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edição de 14 de agosto de 2023

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propmark.com.br ANO 59 - Nº 2956 - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> R$ 20,00<br />

Mo<strong>de</strong>lo híbrido se impõe<br />

como nova cultura <strong>de</strong><br />

trabalho nas agências<br />

Freepik<br />

Mais <strong>de</strong> um ano após o fim das restrições da pan<strong>de</strong>mia da Covid-19, o mercado publicitário continua<br />

alternando as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus funcionários entre o home office e o formato presencial. Pesquisa da FGV<br />

aponta que 71% das pessoas acreditam na flexibilização como futuro do trabalho. Mas a falta <strong>de</strong> interação<br />

humana, como a socialização, ainda é um fator que joga contra esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atuação. pág. 18<br />

Em ano <strong>de</strong> conquistas,<br />

Mestiça ganha Aviação<br />

10º Congresso Abep<br />

<strong>de</strong>bate digital e ESG<br />

Podpah prepara festa<br />

para três mil pessoas<br />

Divulgação Divulgação Divulgação<br />

Sócio e CEO da Mestiça, Paulo Sanna relata que neste ano a<br />

agência conquistou sete contas. “2022 também foi um ano<br />

<strong>de</strong> muitas conquistas e este ano continua”. Ele atribui o resultado<br />

à metodologia própria, batizada <strong>de</strong> Pop-up. pág. 30<br />

Maura Coracini, diretora <strong>de</strong> media digital da Kantar e chairwoman<br />

do Congresso Abep, e Duilio Novaes, presi<strong>de</strong>nte da<br />

Abep, reuniram lí<strong>de</strong>res para discutir temas como a crescente<br />

relevância da inteligência <strong>de</strong> dados. pág. 22<br />

CEO do Podpah, Victor Assis afirma que a Podparty, que será<br />

realizada em outubro, no Komplexo Templo Mooca, em São<br />

Paulo, vai ter experiências <strong>de</strong> marcas como a Chivas. “As<br />

marcas estão gostando do projeto”, diz ele. pág. 16


editorial<br />

Armando Ferrentini<br />

Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> trabalho híbrido<br />

Formato impensável antes da pan<strong>de</strong>mia, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> trabalho híbrido se instalou em<br />

praticamente todos os mercados. Após o home office funcionar durante o período <strong>de</strong><br />

restrições da Covid, aos poucos o mo<strong>de</strong>lo híbrido, que representa a junção da jornada<br />

presencial do colaborador na se<strong>de</strong> das empresas com o trabalho a distância, se impôs.<br />

Mas o que não faltam são notícias <strong>de</strong> companhias, incluindo as big techs, pedindo para<br />

que seus funcionários voltem ao trabalho presencial. Em comunicado logo após o início<br />

da flexibilização das regras <strong>de</strong> isolamento no ano passado, Google e Amazon exigiram<br />

a volta <strong>de</strong> suas equipes ao presencial, mesmo após constatar que a maioria <strong>de</strong> seus<br />

funcionários não queria sair <strong>de</strong> casa. O exemplo mais recente no setor é o do Zoom,<br />

plataforma <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>oconferência que virou símbolo do home office durante a pan<strong>de</strong>mia.<br />

A questão é que várias empresas sentem dificulda<strong>de</strong> em capacitar os funcionários<br />

mais jovens remotamente, pois quando eles estão presentes no escritório nem sempre<br />

sobra tempo para treinar essa força <strong>de</strong> trabalho da forma que era feito antes. Outro<br />

problema é absorver a cultura quando se está distante.<br />

No mercado publicitário, não é diferente. Apesar <strong>de</strong> o mo<strong>de</strong>lo híbrido ter se transformado<br />

em uma nova cultura <strong>de</strong> trabalho, há um movimento entre as agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />

para que os colaboradores estejam presentes mais dias nos escritórios.<br />

Exemplo disso partiu da Publicis, nos Estados Unidos, que convocou funcionários das<br />

agências digitais a comparecerem três vezes por semana sob pena <strong>de</strong> punições, caso<br />

não cumpram a regra. Uma fonte confi<strong>de</strong>nciou ao propmark que essa exigência po<strong>de</strong><br />

chegar ao Brasil - atualmente, os funcionários do Publicis Groupe <strong>de</strong>vem comparecer<br />

dois dias por semana nas empresas da holding.<br />

O <strong>de</strong>safio das empresas, em geral, está em encontrar o ponto <strong>de</strong> equilíbrio entre o trabalho<br />

presencial e o remoto. De acordo com levantamento da plataforma <strong>de</strong> coworking<br />

BeerOrCoffee, 42% das pessoas que passaram a trabalhar <strong>de</strong> casa em função do isolamento<br />

querem continuar assim. Principalmente para ativida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>mandam mais<br />

criativida<strong>de</strong>. Várias pesquisas apontam que esse mo<strong>de</strong>lo é o preferido, tanto entre os<br />

executivos C-Level como entre os colaboradores em geral.<br />

A FGV divulgou uma pesquisa que aponta que 71% acreditam na flexibilização como<br />

futuro do trabalho. Já <strong>de</strong> acordo com a consultoria Mckinsey & Company, 52% apontam<br />

o sistema híbrido como o i<strong>de</strong>al.<br />

Por outro lado, várias pesquisas mostram o <strong>de</strong>clínio na oferta <strong>de</strong> vagas <strong>de</strong> emprego<br />

com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho remoto. Em fevereiro <strong>de</strong>ste ano, <strong>de</strong> acordo com dados<br />

do LinkedIn’s Economic Graph, quase 25% das vagas publicadas na re<strong>de</strong> mencionaram<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar remotamente, incluindo o formato híbrido. Um ano antes,<br />

eram 39% do total.<br />

Matéria nesta edição ouviu executivos <strong>de</strong> algumas das principais agências <strong>de</strong> propaganda<br />

brasileiras sobre o tema. De acordo com os <strong>de</strong>poimentos, cada um encontrou,<br />

a seu modo, a melhor forma <strong>de</strong> estabelecer os dias para que as pessoas estejam<br />

fisicamente nas agências. Seja com dias <strong>de</strong>terminados ou não. O que não significa<br />

que esse mo<strong>de</strong>lo não possa ser revisado. Não é raro, inclusive, escutar <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res que<br />

realizam pesquisas <strong>de</strong> clima com certa frequência.<br />

“A se<strong>de</strong> da Galeria.ag foi projetada durante a pan<strong>de</strong>mia, em um contexto em que<br />

as pessoas estavam acostumadas a trabalhar <strong>de</strong> casa todos os dias. Nosso intuito,<br />

então, foi proporcionar um espaço confortável para os funcionários, on<strong>de</strong> eles<br />

preferissem ir frequentemente, em vez <strong>de</strong> se sentirem pressionados a estarem lá.<br />

Atualmente, as pessoas <strong>de</strong>vem vir 10 vezes por mês ao escritório, mas po<strong>de</strong>m escolher<br />

os melhores dias para estarem lá <strong>de</strong> acordo com a rotina e as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> trabalho”,<br />

ressalta Eduardo Simon, CEO e sócio-fundador da Galeria.ag.<br />

Frase: “A curiosida<strong>de</strong> está para a imaginação, assim como a libido está para o sexo.<br />

Sem libido, não existe o sexo. E sem curiosida<strong>de</strong>, você não terá imaginação.” (Trecho<br />

do livro “Abaixo os gurus, salve os gurus”, <strong>de</strong> Walter Longo, editado pela Alta Books).<br />

as Mais lidas da seMana no propMark.coM.br<br />

1ª<br />

2ª<br />

Após dois anos na Publicis Brasil, a diretora <strong>de</strong> criação e<br />

conteúdo Deh Bastos saiu da agência. Segundo fontes do<br />

propmark, a iniciativa <strong>de</strong> sair da Publicis partiu da própria Deh.<br />

3ª<br />

Diretora <strong>de</strong> criação e conteúdo,<br />

Deh Bastos <strong>de</strong>ixa a Publicis Brasil<br />

Galeria apresenta a 404, sua<br />

empresa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign e inovação<br />

A Galeria anunciou a criação da 404, uma empresa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign e inovação<br />

criada para clientes. Com atuação global, a empresa será li<strong>de</strong>rada por Rafael<br />

Cal<strong>de</strong>ira, Renan Monjon e Saulo Monjon.<br />

WPP reduz previsão <strong>de</strong><br />

crescimento para <strong>2023</strong><br />

O Grupo WPP apresentou os seus resultados do primeiro semestre <strong>de</strong><br />

<strong>2023</strong>, quando registrou uma receita <strong>de</strong> 7,2 bilhões <strong>de</strong> libras esterlinas,<br />

representando um aumento <strong>de</strong> 6,9% em relação ao mesmo período <strong>de</strong> 2022.<br />

A previsão <strong>de</strong> crescimento foi reduzida para entre 1,5% e 3%.<br />

4ª<br />

Estudo da Kantar, apresentado durante o Congresso da Abep,<br />

mostrou que quase meta<strong>de</strong> dos consumidores não confia em<br />

ações publicitárias voltadas à sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

5ª<br />

46% dos consumidores não confiam<br />

em publicida<strong>de</strong> voltada à sustentabilida<strong>de</strong><br />

Nova/SB muda i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

visual e passa a se chamar Nova<br />

A Nova/SB passou a se chamar apenas Nova. O conceito<br />

escolhido para a campanha foi “Somos a Nova/SB, mas<br />

po<strong>de</strong> chamar só <strong>de</strong> Nova”.<br />

4 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


índice<br />

Trabalho híbrido<br />

se estabelece no<br />

mercado publicitário<br />

O mo<strong>de</strong>lo que representa<br />

a junção entre jornada<br />

presencial e remota dos<br />

colaboradores tem diferentes<br />

camadas <strong>de</strong> aprendizado.<br />

Cada agência tem a própria<br />

estratégia, mas há <strong>de</strong>safios a<br />

serem enfrentados.<br />

18<br />

propmark<br />

propmark.com.br<br />

Jor na lis ta res pon sá vel<br />

Ar man do Fer ren ti ni<br />

Editora-chefe: Kelly Dores<br />

Editores: Neu sa Spau luc ci e Paulo<br />

Macedo<br />

Editor <strong>de</strong> fotografia: Alê Oliveira<br />

Editores-assistentes: Janaina<br />

Langsdorff e Vinícius Novaes<br />

Editor especial: Pedro Yves<br />

Repórteres: Adrieny Magalhães e<br />

Carolina Vilela<br />

Revisor: José Carlos Boanerges<br />

Editor <strong>de</strong> Arte: Adunias Bispo da<br />

Luz<br />

Diagramador Pleno: Lucas<br />

Boccatto<br />

O propmark é filiado à:<br />

Heinz estimula a cultura da<br />

criativida<strong>de</strong> entre colaboradores<br />

Cecília Alexandre, diretora <strong>de</strong> marketing da Kraft<br />

Heinz, resultado da fusão entre Kraft Foods e Heinz,<br />

afirma que a empresa treina <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os times, para a<br />

construção dos melhores briefings, até parceiros cada<br />

vez mais engajados, que são a extensão da marca,<br />

que ganhou vários Leões em Cannes. pág. 28<br />

Lei Maria da Penha completa 17 anos<br />

e violência contra mulher aumenta<br />

No Agosto Lilás, governo e marcas lançam campanhas<br />

<strong>de</strong> prevenção e conscientização. Segundo o “Anuário<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Segurança Pública” (<strong>2023</strong>), os números<br />

absolutos <strong>de</strong> violência doméstica (lesão corporal<br />

dolosa) aumentaram <strong>de</strong> 237.596 (2021) para 245.713<br />

(2022) no Brasil. pág. 24<br />

Diretor-presi<strong>de</strong>nte<br />

Armando Ferrentini<br />

Diretor-executivo<br />

Tiago Ferrentini<br />

Departamento comercial<br />

Gerentes <strong>de</strong> contas:<br />

Mel Floriano<br />

mel@propmark.com.br<br />

tel. (11) 2065 0748<br />

Monserrat Miró<br />

monserrat@propmark.com.br<br />

tel. (11) 2065 0744<br />

Assinaturas<br />

www.propmark.com.br/signup<br />

assinaturas@propmark.com.br<br />

tel. (11) 2065 0737<br />

Redação<br />

Rua François Coty, 228<br />

01524-030 - São Paulo – SP<br />

Tel. (11) 2065 0772 / 0766<br />

redacao@propmark.com.br<br />

As ma té rias as si na das não re pre sen tam<br />

ne ces sa ria men te a opi nião <strong>de</strong>s te jor nal,<br />

po <strong>de</strong>n do até mes mo ser con trá rias a ela.<br />

Editorial .............................................................................4<br />

