanta dedicação<br />
escrever tudo isso!<br />
E levou o livro para ler.<br />
Passado certo tempo,<br />
chega-me pelo correio um<br />
envelope da Nunciatura<br />
com o prefácio do Núncio<br />
acompanhado de uma carta<br />
do Pe. Dainese onde ele<br />
dizia: “O Sr. Núncio tomou<br />
conhecimento de seu livro e<br />
manda-lhe este prefácio...”<br />
Um prefácio curtinho e<br />
pouco expressivo, de quem<br />
quer empurrar as castanhas<br />
para dentro do fogo, mas<br />
sem queimar os dedos.<br />
Telefonei para o Rio de<br />
Janeiro:<br />
Divulgação<br />
D. José Gaspar no Palácio Episcopal<br />
— Pe. Dainese, recebi o prefácio<br />
do Núncio, mas o achei muito pouco<br />
significativo, e não me dá o apoio de<br />
que eu precisava.<br />
— Mas foi o que eu consegui.<br />
— Lamento, mas então o livro<br />
não vai sair. Porque, ou o livro contém<br />
um bom apoio do Núncio ou<br />
não há condições para publicá-lo,<br />
pois seria um sacrifício inútil.<br />
— Então não sei o que fazer.<br />
Mande-me de volta o prefácio.<br />
Eu mandei e dali a uns tantos dias<br />
chegou-me um novo prefácio contendo<br />
o mínimo, mas todo o indispensável<br />
para ser um apoio.<br />
Acrescentei o prefácio ao dossiê e<br />
pensei: “Agora é o momento de falar<br />
ao Arcebispo. Não posso publicar<br />
esse livro como presidente da Ação<br />
Católica sem consultá-lo.”<br />
Licença para o “imprimatur”,<br />
encontro com D. José Gaspar<br />
Pedi imediatamente uma audiência<br />
a D. José Gaspar e comuniquei-lhe<br />
meu desejo de ter o imprimatur dele<br />
para meu livro, uma vez<br />
que já possuía o prefácio do<br />
Núncio Apostólico.<br />
Ele perguntou quando e<br />
por que eu o tinha escrito.<br />
Respondi:<br />
— Fiquei tão preocupado<br />
com o destino de nossa<br />
querida Ação Católica,<br />
desde o momento em que<br />
foi preciso pôr fora aquelas<br />
diretorias eivadas de erro,<br />
que resolvi escrever este<br />
livro aproveitando as horas<br />
livres. De modo que representa<br />
um trabalho árduo.<br />
Eu cito centenas de documentos<br />
pontifícios. Quando<br />
expus a ideia ao Sr. Núncio,<br />
ele se interessou e deu o<br />
prefácio que eu pedi. Aqui<br />
está o prefácio.<br />
Evidentemente, dei-lhe<br />
uma cópia, tendo muito<br />
bem guardado o original.<br />
— Mas então o senhor<br />
escreveu este livro! Muito<br />
bem!<br />
— Sim, e peço a V. Ex.ª<br />
licença para publicar o livro<br />
enquanto Presidente<br />
da Junta Arquidiocesana<br />
da Ação Católica.<br />
Ele, muito amável, disse:<br />
— Está bem.<br />
Ficou tudo combinado<br />
e eu saí.<br />
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