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Em Defesa da Ação Católica<br />
Marc Ferrez(CC3.0)<br />
cações, tudo isso me distraía. Santos<br />
era a principal praça de café do Brasil<br />
naquele tempo e aquele hotel era<br />
muito bom para os negociantes que<br />
chegavam à cidade. Não havia nada<br />
de mundano, mas possuía salões<br />
grandes, confortáveis onde eu podia<br />
sossegadamente trabalhar.<br />
Submetendo a obra à<br />
análise de eclesiásticos<br />
Terminada a redação, submeti o livro<br />
à revisão de quatro censores eclesiásticos:<br />
Mons. Mayer, Pe. Sigaud,<br />
Pe. Mariaux e Pe. Dainese, que não<br />
encontraram nada objetável do ponto<br />
de vista doutrinário.<br />
Vista panorâmica do porto de Santos<br />
A cópia enviada ao Pe. Dainese<br />
voltou do Rio de Janeiro tendo uma<br />
folha avulsa dentro com os seguintes<br />
dizeres manuscritos: “Livro admirável,<br />
de uma utilidade incomparável<br />
para a Igreja no momento atual...”<br />
E tecia outros elogios, mas sem<br />
se comprometer, pois não assinava<br />
nem dizia referir-se ao meu livro.<br />
Mostrei ainda a dois beneditinos,<br />
meus amigos, D. Paulo Pedrosa, antigo<br />
pároco da Igreja de Santa Cecília,<br />
e D. Teodoro Kok 1 , e os convidei<br />
para jantarem em minha casa a fim<br />
de confabularmos sobre o que achavam<br />
do livro.<br />
D. Teodoro disse-me que não via<br />
nada contra a Doutrina Católica, exceto<br />
um ponto no qual eu dizia que<br />
os Exercícios Espirituais constituíam<br />
o modo próprio de meditar para todos<br />
os fiéis. Segundo ele, isso era um<br />
exagero. Eu lhe disse que ele não havia<br />
reparado, pois a tinta da máquina<br />
de escrever estava meio apagada,<br />
mas aquela afirmação encontrava-se<br />
toda entre aspas, pois era uma citação<br />
de uma encíclica de Pio XI. Tendo<br />
visto as aspas, reconsiderou:<br />
— Não está aqui quem falou.<br />
Menciono a participação desses<br />
dois beneditinos na revisão do livro<br />
mostrando a cordialidade com que<br />
eu os tratava, para se compreender<br />
a gravidade das acusações feitas logo<br />
depois 2 .<br />
Acontece que D. Pedrosa tinha<br />
uma orientação profundamente oposta<br />
à minha, mas era coisa virtual e implícita<br />
nele. Não revelava claramente.<br />
Os atritos entre ele e mim tinham sido<br />
muito numerosos durante todo o tempo<br />
em que ele era assistente eclesiástico<br />
da Associação de Jornalistas Católicos.<br />
É preciso dizer que eu o estimava<br />
sinceramente e o tratei com a maior<br />
consideração com que se possa tratar<br />
uma pessoa. Nunca realizei, como presidente<br />
da Ação Católica, um ato sem<br />
Arquivo <strong>Revista</strong> / ACMSP (PF-05-03-22)<br />
Pe. Geraldo de Proença Sigaud, SVD, D. Paulo Pedrosa, OSB e D. Teodoro Kok, OSB<br />
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