Conexões ...........................................................................8<br />

Curtas .................................................................................10<br />

Inspiração ..........................................................................12<br />

Negócios & sustentabilida<strong>de</strong> ...........................................<strong>14</strong><br />

Quem Fez ...........................................................................15<br />

Entrevista ..........................................................................16<br />

Mercado .............................................................................18<br />

Pesquisas ..........................................................................27<br />

Marcas ...............................................................................28<br />

Agências ............................................................................30<br />

Opinião...............................................................................33<br />

ESG no MKT ........................................................................34<br />

Click do Alê ........................................................................35<br />

We Love MKT ......................................................................36<br />

Supercenas ........................................................................37<br />

Última Página ....................................................................38<br />

USP comemora 25 anos da campanha<br />

<strong>de</strong> recepção dos calouros com mostra<br />

Dorinho Bastos, cartunista do propmark e professor<br />

da USP, e a criativa e ex-aluna Camila Scramim Rigo<br />

durante exposição que homenageia trajetória <strong>de</strong> alunos<br />

na universida<strong>de</strong>. págs. 26 e 35<br />

6 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


conexões<br />

última hora<br />

Praia<br />

A Dellarte, com patrocínio do Banco Santan<strong>de</strong>r e gestão criativa <strong>de</strong> Raoul Notrica, realiza, <strong>de</strong><br />

28 <strong>de</strong> setembro a 1º <strong>de</strong> outubro, o Festival Praia Rio <strong>2023</strong>, na Casa <strong>de</strong> Cultura Laura Alvim e<br />

no Parque Garota <strong>de</strong> Ipanema. O tema central é “Rio celebra a sua praia”. As apresentações<br />

musicais contarão com a presença <strong>de</strong> Mart’Nalia (foto), além <strong>de</strong> gastronomia, economia,<br />

moda, esportes e uma conversa sobre sustentabilida<strong>de</strong> com o tema “Vai dar praia amanhã”.<br />

“Queremos provocar o pensamento crítico sobre a manutenção e preservação das nossas<br />

praias, dialogando, em todos momentos, com nosso compromisso <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>.”<br />

concorrência<br />

A re<strong>de</strong> Leroy Merlin está finalizando processo seletivo <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> agência <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>.<br />

Estão na fase final a Crispin Porter + Boguski , Wie<strong>de</strong>n+Kennedy e Ogilvy Brasil. A concorrência<br />

está sendo conduzida pela Coletivo Consultoria.<br />

LinkedIn<br />

Post: WMcCann reforça time <strong>de</strong> negócios<br />

com novo diretor<br />

Sucesso! Thiago Monteiro Xavier!<br />

Daniela Sostisso<br />

Brabíssimo!<br />

Thomas Gomes<br />

Eu te <strong>de</strong>sejo mais sucesso ainda!<br />

Flavia Silva<br />

Aê, sucesso, querido!<br />

Welton Noronha<br />

Post: Motim conquista conta da iD\<br />

TBWA<br />

Estamos animados para conquistar ainda<br />

mais. Valeu, propmark!<br />

dorinho<br />

Motim<br />

Post: Tecnologia e inovação tornam<br />

mídia exterior a queridinha <strong>de</strong><br />

anunciantes<br />

Sensacional!<br />

Mirian Helena Ferreira<br />

Existe uma coisa que se chama empatia,<br />

ou melhor, a linguagem do povo,<br />

traduzida na simplicida<strong>de</strong>. Isso, antigamente,<br />

era merchan em mercados.<br />

Agora, se transforma em outro nível<br />

<strong>de</strong> exibição <strong>de</strong> marca. Se fosse em rádios,<br />

falaria que é uma promoção para<br />

dar recall e acionar o ibope. Que baita<br />

i<strong>de</strong>ia, <strong>de</strong>spertar o <strong>de</strong>sejo on<strong>de</strong> todos esperam.<br />

Parabéns!<br />

José Roberto Lopes<br />

Parceria<br />

O Bra<strong>de</strong>sco lançou na semana passada a primeira campanha em parceria com o DJ Alok<br />

(foto acima) para a marca Ágora, casa <strong>de</strong> investimentos do banco. Além do filme para a TV,<br />

a campanha “Agora, Alok”, criada pela Al<strong>de</strong>iaH, traz peças para re<strong>de</strong>s sociais, rádio e veículos<br />

impressos, além das mídias OOH/DOOH.<br />

Mídia<br />

A praça mais famosa do Brasil está <strong>de</strong> cara nova com um painel digital <strong>de</strong> mídia out-ofhome.<br />

O totem da atração humorística “A praça é nossa”, do SBT, apresentará peças <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong> durante o programa, a fim <strong>de</strong> assemelhar-se ainda mais aos espaços públicos do<br />

cotidiano do brasileiro. A estreia <strong>de</strong>ste novo formato <strong>de</strong> bran<strong>de</strong>d content traz a Claro como<br />

a primeira marca a explorar o espaço com a campanha <strong>de</strong> seu plano pré-pago, o ‘Prezão’. Os<br />

espectadores po<strong>de</strong>rão conferir a divulgação integrada e orgânica no ambiente humorístico<br />

até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2023</strong>. A ação foi <strong>de</strong>senvolvida pelo SBT Solutions.<br />

Festival<br />

O creme <strong>de</strong>ntal Luminou White Glow, da Colgate-Palmolive, está entre os apoiadores do The<br />

Town. A marca montou estratégia <strong>de</strong> marketing para o evento, com squad <strong>de</strong> creators, dois<br />

estan<strong>de</strong>s no festival e ativações instagramáveis para o público no local.<br />

8 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


Para quem<br />

estava com<br />

sauda<strong>de</strong>s<br />

dos 20% na<br />

propaganda.<br />

Com a parceria entre o Marketing Best e a Fenapro /<br />

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contato@marketingbest.com.br<br />

11 98990-0376


curtas<br />

Divulgação<br />

NEOOH ENtRa Em NOvOs PaRquEs dE<br />

sP E ExPaNdE PREsENça NacIONal<br />

A empresa <strong>de</strong> mídia out-of-home NEOOH renovará o circuito <strong>de</strong> mídia do Parque Villa-Lobos, Zoo<br />

SP, Safari SP, Botânico SP, Cândido Portinari e Parque da Água Branca. O acordo fechado com<br />

a Reserva Parques, responsável pela gestão dos parques paulistanos, prevê a instalação <strong>de</strong><br />

telas <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>finição conforme as necessida<strong>de</strong>s visuais e ambientais <strong>de</strong> cada espaço. Gestão<br />

<strong>de</strong> mídia, parcerias com marcas e comunicação interna também ficam sob a responsabilida<strong>de</strong><br />

da NEOOH. “Essa movimentação reforça nosso conceito <strong>de</strong> que a vida acontece ‘out-of-home’, e<br />

queremos fazer parte da vida das pessoas da forma mais natural e efetiva possível”, comenta<br />

Leonardo Chebly, CEO da NEOOH, que soma presença em 12 parques apenas em São Paulo. Des<strong>de</strong><br />

2022, a empresa gerencia também a comercialização <strong>de</strong> espaços no Parque do Ibirapuera.<br />

Já no Rio <strong>de</strong> Janeiro, a empresa anuncia a chegada do diretor-comercial Paolo Azevedo, que<br />

respon<strong>de</strong>rá ao chief sales officer Gustavo Silva. “O mercado do Rio <strong>de</strong> Janeiro é extremamente<br />

estratégico para a NEOOH, on<strong>de</strong> também temos expandido nossa presença e <strong>de</strong> nossos clientes<br />

nacionais”, <strong>de</strong>staca Silva. Recentemente, a NEOOH comunicou a aquisição da InfoTV, especializada<br />

em digital out-of-home em Santa Catarina, confirmando a expansão nacional do negócio.<br />

Deh Bastos Deixa a PuBlicis Brasil<br />

Divulgação<br />

esPm cria novas Diretorias acaDêmicas<br />

Divulgação<br />

Após dois anos na Publicis, publicitária <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> entrar como sócia em uma startup do mercado<br />

Comunicação e Artes e Negócios e Tecnologia são as novas escolas estruturadas<br />

Deh Bastos não é mais diretora <strong>de</strong> criação e conteúdo da Publicis Brasil. Ela estava na agência<br />

há dois anos. Fontes do propmark sinalizam que a iniciativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o cargo foi <strong>de</strong> Deh Bastos.<br />

A semana passada foi a última em que a criativa trabalhou no grupo. Deh começou a sua trajetória<br />

na Publicis no segundo semestre <strong>de</strong> 2021 e participou <strong>de</strong> projetos como o “Entre”, que em<br />

maio chegou à sua quinta edição <strong>de</strong>stinando 85% das 30 vagas às mulheres negras e indígenas,<br />

e 10% às trans. Também criou para marcas como Medley e Ninho. Uma das vozes pretas mais<br />

ativas do mercado publicitário, a criativa foi jurada do Cannes Lions <strong>2023</strong>, na shortlist <strong>de</strong> Film<br />

Craft. Segundo fontes, Deh Bastos <strong>de</strong>ve entrar como sócia em uma startup do mercado.<br />

A ESPM acaba <strong>de</strong> criar novas diretorias acadêmicas. Sob o comando <strong>de</strong> Cristiano Amaral, está a<br />

Escola <strong>de</strong> Comunicação e Artes, que agrega os cursos <strong>de</strong> comunicação e publicida<strong>de</strong>, jornalismo,<br />

cinema e audiovisual, ciências do consumo, <strong>de</strong>sign visual, <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> moda e <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> animação.<br />

Já Fre<strong>de</strong>rike Mette conduz a Escola <strong>de</strong> Negócios e Tecnologia, que abriga administração,<br />

relações internacionais, sistemas <strong>de</strong> informação e direito. Mette <strong>de</strong>staca o “o olhar gerencial<br />

e estratégico com o mercado”, enquanto Amaral frisa a expansão das “fronteiras <strong>de</strong> conhecimento”.<br />

“A nossa instituição nasceu e foi construída <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre pelo mercado publicitário e<br />

marketing. Queremos estar na vanguarda”, comenta o presi<strong>de</strong>nte Dalton Pastore.<br />

Galeria lança 404, De DesiGn e inovação Kivi cheGa ao mercaDo Brasileiro De ctv Wmccann muDa comanDo De neGócios<br />

Divulgação<br />

Glenn Carsten/Unsplash<br />

Divulgação<br />

Lí<strong>de</strong>res da operação com Eduardo Simon (sentado)<br />

404 é o nome da nova empresa da Galeria. O negócio <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sign e inovação será comandado por Rafael Cal<strong>de</strong>ira, Renan<br />

Monjon e Saulo Monjon, e terá atuação global. Além da publicida<strong>de</strong>,<br />

aten<strong>de</strong>rá players que operam na interseção entre<br />

arte, cultura e ciência. “Algumas premissas são estabelecidas<br />

buscando a interação entre <strong>de</strong>sign, produção e sustentabilida<strong>de</strong>”,<br />

conferem os irmãos Monjon. Rafa Cal<strong>de</strong>ira lembra<br />

que “precisamos estar prontos para criar qualquer solução<br />

que faça sentido para o <strong>de</strong>safio dos clientes”. Inspirado no<br />

erro 404 (Not Found), típico do mundo dos computadores, o<br />

nome remete para um negócio que “abraça as oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> testar novos conceitos para marcas”, acrescenta Eduardo<br />

Simon, CEO e sócio-fundador da Galeria.<br />

Anunciantes ganham soluções <strong>de</strong> campanhas para CTV<br />

Campanhas publicitárias para TV conectada (CTV) crescem a<br />

reboque da expansão do setor, que po<strong>de</strong> alcançar US$ 27,5<br />

bilhões ao ano até 2025, segundo o Statista. O potencial do<br />

mercado brasileiro atraiu o interesse da adtech mexicana<br />

Kivi, que acaba <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembarcar no país. “O Brasil tem um<br />

gran<strong>de</strong> potencial para a CTV <strong>de</strong>vido à sua gran<strong>de</strong> população,<br />

à adoção <strong>de</strong> dispositivos conectados e à oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

oferecer publicida<strong>de</strong> mais precisa e personalizada”, analisa<br />

Marcelo Cohen, country manager da Kivi no Brasil. As soluções<br />

da empresa já são utilizadas por mais <strong>de</strong> 30 anunciantes, e a<br />

receita do negócio cresceu mais <strong>de</strong> 400% no fim do primeiro<br />

semestre <strong>de</strong> <strong>2023</strong>. O plano faz parte da expansão do Grupo<br />

Rocket, que atua na América Latina e Espanha.<br />

Thiago Xavier: contribuir com clientes e escutar as pessoas<br />

O novo diretor <strong>de</strong> negócios da WMcCann é Thiago Xavier,<br />

que possui 20 anos <strong>de</strong> experiência. “Quero contribuir para<br />

os negócios dos nossos clientes enten<strong>de</strong>ndo seus reais<br />

<strong>de</strong>safios e como a comunicação po<strong>de</strong> ajudar a resolvê-los<br />

<strong>de</strong> forma responsável, transparente e eficaz. Somado a este<br />

objetivo, também <strong>de</strong>sejo ouvir pessoas e proporcionar um<br />

ambiente <strong>de</strong> trabalho inspirador para o time, para que cada<br />

indivíduo alcance seus resultados extraordinários”, <strong>de</strong>clara<br />

Thiago Xavier. O executivo já passou pela BETC Havas, Lumiar<br />

Education, Repense, Grupo GPA e Fbiz, e já trabalhou para Itaú,<br />

Pão <strong>de</strong> Açúcar, Claro, Bayer, Oracle, Petrobrás, Renault, TOTVs,<br />

Laboratórios Lilly e Boehringer, Mondial, Comgás, Tecnisa,<br />

World Animal Protection e Fundação Abrinq, entre outros.<br />

10 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


PROPMARK.<br />

MUDANDO<br />

PARA FICAR<br />

igual.<br />

Nesses 58 anos muita coisa mudou no mercado, e você<br />

soube <strong>de</strong> todas pelo Propmark, impresso ou digital.<br />

Continua assim, mas com marca e projeto gráfico novos.


inspiração<br />

O po<strong>de</strong>r do audiovisual<br />

Fotos: Arquivo Pessoal<br />

“Ver como meu trabalho po<strong>de</strong> tocar a vida das pessoas, fazer uma diferença<br />

em seus pensamentos e sentimentos, é algo que me impulsiona”<br />

Fred Ouro Preto<br />

Especial para o propmark<br />

O<br />

mundo do audiovisual é uma fonte inesgotável <strong>de</strong> inspiração. Como diretor, tenho<br />

a sorte <strong>de</strong> trabalhar nesse meio, on<strong>de</strong> a arte e a criativida<strong>de</strong> se encontram para<br />

contar histórias e provocar emoções.<br />

Ao longo dos anos, tenho refletido sobre o que me inspira em meus trabalhos no audiovisual<br />

e como essa inspiração molda minha abordagem artística.<br />

Em primeiro lugar, o que sempre me fascinou é a capacida<strong>de</strong> do audiovisual <strong>de</strong> agregar<br />

pessoas. Através das histórias que contamos, po<strong>de</strong>mos nos conectar com pessoas <strong>de</strong> diferentes<br />

origens e experiências, <strong>de</strong>spertando empatia e compreensão mútua. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> criar<br />

algo que possa unir públicos distintos é extremamente inspiradora para mim, e me motiva<br />

a explorar outras narrativas e perspectivas.<br />

Eu tenho um banco <strong>de</strong> referências e inspirações que utilizo nas minhas criações, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> qual seja o artista ou a marca. São coisas minhas, que eu gosto, visuais<br />

ou i<strong>de</strong>ias soltas. Tento trazer uma coisa minha pro artista. Além disso, tento enten<strong>de</strong>r o que<br />

o artista ou a marca precisa em <strong>de</strong>terminado momento e, assim, po<strong>de</strong>r usar as inspirações<br />

que armazeno.<br />

Acredito que a arte tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> provocar reflexões e questionamentos. O audiovisual,<br />

como forma <strong>de</strong> expressão artística, po<strong>de</strong> abordar questões sociais, políticas e existenciais<br />

<strong>de</strong> maneira profunda e significativa.<br />

Através das imagens, do som e da linguagem visual, po<strong>de</strong>mos transmitir mensagens e<br />

<strong>de</strong>spertar discussões importantes na socieda<strong>de</strong>. Essa capacida<strong>de</strong> é algo que me inspira a<br />

buscar histórias que me <strong>de</strong>safiem e levantem questionamentos relevantes.<br />

Outra fonte <strong>de</strong> inspiração para mim é a colaboração criativa. O processo <strong>de</strong> fazer cinema,<br />

publicida<strong>de</strong> e televisão é verda<strong>de</strong>iramente colaborativo, envolvendo uma equipe diversificada<br />

<strong>de</strong> profissionais talentosos, como roteiristas, diretores <strong>de</strong> fotografia, editores, atores<br />

e muitos outros. O audiovisual te dá a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar com pessoas e equipes<br />

diferentes e em locais distintos, te levando a níveis <strong>de</strong> informação que você não teria. Cada<br />

pessoa traz sua visão única e habilida<strong>de</strong>s para a produção, resultando em uma obra final <strong>de</strong><br />

um esforço conjunto.<br />

A oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar com seres humanos talentosos e criativos, trocar i<strong>de</strong>ias e<br />

apren<strong>de</strong>r uns com os outros, é algo que enaltece o meu trabalho como diretor.<br />

A inspiração também surge do mundo ao nosso redor.<br />

A observação da vida cotidiana, das pessoas, dos lugares e dos acontecimentos po<strong>de</strong> ser<br />

uma fonte rica <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e estímulos criativos.<br />

Às vezes, basta uma conversa casual ou um momento <strong>de</strong> contemplação para surgir uma<br />

nova história ou uma abordagem diferente.<br />

Ver como meu trabalho po<strong>de</strong> tocar a vida das pessoas, fazer uma diferença em seus<br />

pensamentos e sentimentos, é algo que me impulsiona a continuar contando histórias e<br />

explorando novas formas <strong>de</strong> expressão artística.<br />

A inspiração é o fio condutor que alimenta meu trabalho com as artes, seja ela qual for.<br />

Cada projeto é uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explorar e expandir meu horizonte criativo, e sou grato<br />

por fazer parte <strong>de</strong>sse mundo fascinante.<br />

Fred Ouro Preto é diretor da Café Royal<br />

12 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


"ALEXA, VOCÊ<br />

ACHA OUE<br />

ESSA CAMPANHA<br />

GANHA PRÊMIO?"<br />

Você e a máquina, quem manda em quem afinal?<br />

Prêmio Colunistas.<br />

Há 55 anos valorizando<br />

a inteligência humana.<br />

As ferramentas estão<br />

aí. Cada dia mais<br />

inteligentes. Mas só<br />

o seu toque e a sua<br />

criativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m<br />

transformar um<br />

simples trabalho<br />

mecânico em<br />

um resultado<br />

absolutamente<br />

genial. Inscreva suas<br />

melhores peças e<br />

mostre que é você<br />

que faz a diferença.<br />

colunistas.com.br


negócios &<br />

sustentabilida<strong>de</strong><br />

Alê Oliveira<br />

O casamento<br />

das marcas com<br />

o terceiro setor<br />

Ricardo Esturaro<br />

é escritor, administrador <strong>de</strong> empresas<br />

e especialista em marketing, estratégia<br />

e sustentabilida<strong>de</strong><br />

ricardo@esturaro.com<br />

Ricardo Esturaro<br />

As Organizações da Socieda<strong>de</strong> Civil (OSCs) têm<br />

conquistado uma crescente importância no PIB<br />

e na dinâmica da socieda<strong>de</strong>, representando os<br />

anseios e necessida<strong>de</strong>s da população, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo direitos<br />

individuais e coletivos e promovendo o bem comum.<br />

Em uma socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, elas <strong>de</strong>sempenham<br />

um papel fundamental.<br />

Apesar dos avanços na profissionalização do terceiro<br />

setor nos últimos anos e da ampliação <strong>de</strong> sua<br />

atuação na socieda<strong>de</strong>, ainda persiste um olhar míope<br />

e reducionista em relação ao seu papel, especialmente<br />

no Brasil, on<strong>de</strong> a filantropia é, em alguns setores,<br />

vista como uma prática assistencialista. A socieda<strong>de</strong><br />

brasileira, como um todo, ainda não compreen<strong>de</strong> a<br />

importância e os benefícios, inclusive econômicos, do<br />

investimento no terceiro setor.<br />

A história do terceiro setor no Brasil remonta ao<br />

período colonial, quando predominava o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

assistência social voltado para comunida<strong>de</strong>s carentes,<br />

li<strong>de</strong>rado pela Igreja Católica. Com o tempo, outras<br />

religiões e grupos também se envolveram na formação<br />

<strong>de</strong> organizações sociais <strong>de</strong> assistência baseadas<br />

no trabalho voluntário. Ao longo do século 20, houve<br />

um aumento na diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupos e organizações<br />

que trabalharam para sanar <strong>de</strong>ficiências na<br />

proteção social das populações mais carentes. Simultaneamente,<br />

a pauta e as ações do terceiro setor se<br />

sofisticaram, acompanhando as novas <strong>de</strong>mandas da<br />

socieda<strong>de</strong> e esten<strong>de</strong>ndo sua atuação para assuntos<br />

como educação, meio ambiente, apoio a refugiados e<br />

outros temas relevantes.<br />

A publicação “Perfil das organizações da socieda<strong>de</strong> civil<br />

no Brasil” <strong>de</strong> 2018, do IPEA, oferece um retrato do terceiro<br />

setor no país. Os números são expressivos: existem<br />

820 mil OSCs com CNPJs ativos no Brasil. O processo <strong>de</strong><br />

formação e consolidação <strong>de</strong>ssas organizações ocorreu<br />

principalmente a partir das décadas <strong>de</strong> 1970 e 1980. De<br />

acordo com o IPEA, 12,3% das OSCs ativas foram fundadas<br />

até o fim da década <strong>de</strong> 1980; 69,1% entre 1990 e 2010 e<br />

18,6% nos últimos 10 anos.<br />

A transformação do perfil das OSCs formadas nas últimas<br />

décadas é evi<strong>de</strong>nte: atualmente, 86% são formadas<br />

por associações privadas, 2% por fundações privadas e<br />

12% correspon<strong>de</strong>m a organizações religiosas. Da mesma<br />

maneira, o setor passa por uma transformação no perfil<br />

<strong>de</strong> sua força <strong>de</strong> trabalho: em sua origem, as ativida<strong>de</strong>s<br />

eram executadas primordialmente por voluntários; agora,<br />

estruturas híbridas, que incluem trabalho remunerado,<br />

começam a ganhar espaço.<br />

Nos últimos anos, houve um crescimento na colaboração<br />

entre as marcas e o terceiro setor, resultando em<br />

parcerias estratégicas que impulsionam o seu impacto<br />

social. As marcas têm buscado associar suas imagens a<br />

causas sociais relevantes, o que se mostra uma estratégia<br />

valiosa para fortalecer a percepção positiva nos<br />

consumidores. Ao apoiar projetos e iniciativas sociais,<br />

as empresas <strong>de</strong>monstram um compromisso com a responsabilida<strong>de</strong><br />

social e contribuem para a construção <strong>de</strong><br />

uma socieda<strong>de</strong> mais justa e sustentável.<br />

No entanto, é importante <strong>de</strong>stacar que essas parcerias<br />

<strong>de</strong>vem ser construídas visando ao longo prazo, permitindo<br />

que os impactos positivos sejam duradouros e<br />

alcancem resultados mais profundos e significativos na<br />

socieda<strong>de</strong>. Dada a realida<strong>de</strong> do terceiro setor, que atua<br />

com estruturas frágeis e carência <strong>de</strong> recursos, uma marca<br />

não <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sembarcar <strong>de</strong> um projeto social <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> alcançar seus objetivos mercadológicos - isto seria<br />

uma miopia. Ao contrário, o compromisso <strong>de</strong> longo prazo<br />

<strong>de</strong>ve ser visto como uma oportunida<strong>de</strong> para as marcas<br />

<strong>de</strong>senvolverem parcerias estratégicas sólidas para impulsionar<br />

os seus projetos sociais - um casamento on<strong>de</strong><br />

todos ganham.<br />

“Apesar dos avanços<br />

na profissionalização<br />

do terceiro setor, ainda<br />

persiste um olhar míope<br />

em relação ao seu papel”<br />

<strong>14</strong> <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


quem fez<br />

Paulo Macedo<br />

paulo@propmark.com.br<br />

Bin<strong>de</strong>r<br />

Caixa EConômiCa FEdEral<br />

Fotos: Divulgação<br />

Título: “Poupança Caixa”<br />

VP <strong>de</strong> criação: marcos apóstolo<br />

Criação: rynaldo Gondim, tatiana rodrigues, Filipe Fontes e david<br />

murad<br />

Produtora: Cine<br />

Diretor: Clovis mello<br />

Som: raw Áudio<br />

Aprovação: adriana Probst, tatisa Fabris, ludmilla albertini e Emiliana Freitas<br />

Campanha criada pela Bin<strong>de</strong>r foi selecionada como <strong>de</strong>staque pelo Ads of the<br />

World. Ação <strong>de</strong>staca a segurança da instituição com imagens que simulam<br />

filmes <strong>de</strong> ação e aventura em situações diversas. Os comerciais foram veiculados<br />

nas principais emissoras <strong>de</strong> televisão aberta do país, incluindo Globo,<br />

SBT, Band e Cultura.<br />

OGiLVY<br />

nEstlÉ<br />

Título: “Uma garrafinha, n sensações”<br />

CCO: sergio mugnaini<br />

Criação: Felipe Pires, Bruno ramalho, miller Farias,<br />

Paulo da Costa e tales shibata<br />

Produtora: Black madre<br />

Aprovação: Gabriela Guerreiro e amanda santos<br />

Ação foi <strong>de</strong>senvolvida para o portfólio <strong>de</strong> bebidas prontas<br />

para o consumo (Alpino, Nescafé, Neston e Nescau). “A campanha<br />

convida o público a experimentar nossos sabores.<br />

Em linha com a crescente evolução do segmento e a busca<br />

por experiências prazerosas”, afirma Gabriela Guerreiro, head<br />

<strong>de</strong> marketing <strong>de</strong> bebidas na Nestlé.<br />

Greenz<br />

stonE<br />

Título: “tá com ton”<br />

CCO: PH Gomes<br />

Diretores <strong>de</strong> criaçao: tiago moralles e tiago Valadão<br />

Produtora: Untitled<br />

Diretor <strong>de</strong> cena: as Figas<br />

Aprovação: Caio Fiuza, rodolfo luz, Bruno novaes e luiza dias<br />

Projeto tem foco nas oportunida<strong>de</strong>s da economia digital com peças<br />

publicitárias que enfatizam a vantagem <strong>de</strong> encontrar no mesmo aplicativo<br />

o suporte para ven<strong>de</strong>r e gerenciar esses recursos. Além dos<br />

filmes para TV aberta, a estratégia contempla peças para o digital,<br />

re<strong>de</strong>s sociais, mídia impressa e ações com influenciadores.<br />

jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 15


entrevista<br />

Victor Assis<br />

CEO do Podpah<br />

“O Podpah é um fenômeno<br />

com vários porquês”<br />

Victor Assis é a mente por trás das câmeras e<br />

da mesa <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira on<strong>de</strong> nasceu o Podpah.<br />

Com uma expectativa <strong>de</strong> finalizar <strong>2023</strong> com<br />

um faturamento <strong>de</strong> R$ 25 milhões, o CEO<br />

do hub <strong>de</strong> conteúdo leva consigo diversas<br />

lições <strong>de</strong> suas experiências anteriores para<br />

tocar os negócios do canal que soma mais<br />

<strong>de</strong> sete milhões <strong>de</strong> inscritos e mais <strong>de</strong> 913<br />

milhões <strong>de</strong> visualizações. No total, o Podpah<br />

já trabalhou com 100 marcas ao longo <strong>de</strong><br />

sua trajetória e, para Assis, um dos motivos<br />

que fazem com que as empresas escolham<br />

o hub é o fato <strong>de</strong> o canal ser um espaço<br />

brand safety. “Quando a gente se tornou uma<br />

marca segura para outras marcas investirem,<br />

naturalmente fomos conseguindo ganhar<br />

espaço”. Prestes a lançar uma festa, a<br />

PodParty, que ocorrerá em outubro <strong>de</strong> <strong>2023</strong>,<br />

o CEO conta como o Podpah se tornou um<br />

canhão no mercado e os próximos passos.<br />

Carolina Vilela<br />

O quanto você, como CEO, se envolve nos projetos do Podpah com<br />

as marcas?<br />

Até a gente se estruturar, eu me envolvia 100%. Hoje, com a presença do Romano na<br />

li<strong>de</strong>rança do comercial e do marketing, eu consigo me envolver um pouco menos. Eu<br />

entro mais em reuniões que são com gran<strong>de</strong>s marcas, gran<strong>de</strong>s contratos que temos <strong>de</strong><br />

discutir mais termos. Eu também gosto muito <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões criativas, então,<br />

se a gente precisa fazer uma entrega, eu entro na discussão. De marcas, o Romano e<br />

a Luana tocam mais o dia a dia, ao mesmo tempo que ficam olhando o faturamento, a<br />

gestão <strong>de</strong> pessoas, os processos, o approach com o mercado etc. Eu acabo participando<br />

mais da etapa final das negociações, das últimas reuniões. O Romano está falando com<br />

marcas que eu nem sei, ele só me avisa que está fechando e me pergunta o que eu<br />

acho. Ele me <strong>de</strong>safoga muito, é o meu braço direito.<br />

Como as suas outras experiências profissionais contribuíram para a<br />

sua função <strong>de</strong> CEO?<br />

Na verda<strong>de</strong>, a minha formação foi muito na Copa das Confe<strong>de</strong>rações, trabalhando com a<br />

Adidas em um projeto que englobava a Copa das Confe<strong>de</strong>rações, o lançamento da bola<br />

da Copa e a Copa do Mundo. Ali foi a minha escola, porque eu estava trabalhando diretamente<br />

com branding e o objetivo era ser a marca mais falada durante a Copa do Mundo.<br />

Foi lá que eu conheci esse mundo <strong>de</strong> branding, achei muito legal po<strong>de</strong>r proporcionar<br />

Divulgação<br />

experiências para o consumidor e <strong>de</strong>cidi que queria trabalhar com isso. Quando eu fui<br />

para o Palmeiras, eu já tinha essa experiência. No clube, o <strong>de</strong>safio era rejuvenescer a<br />

marca, ter presença nas re<strong>de</strong>s sociais, fazer ações que engajassem o público. Começamos<br />

a <strong>de</strong>senvolver um monte <strong>de</strong> projetos que conectavam as pessoas e fizessem com<br />

que o Palmeiras se tornasse uma marca mais jovem e atualizada. Essas duas escolas foram<br />

muito importantes para eu começar a <strong>de</strong>senvolver essa visão <strong>de</strong> marca <strong>de</strong>ntro da<br />

minha carreira. No Podpah não foi diferente. Aqui, o que eu mais usei foi essa visão <strong>de</strong><br />

marca, porque a parte comercial e financeira a gente estruturou, mas eu acho que foi<br />

justamente essa visão <strong>de</strong> marca que nos trouxe até aqui. Conseguir conversar com uma<br />

marca e mostrar que você tem algo consolidado, com princípios e valores, é muito bom.<br />

Como era a estrutura do Podpah no início e o que mudou ao longo<br />

<strong>de</strong>sses anos?<br />

No começo, nós éramos em três: eu, Igor e Mítico. Quando o Podpah saiu do Flow, nós<br />

precisávamos <strong>de</strong> uma pessoa para fazer os cortes dos ví<strong>de</strong>os e eu chamei o Alex, que<br />

era meu amigo <strong>de</strong> infância e tinha ido para a Austrália estudar engenharia <strong>de</strong> som. Eu<br />

liguei para ele, contei do projeto, falei que a gente não sabia on<strong>de</strong> ia dar, mas convi<strong>de</strong>i<br />

mesmo não sendo a especialização <strong>de</strong>le e ele aceitou. No ano passado, quando fizemos<br />

dois anos, tínhamos sete pessoas presenciais que eram eu, Igor, Mítico, Alex, Gabriel<br />

(diretor criativo), o Bruno (financeiro) e o Gabriel Galdêncio (re<strong>de</strong>s sociais). Fora, nós<br />

tínhamos o Ricardo como assessor e quatro meninos <strong>de</strong> Santos que faziam os cortes.<br />

Quando mudamos para o novo prédio, precisamos estruturar muita coisa porque <strong>de</strong>i-<br />

16 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


“Des<strong>de</strong> o início do Podpah, nós já<br />

trabalhamos com 100 marcas”<br />

xou <strong>de</strong> ser só um podcast, viramos um hub <strong>de</strong> conteúdo e a administração inteira do<br />

prédio é nossa, então contratamos uma produtora, uma chefe <strong>de</strong> cozinha para o Rango<br />

Brabo, um editor, um <strong>de</strong>signer... Hoje, nós somos em 25 pessoas presentes e mais os<br />

meninos <strong>de</strong> Santos e as outras pessoas, somando tudo dá entre 30 e 35 pessoas. Nós tomamos<br />

muito cuidado para não inflar a estrutura também, porque <strong>de</strong>sligar funcionário<br />

é sempre muito traumático, então sempre colocamos os pés no chão, damos um passo<br />

<strong>de</strong> cada vez. Temos muitas pessoas híbridas aqui, como o Caio que faz as edições, mas<br />

também participa da criação do roteiro do Rango Brabo e ajuda a dirigir o programa. O<br />

nosso dia a dia é muito horizontal, então todo mundo participa <strong>de</strong> tudo.<br />

Em 2022, o Podpah se tornou um hub <strong>de</strong> conteúdos com vários programas<br />

na gra<strong>de</strong>. Por que vocês <strong>de</strong>cidiram ampliar o portfólio?<br />

Nós po<strong>de</strong>ríamos estar no nosso estúdio antigo, com um opex <strong>de</strong> um décimo do que é<br />

hoje e ainda assim, trabalhando com gran<strong>de</strong>s marcas, mas nós começamos a diagnosticar<br />

que, no período pós-pan<strong>de</strong>mia, talvez o formato do podcast não seria mais tão consumido,<br />

ou até que daqui um ou dois anos o YouTube mu<strong>de</strong> o algoritmo e o watchtime<br />

não seja mais o principal drive, ou que as pessoas simplesmente cansassem <strong>de</strong> podcast<br />

e começassem a consumir outro tipo <strong>de</strong> conteúdo e pensamos no que po<strong>de</strong>ríamos<br />

fazer nesses cenários. Nós não quisemos criar vários outros programas com o mesmo<br />

formato do podcast, então pensamos em diversificar o conteúdo para uma mesma audiência.<br />

A estratégia é essa. Eu sempre falo que o Podpah tem conversas que são muito<br />

importantes, mas é um podcast <strong>de</strong> entretenimento. O Rango Brabo é um programa <strong>de</strong><br />

culinária, mas, na verda<strong>de</strong>, é um programa <strong>de</strong> entretenimento com background <strong>de</strong> culinária.<br />

A mesma coisa vale para o Quebrada F.C e o Podpah Visita. Todos são programas<br />

<strong>de</strong> entretenimento, mas com backgrounds específicos e formatos diferentes. Então,<br />

hoje, nós temos um formato que é sentar em volta <strong>de</strong> uma mesa e passar uma hora<br />

conversando, um formato <strong>de</strong> <strong>de</strong> 40 minutos com o Defante fazendo loucuras em uma<br />

cozinha, um formato que é <strong>de</strong> hard news para falar <strong>de</strong> futebol e um formato que é para<br />

o público parar em casa e ver como é a casa <strong>de</strong> uma outra pessoa. Nós estamos criando<br />

programas diferentes para um mesmo público, essa é a estratégia.<br />

No total, o hub Podpah tem quantos patrocinadores?<br />

Nós temos alguns patrocinadores que são anuais, mas não são do hub como um todo.<br />

Do hub, nós temos Três Corações, Brahma, GM, Chivas, Dorflex, Gillette, Guaraná, Pepsi,<br />

Itaú, Red Bull e Spotify. Também tem as marcas que são ativas, com contrato vigente,<br />

mas não tem bloqueio, então eu posso trabalhar com concorrentes, que são Bis, O Boticário,<br />

Centauro, HBO Max, Hellman’s, Lacoste, MCD, McDonald’s, NBA, Oakley, Outback,<br />

Paramount, Prime Vi<strong>de</strong>o, Ruffles, Sadia, Smart Fit, Sucrilhos, Subway, Visa e Zé Delivery.<br />

Essas são marcas que nós estamos fazendo entregas atualmente, não são anuais, mas,<br />

hoje, se alguém chegar e pedir para amanhã, a gente não consegue porque temos esses<br />

contratos com entregas ainda.<br />

Em 2022, vocês tinham a meta <strong>de</strong> ter seis programas na gra<strong>de</strong> e,<br />

com o Podpah Visita, chegaram ao quinto. Como estão as negociações<br />

para o sexto programa? Ele vai ser lançado até o fim do ano?<br />

Nós temos uma gaveta com três ou quatro programas <strong>de</strong>senhados, mas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

do programa, ele tem um custo alto <strong>de</strong> investimento ou ainda estamos procurando as<br />

pessoas certas para apresentá-los porque, no final das contas, os nossos apresentadores<br />

precisam conversar com a nossa audiência. Nós ainda não temos trabalhos para lançar<br />

o sexto programa, estamos totalmente mergulhados no Visita para fazer acontecer<br />

e não começamos a mexer os pauzinhos do sexto programa ainda. A gente tem alguns<br />

especiais que fizemos ao longo do ano, como o Podpah fazendo festivais <strong>de</strong> música, o<br />

que não estava no nosso planejamento para este ano, mas apareceu a oportunida<strong>de</strong><br />

e temos outras negociações para fazer outros festivais ainda em <strong>2023</strong>. Não sei se isso<br />

vai se tornar uma coisa fixa na nossa gra<strong>de</strong>, mas é uma transmissão especial <strong>de</strong>ntro do<br />

Podpah que vai acontecer pelo menos uma vez por semestre. Eu acredito que vamos<br />

bater a meta dos seis programas até o fim do ano, não sei como a gente vai fazer seis<br />

programas aqui no prédio, mas vamos dar um jeito.<br />

Quantas ações <strong>de</strong> marca o Podpah fez em 2022?<br />

Eu consigo te dizer que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do Podpah, nós já trabalhamos com 100 marcas.<br />

Tem algumas que vêm e fazem uma ação pontual, têm outras que ficam com a gente<br />

por um tempo e <strong>de</strong>pois começam a fazer pontuais também... Enfim, tem <strong>de</strong> tudo. Eu não<br />

consigo te falar ações especificamente, mas 100 marcas passaram pelo Podpah <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 2020 até hoje.<br />

Além dos programas, quais outros ativos há no planejamento?<br />

Nós vamos ter a Podparty, que vai acontecer em outubro. As marcas estão gostando<br />

do projeto, falando com a gente sobre e o projeto tem andado. Acho que a conta nós<br />

vamos zerar e <strong>de</strong>pois pensar em como lucrar, mas acho que é importante para a marca<br />

Podpah ter algo <strong>de</strong>sse tipo. Depois que fizermos a primeira, vamos enten<strong>de</strong>r mais o<br />

negócio e realizar melhor. Nós contratamos uma agência <strong>de</strong> eventos para fazer porque<br />

esse é um ativo que envolve muitas coisas como banheiros, seguranças, ticketeira <strong>de</strong><br />

ingressos etc. e nós não dominamos essa área, mas vai dar certo. Estamos <strong>de</strong>ixando a<br />

agência cuidar <strong>de</strong>sses pontos e nós estamos cuidando dos convidados, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vai ser<br />

o espaço, quem vai se apresentar, as ações <strong>de</strong> marcas. A Podparty vai ser no Komplexo<br />

Tempo, na Mooca, em São Paulo, e vai ter experiências <strong>de</strong> marcas como a Chivas, por<br />

exemplo. Vai ser uma festa para três mil pessoas.<br />

Para você, qual motivo levou ao sucesso que o Podpah tem hoje?<br />

É muito difícil falar <strong>de</strong> si mesmo sem parecer arrogante, mas acho que o Podpah começou<br />

a amplificar vozes <strong>de</strong> pessoas que não tinham espaço. Um exemplo disso é que,<br />

antes do fenômeno dos podcasts, você não via os Mcs e funkeiros dando entrevistas<br />

na TV e, mesmo quando os podcasts explodiram, essa galera ainda não tinha espaço.<br />

O Podpah veio para representar essa parte da população, abrindo espaço para os Mcs,<br />

funkeiros, rappers, trappers... Acho que esse foi o primeiro gran<strong>de</strong> movimento do Podpah<br />

que mudou a forma <strong>de</strong> se comunicar. Fora isso, tem a habilida<strong>de</strong> do Igor e do<br />

Mítico <strong>de</strong> conversar com cantores <strong>de</strong> forró, <strong>de</strong> rock, <strong>de</strong> trap, <strong>de</strong> rap, com gamer, com<br />

streamer, com professor e com psicanalista <strong>de</strong> uma forma muito realista e sincera.<br />

Acho que o público se i<strong>de</strong>ntifica. Outro atributo que eu dou é ser uma brand safety.<br />

Quando a gente se tornou uma marca segura para outras marcas investirem, naturalmente<br />

fomos conseguindo ganhar espaço, como a final da Libertadores patrocinados<br />

pela EA Sports, ir para um camarote no Carnaval com a Brahma e por aí vai. São lugares<br />

que, se nós não tivéssemos com gran<strong>de</strong>s marcas, nós não estaríamos. A própria Copa do<br />

Mundo <strong>de</strong> 2022, que fomos com a CBF, é outro exemplo. Como o Podpah é um lugar seguro<br />

para as marcas, elas nos proporcionaram novas experiências e alcances. A Netflix<br />

trouxe o Chris Hemsworth, ator que faz o Thor, aqui porque nós somos um lugar seguro<br />

para se comunicar. O Podpah foi o único lugar que ele falou por mais <strong>de</strong> sete minutos,<br />

por exemplo. Ele ficou 30 minutos com o Igão e o Mítico. Isso significa muito para nós. O<br />

Podpah é um fenômeno que tem vários porquês, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> conteúdo, <strong>de</strong> visão, <strong>de</strong> marca...<br />

Acho que tudo isso se somou e virou o que somos hoje.<br />

O quanto o hub cresceu em 2022 e qual é a expectativa para <strong>2023</strong>?<br />

Em junho <strong>de</strong> <strong>2023</strong>, nós igualamos o faturamento do ano passado com o hub, que foi <strong>de</strong><br />

R$ 18,5 milhões. A expectativa é que a gente feche o ano com R$ 25 milhões <strong>de</strong> faturamento.<br />

Tomara que seja até mais, mas pelo nosso estudo aqui <strong>de</strong> marcas e propostas<br />

que já fechamos, acho que batemos os R$ 25 milhões até <strong>de</strong>zembro.<br />

Quais são os caminhos para o Podpah continuar crescendo?<br />

Trabalhar com internet é ter <strong>de</strong> se reinventar a quase todo tempo. Eu não consigo afirmar<br />

qual vai ser o próximo gran<strong>de</strong> movimento da internet, é muito difícil prever isso e,<br />

se você consegue prever, é porque estourou qualquer expectativa. Nós temos <strong>de</strong> estar<br />

atentos ao que está acontecendo, então tudo o que nós assistimos, a gente pensa em<br />

como seria aquilo com o toque do Podpah. O Podpah Visita, por exemplo, nasceu <strong>de</strong> um<br />

insight do MTV Cribs e a referência do Igor foi o programa “Gugu na minha casa”. Então,<br />

o pensamento foi como seriam esses programas com o olhar do Podpah. A gente fica<br />

<strong>de</strong> olho no que está acontecendo no mercado em relação a conteúdo e on<strong>de</strong> conseguimos<br />

explorar isso <strong>de</strong> uma forma legal. Não consigo te prever o próximo passo do<br />

conteúdo da internet, mas o <strong>de</strong>safio é continuar sempre se reinventando. Eu não posso,<br />

por exemplo, ter dois episódios do “Rango Brabo” com dinâmicas parecidas, porque fica<br />

cansativo para quem assiste. O <strong>de</strong>safio criativo <strong>de</strong> sempre fazer coisas diferentes é o<br />

nosso maior estímulo para conseguir continuar sendo relevante.<br />

“O <strong>de</strong>safio criativo <strong>de</strong> sempre<br />

fazer coisas diferentes é<br />

o nosso maior estímulo”<br />

jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 17


mercado<br />

Mo<strong>de</strong>lo híbrido predomina nas agências<br />

um ano após flexibilização da pan<strong>de</strong>mia<br />

Alternar os sistemas home office e presencial tornou-se a nova cultura<br />

<strong>de</strong> trabalho na publicida<strong>de</strong>, mas a falta <strong>de</strong> interação é um dos entraves<br />

Freeipk<br />

Mesmo após o fim do isolamento social causado pela pan<strong>de</strong>mia da Covid-19, muitos escritórios das agências <strong>de</strong> propaganda continuam vazios a maior parte do tempo<br />

Pedro Yves<br />

Passado mais <strong>de</strong> um ano do fim das restrições da pan<strong>de</strong>mia da Covid-19, o que<br />

mudou no cotidiano do mercado publicitário? A emergência naquele período<br />

sombrio obrigou um contingente imenso <strong>de</strong> funcionários a ir para o isolamento<br />

social e a alternativa foi adotar o regime home office em praticamente todos os setores<br />

em que o contato presencial é necessário. Com a flexibilização, veio o sistema<br />

híbrido, alternando dias entre o presencial e o trabalho a distância. Contudo, o que<br />

parecia ser apenas uma solução passageira, tornou-se uma nova cultura <strong>de</strong> trabalho.<br />

Hoje em dia, o que se vê é pouca gente circulando nas agências no horário comercial.<br />

Não é um fenômeno exclusivo da publicida<strong>de</strong>. De acordo com levantamento da plataforma<br />

<strong>de</strong> coworking BeerOrCoffee, 42% das pessoas que passaram a trabalhar <strong>de</strong> casa<br />

em função do isolamento – in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do setor em que atuam – querem continuar<br />

assim. Principalmente para ativida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>mandam mais criativida<strong>de</strong>. Várias<br />

pesquisas apontam que esse mo<strong>de</strong>lo é o preferido, tanto entre os executivos C-Level<br />

como entre os colaboradores em geral. A FGV divulgou uma pesquisa que aponta que<br />

71% acreditam na flexibilização como futuro do trabalho. Já <strong>de</strong> acordo com a consultoria<br />

Mckinsey & Company, 52% apontam o sistema híbrido como o i<strong>de</strong>al, lembra Paula Molina,<br />

diretora <strong>de</strong> RH da WMcCann.<br />

Porém, em nível global, houve resistências ao novo estilo <strong>de</strong> trabalho. Em comunicado<br />

logo após o início da flexibilização das regras <strong>de</strong> isolamento no ano passado,<br />

Google e Amazon exigiram a volta <strong>de</strong> suas equipes ao trabalho presencial mesmo após<br />

constatar que a maioria <strong>de</strong> seus funcionários não queria sair <strong>de</strong> casa. Outros casos pipocaram<br />

em seguida.<br />

O que está claro é que cada sistema tem suas vantagens e <strong>de</strong>svantagens – para<br />

ambos os lados. Até o início da pan<strong>de</strong>mia, o trabalho presencial era predominante, com<br />

o funcionário indo para o escritório e cumprindo um horário <strong>de</strong>terminado junto aos<br />

colegas e seus superiores. Para ele, a vantagem era ter uma estrutura montada exclusivamente<br />

para realizar suas tarefas. Já para a empresa, a proximida<strong>de</strong> física do staff<br />

permitia um maior controle sobre o <strong>de</strong>sempenho e a produtivida<strong>de</strong>.<br />

A <strong>de</strong>svantagem para quem bate cartão é o inconveniente <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> se <strong>de</strong>slocar até<br />

o local <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>sperdiçando um tempo no trânsito que po<strong>de</strong>ria ser mais bem<br />

aproveitado para ficar com a família, por exemplo. Para a empresa, há o custo <strong>de</strong> manutenção<br />

da estrutura física dos escritórios.<br />

Já no mo<strong>de</strong>lo híbrido, a vantagem para ambos os lados parece óbvia: tanto empregados<br />

quanto empresa lucram em ganho <strong>de</strong> tempo e redução <strong>de</strong> custos. Mas a falta<br />

<strong>de</strong> interação humana, como a comunicação e a socialização, ainda é um fator que joga<br />

contra esse estilo <strong>de</strong> trabalho, mesmo com a interação digital possível por meio <strong>de</strong><br />

aplicativos como Google Meet e Teams. E há também a constatação <strong>de</strong> que muitas<br />

vezes executar tarefas profissionais em casa acaba por ocupar mais tempo do que<br />

quando se tem horários <strong>de</strong>finidos, o que levou ao surgimento da chamada síndrome<br />

<strong>de</strong> Burnout, ou esgotamento emocional e mental por excesso <strong>de</strong> trabalho.<br />

O propmark ouviu executivos <strong>de</strong> algumas das principais agências <strong>de</strong> propaganda<br />

brasileiras sobre o tema. Leia a seguir.<br />

18 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


“A WMcCann está trabalhando no mo<strong>de</strong>lo híbrido. Os times que aten<strong>de</strong>m aos<br />

clientes vão à agência dois dias na semana, <strong>de</strong> forma intercalada. Enten<strong>de</strong>mos<br />

que esse formato une a flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada pelos colaboradores às necessida<strong>de</strong>s<br />

reais do nosso negócio, equalizando os benefícios e os <strong>de</strong>safios dos<br />

mo<strong>de</strong>los remoto e 100% presencial. Hoje, a flexibilida<strong>de</strong> é um dos fatores que<br />

mais influenciam na atração e retenção <strong>de</strong> talentos. Várias pesquisas apontam<br />

que o mo<strong>de</strong>lo híbrido é o preferido, tanto entre os executivos C-level como<br />

entre os colaboradores em geral. A FGV lançou uma pesquisa que aponta que<br />

71% acreditam na flexibilização como futuro do trabalho. Já <strong>de</strong> acordo com a<br />

consultoria Mckinsey & Company, 52% apontam o sistema híbrido como o i<strong>de</strong>al.<br />

Internamente, acompanhamos os dados das nossas pesquisas <strong>de</strong> clima para<br />

enten<strong>de</strong>r como a expectativa <strong>de</strong> mais flexibilida<strong>de</strong> se reverte no engajamento<br />

dos colaboradores. Como exemplo, nossa última pesquisa <strong>de</strong> clima, realizada em<br />

2022, aponta que 97% dos respon<strong>de</strong>ntes citam estar confiantes em suas habilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> trabalhar no mo<strong>de</strong>lo híbrido e 83% citam que o ambiente <strong>de</strong> trabalho<br />

híbrido impacta positivamente em seus <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> permanecerem na empresa.<br />

Mas enten<strong>de</strong>mos que há outros critérios que precisam ser consi<strong>de</strong>rados. O<br />

formato híbrido também é <strong>de</strong>safiador quando falamos <strong>de</strong> comunicação interna e<br />

sinergias entre os times. Eventualmente, encontramos falhas e, por isso, estamos<br />

atentos em manter a transparência <strong>de</strong> comunicação e o cuidado na manutenção<br />

<strong>de</strong> ferramentas apropriadas. Assim, nos mantemos sempre abertos a testes sobre<br />

novos mo<strong>de</strong>los frente a respostas aos nossos resultados.”<br />

Paula Molina<br />

Diretora <strong>de</strong> RH da WMcCann<br />

“O isolamento social foi <strong>de</strong>safiador e trouxe a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ressignificar<br />

a nossa relação com o trabalho. Em vez <strong>de</strong> encaixarmos nossa vida no<br />

trabalho, tentamos ao máximo fazer com que ele se encaixasse na nossa<br />

vida. Por isso, as nossas mudanças na rotina foram sempre baseadas<br />

no cuidado e na promoção da saú<strong>de</strong> mental e física da equipe.<br />

Encontramos no formato híbrido a melhor maneira para dialogarmos<br />

com a colaboração e a eficiência dos times, adaptando as rotinas das<br />

equipes para que os diálogos sejam mais diversos e para que as entregas<br />

mantenham sempre a qualida<strong>de</strong> em benefício <strong>de</strong> nossos clientes. É um<br />

mo<strong>de</strong>lo que tem dado certo, pois canalizamos o momento do presencial<br />

para nos aproximarmos mais, revivermos nossa cultura – já que muitas<br />

contratações foram feitas remotamente – e fazermos valer o que realmente<br />

importa quando estamos juntos, que são a troca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias,<br />

e novas conversas que nos levam a novas histórias.”<br />

Antonio Fadiga<br />

Sócio e presi<strong>de</strong>nte da Artplan<br />

jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 19


mercado<br />

“Des<strong>de</strong> que a pan<strong>de</strong>mia acabou, lançamos diferentes medidas para que as pessoas voltassem,<br />

aos poucos, a ocupar o escritório <strong>de</strong> forma or<strong>de</strong>nada e respeitando as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada<br />

um. Nunca houve uma imposição <strong>de</strong> que todos <strong>de</strong>veriam voltar à agência. Os times se organizaram<br />

com seus gestores, <strong>de</strong> acordo com a entrega <strong>de</strong> cada conta e o perfil <strong>de</strong> cada posição.<br />

Na paralela, criamos um comitê <strong>de</strong> cultura que discute semanalmente formas <strong>de</strong> fazer com que<br />

as pessoas <strong>de</strong>senvolvam esse sentido <strong>de</strong> pertencimento tão importante em relação ao local<br />

on<strong>de</strong> trabalham. Fazemos uma série <strong>de</strong> eventos na nossa se<strong>de</strong>, que também ajudam a criar o<br />

senso <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> e a incentivar as trocas presenciais. O resultado é que temos uma lotação<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> segunda a quinta-feira. Na sexta-feira, o home office é a priorida<strong>de</strong>.”<br />

Jaqueline Travaglin<br />

COO da VMLY&R<br />

“A se<strong>de</strong> da Galeria.ag foi projetada durante a pan<strong>de</strong>mia, em um contexto em que<br />

as pessoas estavam acostumadas a trabalhar <strong>de</strong> casa todos os dias. Nosso intuito,<br />

então, foi proporcionar um espaço confortável para os funcionários, on<strong>de</strong> eles preferissem<br />

ir frequentemente, em vez <strong>de</strong> se sentirem pressionados a estarem lá.<br />

O projeto inclui diferentes ambientes, como um café com livraria e um rooftop<br />

com vista panorâmica da cida<strong>de</strong>. O escritório foi pensado para favorecer as trocas<br />

entre diferentes <strong>de</strong>partamentos e estimular a criativida<strong>de</strong>. Atualmente, as pessoas<br />

<strong>de</strong>vem vir 10 vezes por mês ao escritório, mas po<strong>de</strong>m escolher os melhores<br />

dias para estarem lá <strong>de</strong> acordo com a rotina e as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> trabalho.”<br />

Eduardo Simon<br />

CEO e sócio-fundador da Galeria.ag<br />

“Aqui na Lew’Lara\TBWA acreditamos que o mo<strong>de</strong>lo híbrido aten<strong>de</strong> às necessida<strong>de</strong>s<br />

das pessoas, da agência e dos nossos clientes, além <strong>de</strong> contribuir com a<br />

mobilida<strong>de</strong> urbana e com as novas <strong>de</strong>mandas emocionais, individuais e familiares<br />

dos colaboradores. Temos convicção <strong>de</strong> que as trocas presenciais são fundamentais<br />

para o nosso negócio, para o <strong>de</strong>senvolvimento dos talentos, das relações e<br />

para a constante evolução da nossa cultura organizacional e, também, que não<br />

po<strong>de</strong>mos abrir mão <strong>de</strong> todo o aprendizado que tivemos nos últimos anos enquanto<br />

socieda<strong>de</strong> confinada. Por isso, nossa intenção é manter o mo<strong>de</strong>lo híbrido<br />

<strong>de</strong> 2 dias fixos na agência para garantir a integração e 3 dias flexíveis, sendo pelo<br />

menos 2 em home office, que garantem o conforto e a flexibilida<strong>de</strong> experienciados<br />

na pan<strong>de</strong>mia.”<br />

Elise Passamani<br />

VP <strong>de</strong> cultura e operações da Lew’Lara\TBWA<br />

20 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


“Com o objetivo <strong>de</strong> combinar os benefícios do trabalho remoto e do presencial, a Fbiz<br />

optou por operar no mo<strong>de</strong>lo híbrido, proporcionando flexibilida<strong>de</strong> e aten<strong>de</strong>ndo às<br />

<strong>de</strong>mandas das pessoas colaboradoras. Nesse sentido, incentivamos que o trabalho<br />

presencial tenha alguma motivação: necessida<strong>de</strong>s da equipe, <strong>de</strong> clientes e da empresa,<br />

bem como vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar pessoas – e isso é muito valioso para nós. A periodicida<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> ser alinhada entre os times, e orientamos as nossas li<strong>de</strong>ranças a criarem<br />

uma agenda produtiva, que valorize a união e a troca <strong>de</strong> experiências, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

do ambiente. Além disso, o formato híbrido tem sido uma experiência muito<br />

positiva, possibilitando, inclusive, a colaboração <strong>de</strong> talentos <strong>de</strong> regiões fora <strong>de</strong> São<br />

Paulo. Nesse contexto, surgem os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> engajamento, já que a maior parte da<br />

jornada <strong>de</strong> trabalho ocorre <strong>de</strong> modo remoto. Pensando no incentivo à integração das<br />

pessoas, criamos oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> encontros (presenciais e online) para celebrações e<br />

compartilhamento <strong>de</strong> conteúdos relevantes, como happy hours, palestras, treinamentos<br />

<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> etc. Passamos também a <strong>de</strong>senvolver uma comunicação interna<br />

mais ativa, com linhas editoriais que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> informações diárias até a divulgação <strong>de</strong><br />

trabalhos realizados pela agência e histórias <strong>de</strong> pessoas que atuam com a gente. Todas<br />

essas iniciativas são voltadas para manter a conexão entre as pessoas no mo<strong>de</strong>lo híbrido<br />

<strong>de</strong> trabalho e fortalecer a nossa cultura organizacional. O nosso intuito é continuar<br />

apostando nesse formato, sempre com canais <strong>de</strong> escuta abertos para evoluir cada vez<br />

mais e priorizar o bem-estar das nossas pessoas.”<br />

Caroline Mariano<br />

Gerente <strong>de</strong> cultura e pessoas da Fbiz<br />

“Inicialmente, voltamos em um formato híbrido mais livre e espontâneo,<br />

on<strong>de</strong> as pessoas eram orientadas a ir presencialmente três vezes<br />

por semana, mas elas <strong>de</strong>cidiam os dias que iriam, avaliando semanalmente<br />

a necessida<strong>de</strong>. Depois <strong>de</strong> algum tempo funcionando <strong>de</strong>ssa<br />

maneira, tivemos gran<strong>de</strong>s aprendizados do que funciona e do que<br />

não funciona. Diante isso, a David mudou recentemente o esquema<br />

<strong>de</strong> rodízio, mantendo os três dias presenciais; entretanto, mudou para<br />

que dois dias sejam fixos. Organizamos os grupos, <strong>de</strong> acordo com as<br />

contas que as pessoas já trabalhavam, em um formato em que todas<br />

as que aten<strong>de</strong>m as mesmas contas passam a estar presencialmente<br />

na agência nos mesmos dias. Essa iniciativa veio para agregar ainda<br />

mais agilida<strong>de</strong> e valor ao processo criativo e contribuir para a sinergia<br />

e conexões entre as equipes. As pessoas pu<strong>de</strong>ram vivenciar os benefícios<br />

<strong>de</strong> trabalhar a distância e nos encontramos hoje em uma outra<br />

realida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> não vejo mais o trabalho 100% presencial. No entanto,<br />

estar na agência parte do tempo e permitir a troca <strong>de</strong> informações<br />

entre as equipes <strong>de</strong> forma espontânea e natural, como era no passado,<br />

também são essenciais para o negócio da criativida<strong>de</strong>.<br />

E tem ainda as pessoas que preferem estar <strong>de</strong> forma presencial<br />

na agência, ainda que apenas alguns dias. Então, o que posso dizer é<br />

que o mo<strong>de</strong>lo híbrido adotado pela David busca aten<strong>de</strong>r a diversas<br />

necessida<strong>de</strong>s, visando a sempre um ambiente <strong>de</strong> trabalho criativo.<br />

Também temos constantemente ouvido nossos times através <strong>de</strong><br />

uma comunicação clara e transparente. Em geral, posso dizer<br />

que a resposta a esse mo<strong>de</strong>lo atual tem sido positiva.”<br />

Sylvia Panico<br />

Global COO da David<br />

jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 21


mercado<br />

10º Congresso Abep promove discussões<br />

sobre transformação digital e ESG<br />

A Associação Brasileira <strong>de</strong> Empresas <strong>de</strong> Pesquisa reuniu profissionais<br />

para discutir temas que estão re<strong>de</strong>finindo o cenário empresarial<br />

Fotos: Alê Oliveira<br />

Maura Coracini, diretora <strong>de</strong> media digital da Kantar e chairwoman do Congresso Abep<br />

Adrieny Magalhães<br />

O<br />

10º Congresso <strong>de</strong> Pesquisa <strong>de</strong> Mercado<br />

Opinião e Mídia, realizado na<br />

Unibes Cultural, em São Paulo, no<br />

último dia 8, reuniu lí<strong>de</strong>res do setor para<br />

discutir temas cruciais que estão re<strong>de</strong>finindo<br />

o cenário empresarial e econômico.<br />

Com o tema “Soluções digitais<br />

- Transformando a realida<strong>de</strong> da informação”,<br />

o evento <strong>de</strong>stacou a crescente<br />

relevância da inteligência dos dados e a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soluções digitais e sustentáveis<br />

em um ambiente empresarial<br />

em constante mudança.<br />

Maura Coracini, diretora <strong>de</strong> media &<br />

digital da Kantar e chairwoman do Congresso<br />

Abep, enfatizou a importância <strong>de</strong><br />

as marcas compreen<strong>de</strong>rem e interpretarem<br />

dados <strong>de</strong> forma eficaz para enfrentar<br />

<strong>de</strong>safios. “A pan<strong>de</strong>mia impactou<br />

a socieda<strong>de</strong> e trouxe imensos <strong>de</strong>safios<br />

para as marcas. E aquelas mais bem preparadas<br />

para interpretar dados e informações<br />

conseguiram se recuperar mais<br />

rápido”, <strong>de</strong>stacou Coracini.<br />

“Jornada ESG” da Globo<br />

Um dos <strong>de</strong>staques do evento foi a<br />

apresentação <strong>de</strong> Cristovam Ferrara, head<br />

<strong>de</strong> valor social da Globo, que compartilhou<br />

exemplos concretos da implementação<br />

<strong>de</strong> práticas ESG (Ambiental, Social e<br />

Governança Corporativa) pela marca. Ferrara<br />

<strong>de</strong>smistificou a crença <strong>de</strong> que lucro<br />

e sustentabilida<strong>de</strong> são incompatíveis,<br />

compartilhando insights sobre como a<br />

Globo adotou o compromisso com a sustentabilida<strong>de</strong><br />

e socieda<strong>de</strong>, a chamada<br />

“Jornada ESG”.<br />

“Antes <strong>de</strong> comunicar nosso compromisso<br />

para quem acompanha a Globo,<br />

temos um plano <strong>de</strong> comunicação muito<br />

bem estruturado. Cada um dos nossos<br />

compromissos são amplamente divulgados,<br />

porque queremos mostrar o que<br />

estamos fazendo para mobilizar as pessoas”,<br />

explicou Ferrara.<br />

Ainda em bate-papo com os convidados,<br />

Ferrara afirma que ainda não existe<br />

como mensurar exatamente o valor social<br />

causado pelas empresas. “O ESG não<br />

está sendo trabalhado <strong>de</strong>ntro da Globo<br />

apenas para impactar positivamente a<br />

socieda<strong>de</strong>, mas para, através <strong>de</strong>ste impacto,<br />

gerar um valor social – e ainda não<br />

temos métricas para medir [o tamanho<br />

do impacto]”.<br />

O profissional finalizou o discurso<br />

apresentando projetos que contribuem<br />

para a Jornada ESG da Globo, como o Movimento<br />

LED, o Movimento Menos é Mais<br />

e outros.<br />

“Com esse propósito, quanto mais a<br />

Cristovam Ferrara, head <strong>de</strong> valor social da Globo, falou sobre a “Jornada ESG” da marca<br />

gente conseguir enten<strong>de</strong>r a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> pensar nas próximas gerações – que<br />

é o conceito básico do ESG –, vamos começar<br />

a achar verda<strong>de</strong>iras soluções. Temos<br />

<strong>de</strong> acreditar naquilo que estamos<br />

fazendo e no po<strong>de</strong>r daquilo, assim mudamos<br />

a nossa realida<strong>de</strong>”, finalizou Cristovam<br />

Ferrara.<br />

Who CarES? Who doES?<br />

Durante o congresso, a pesquisa “Who<br />

cares? Who does?” da Kantar foi divulgada,<br />

revelando que 46% dos consumidores<br />

não confiam em ações publicitárias relacionadas<br />

à sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

A pesquisa categorizou os consumidores<br />

em grupos distintos: Eco-Actives,<br />

compradores que se preocupam muito<br />

com o meio ambiente e estão tomando<br />

as medidas necessárias para reduzir o<br />

<strong>de</strong>sperdício; Eco-Consi<strong>de</strong>rers, que também<br />

estão preocupados com o meio<br />

ambiente e os resíduos plásticos, mas<br />

não realizam muitas ações para reduzir<br />

o <strong>de</strong>sperdício; Eco-Dismissers, compradores<br />

que pouco ou nada se preocupam<br />

com o meio ambiente e não tomam medidas<br />

para reduzir o <strong>de</strong>sperdício.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> educar os consumidores<br />

sobre práticas sustentáveis emergiu<br />

como um tema recorrente. Mais <strong>de</strong><br />

30% dos consumidores têm problemas<br />

46% dos<br />

consumidores<br />

não confiam em<br />

publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sustentabilida<strong>de</strong><br />

22 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


Fotos: Alê Oliveira<br />

Duilio Novaes, presi<strong>de</strong>nte da Abep <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2016 e chairman do Congresso Abep<br />

para saber o que po<strong>de</strong>m reciclar em<br />

casa, mais <strong>de</strong> 40% <strong>de</strong>les não enten<strong>de</strong>m a<br />

etiqueta <strong>de</strong> reciclagem/não encontram<br />

informações sobre reciclagem nas embalagens.<br />

A pesquisa também revelou que quase<br />

meta<strong>de</strong> dos consumidores consi<strong>de</strong>ra<br />

as ações <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> apenas<br />

estratégias <strong>de</strong> marketing. 57% dos consumidores<br />

não sabem ou não associam<br />

nenhuma marca ao tema sustentabilida<strong>de</strong>;<br />

46% concordam que as empresas só<br />

se preocupam com o lucro e ações sustentáveis<br />

são ferramentas <strong>de</strong> marketing;<br />

27% acreditam que os fabricantes dos<br />

produtos são os maiores responsáveis<br />

pelos danos ambientais; e 43% mencionam<br />

alguma marca ou produto.<br />

No entanto, marcas como Natura, Ypê,<br />

Omo, Coca-Cola, O Boticário, Nestlé, Unilever,<br />

Veja, Dove e Avon foram lembradas<br />

positivamente pelos consumidores.<br />

A pesquisa aponta que para os varejistas,<br />

o cenário é ainda mais <strong>de</strong>safiador.<br />

O consumidor ainda não enten<strong>de</strong> o papel<br />

dos varejistas no cenário <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong><br />

e menos <strong>de</strong> 1/4 <strong>de</strong>les consegue<br />

mencionar algum tipo <strong>de</strong> loja.<br />

Apesar das informações <strong>de</strong> mercado<br />

mostradas pela “Who cares? Who does?”,<br />

marcas que se associam aos Eco-Activies<br />

estão crescendo entre 2 a 7 vezes mais<br />

rápido do que a média – sendo um número<br />

impressionante e incentivador para<br />

marcas continuarem engajando o tema.<br />

GrandES EmprESaS x ESG<br />

Profissionais da Ambev, Nestlé Brasil<br />

e Ipsos também dividiram suas perspectivas<br />

sobre práticas ESG, ressaltando os<br />

esforços e <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> suas respectivas<br />

empresas.<br />

Caio Ramos, diretor <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong><br />

da Ambev, <strong>de</strong>stacou a transformação<br />

cultural da empresa em direção à sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

“A busca [por caminhos<br />

mais sustentáveis] começou lá atrás, a<br />

Ambev é uma das primeiras empresas a<br />

Rafael Kröger Couto, insights director Kantar, apresenta “Who cares? Who does?”<br />

Caio Ramos, Paula Sória e Barbara Sapunar compartilham insights sobre práticas ESG no 10º Congresso Abep realizado em São Paulo<br />

ter gerente <strong>de</strong> meio ambiente nas cervejarias.<br />

Lá nos anos 1990, o foco era muito<br />

financeiro com o pensamento <strong>de</strong>: como<br />

eu posso ser mais eficiente, para economizar<br />

mais e ter um custo mais baixo”,<br />

explicou o diretor <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

Assim, em 2017, a Ambev começou<br />

seu compromisso, iniciando com a redução<br />

do consumo <strong>de</strong> água na cervejaria.<br />

“De 2017 para cá, nosso compromisso é<br />

garantir que, em todos os lugares que a<br />

Ambev opera, tenha água na quantida<strong>de</strong><br />

e na qualida<strong>de</strong> necessária – este é só um<br />

exemplo”, completou.<br />

Barbara Sapunar, diretora <strong>de</strong> business<br />

transformation da Nestlé Brasil,<br />

<strong>de</strong>stacou os compromissos sustentáveis<br />

da empresa e sua busca pela agricultura<br />

regenerativa. “Hoje, nós vivemos como<br />

empresa a partir <strong>de</strong>stes compromissos. A<br />

Nestlé se organiza <strong>de</strong> uma forma diferente<br />

e evoluiu ao adotar estes compromissos<br />

globais com ESG”, explicou Sapunar.<br />

A profissional salienta a importância<br />

<strong>de</strong> educar os consumidores, dando como<br />

exemplo a retirada das tampinhas plásticas<br />

<strong>de</strong> alguns produtos da Nestlé – que<br />

<strong>de</strong>sagradou uma parcela dos clientes,<br />

“A Nestlé evoluiu<br />

ao adotar<br />

compromissos<br />

globais com ESG”<br />

que precisaram ser reeducados, já que<br />

a empresa não voltaria atrás na <strong>de</strong>cisão<br />

quanto às embalagens.<br />

Paula Sória, client officer senior business<br />

partner da Ipsos, enfatizou o papel<br />

crucial dos dados na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />

conscientes. “Nós queremos ajudar e estimular<br />

nossos clientes a tomarem as <strong>de</strong>cisões<br />

corretas e, para isso, fornecemos<br />

dados”, esclareceu.<br />

Sória afirma que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano passado,<br />

a Ipsos está bem estruturada e com<br />

um olhar muito direcionado para o ESG<br />

– com um time apenas para tratar <strong>de</strong>ste<br />

assunto. “A gente realmente tem pensado<br />

como fazer isso localmente através<br />

<strong>de</strong> três pilares, sendo eles: o que nossos<br />

clientes precisam saber, o que eles precisam<br />

fazer e como dizer nessa jornada<br />

ESG”, completou.<br />

O 10º Congresso Abep se <strong>de</strong>stacou<br />

ao abordar pontos entre transformação<br />

digital, sustentabilida<strong>de</strong> e ESG, evi<strong>de</strong>nciando<br />

que empresas que abraçam esses<br />

princípios estão melhor posicionadas<br />

para enfrentar os <strong>de</strong>safios do mercado<br />

empresarial, que está em constante<br />

evolução.<br />

jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 23


mercado<br />

Lei Maria da Penha faz 17 anos e violência<br />

contra mulher ainda preocupa no Brasil<br />

No Agosto Lilás, governo e marcas lançam campanhas <strong>de</strong> prevenção e<br />

conscientização; houve aumento nos números <strong>de</strong> violência doméstica<br />

Divulgação<br />

A L’Oréal Paris lançou plataforma que ajuda a i<strong>de</strong>ntificar e agrupar diferentes tipos <strong>de</strong> assédio em conteúdos televisivos, chamada “Classificação Educativa”<br />

Nesta quinta-feira (17), a Lei Maria da Penha completa<br />

17 anos <strong>de</strong> existência. Apesar dos esforços<br />

<strong>de</strong> sensibilização em diversos âmbitos, as estatísticas<br />

ainda preocupam. Segundo o “Anuário Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Segurança Pública” (<strong>2023</strong>), os números absolutos<br />

<strong>de</strong> violência doméstica (lesão corporal dolosa) aumentaram<br />

<strong>de</strong> 237.596 (2021) para 245.713 (2022) no Brasil.<br />

Uma das ações é a campanha Agosto Lilás, realizada<br />

anualmente pela Secretaria da Mulher da Câmara dos<br />

Deputados – em parceria com a Comissão <strong>de</strong> Defesa dos<br />

Direitos da Mulher e a Procuradoria Especial da Mulher<br />

do Senado Fe<strong>de</strong>ral. A i<strong>de</strong>ia é promover discussões e ativida<strong>de</strong>s<br />

sobre o tema durante o mês. Dar visibilida<strong>de</strong> às<br />

violências que mulheres sofrem e realizar campanhas <strong>de</strong><br />

prevenção estão previstos na lei e fazem parte da atuação<br />

do Instituto Maria da Penha (IMP), que tem como um<br />

<strong>de</strong> seus compromissos contribuir com mecanismos para<br />

coibir e prevenir a violência doméstica e familiar.<br />

O IMP aponta cinco tipos <strong>de</strong> violência doméstica e familiar<br />

contra a mulher <strong>de</strong>finidos na Lei Maria da Penha.<br />

“A violência doméstica ainda é muito associada à agressão<br />

física, por ser a mais visível. Por isso, uma das frentes<br />

<strong>de</strong> atuação do IMP é ampliar o acesso à Lei Maria da<br />

Penha. Reconhecer os tipos <strong>de</strong> violência contribui tanto<br />

para <strong>de</strong>snaturalizar as agressões quanto para impulsionar<br />

as mulheres a buscarem ajuda. Precisamos lembrar<br />

também que essas formas <strong>de</strong> violência são complexas<br />

e não acontecem isoladas umas das outras. Esse alerta<br />

é muito importante, pois estamos falando <strong>de</strong> vidas e <strong>de</strong><br />

violação dos direitos humanos”, esclarece Conceição <strong>de</strong><br />

Maria, cofundadora e superinten<strong>de</strong>nte-geral do Instituto<br />

Maria da Penha.<br />

Para a IMP, a educação também é uma forma <strong>de</strong> enfrentar<br />

a violência doméstica e familiar contra a mulher.<br />

Nesse sentido, a Lei Maria da Penha reforça a importância<br />

da criação <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> educação e ressocialização<br />

para pessoas agressoras, bem como do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> campanhas educativas <strong>de</strong> prevenção à violência<br />

tanto para o ambiente escolar quanto para a socieda<strong>de</strong>.<br />

Fundado em 2009, o Instituto Maria da Penha (IMP)<br />

é uma organização não governamental sem fins lucrativos.<br />

A sua missão é enfrentar, por meio <strong>de</strong> mecanismos<br />

<strong>de</strong> conscientização e empo<strong>de</strong>ramento, a violência<br />

doméstica e familiar contra a mulher.<br />

Algumas marcas se engajam na causa e tentam combater<br />

os abusos cometidos contra a mulher. A L’Oréal<br />

Paris é uma <strong>de</strong>las e lançou este ano uma plataforma<br />

que ajuda a i<strong>de</strong>ntificar e agrupar diferentes tipos <strong>de</strong> assédio<br />

em conteúdos televisivos, chamada “Classificação<br />

Educativa”. Criada pela WMcCann, a ação listou oito tipos<br />

<strong>de</strong> assédio diferentes que po<strong>de</strong>riam estar presentes nas<br />

obras, como comentários inapropriados, olhares ina<strong>de</strong>quados,<br />

gestos in<strong>de</strong>sejados, toques não consentidos e<br />

humilhação pública, entre outros.<br />

A iniciativa faz parte do projeto “StandUp: contra o<br />

assédio nas ruas”, movimento global <strong>de</strong> conscientização<br />

e treinamento antiassédio <strong>de</strong>senvolvido pela empresa<br />

em parceria com a ONG Right to Be. As primeiras obras<br />

a passarem pela classificação foram em parceria com a<br />

Vix, streaming da Televisa.<br />

O Ministério das Mulheres também lançou campanha,<br />

no último dia 7, sob o slogan “Brasil sem violência contra<br />

a mulher. Brasil com respeito”, criada pela agência Nova.<br />

A ação faz parte da programação do Agosto Lilás –<br />

mês <strong>de</strong>dicado ao enfrentamento da violência contra as<br />

mulheres. Os materiais trazem as diferentes formas <strong>de</strong><br />

violência – física, psicológica, moral, patrimonial, sexual<br />

e política, entre outras – e as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s que as mulheres<br />

enfrentam no cotidiano. A campanha contempla<br />

ainda a divulgação do Ligue 180, serviço público e gratuito<br />

do governo fe<strong>de</strong>ral que informa, orienta sobre direitos<br />

e serviços da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento às mulheres em<br />

situação <strong>de</strong> violência, acolhe e encaminha <strong>de</strong>núncias.<br />

A campanha está sendo veiculada nas rádios, cards<br />

para re<strong>de</strong>s sociais, cartazes e material impresso.<br />

24 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


mercado<br />

Apostas esportivas avançam também<br />

no segmento <strong>de</strong> jogos eletrônicos<br />

Prática atrai 67% dos<br />

fãs <strong>de</strong> eSports no Brasil,<br />

segundo pesquisa da<br />

Unikrn e RepData<br />

A<br />

euforia das apostas esportivas cresce também<br />

no segmento <strong>de</strong> jogos eletrônicos. A chance <strong>de</strong><br />

ganhar dinheiro com League of Legends, CS:GO<br />

(Counter Strike: Global Offensive), Call of Duty e Fifa<br />

atrai 67% dos fãs <strong>de</strong> eSports no Brasil. O dado da pesquisa<br />

“Esports Survey <strong>2023</strong>”, realizada pela plataforma<br />

<strong>de</strong> apostas esportivas Unikrn em parceria com a<br />

RepData, segue o rastro <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>ixado por<br />

dois segmentos em efervescência.<br />

O mercado <strong>de</strong> games <strong>de</strong>ve atingir US$ 206,4 bilhões globalmente<br />

em 2025, <strong>de</strong> acordo com previsão da consultoria<br />

Newzoo, enquanto o negócio mundial <strong>de</strong> apostas esportivas<br />

já alcançou mais <strong>de</strong> <strong>14</strong> bilhões <strong>de</strong> acessos em todo o<br />

mundo em 2022. O ranking é li<strong>de</strong>rado pelo Brasil, com 3,19<br />

bilhões <strong>de</strong> acessos, o que equivale a uma fatia <strong>de</strong> 22,78% <strong>de</strong><br />

participação, segundo levantamento da plataforma Cupom<br />

Válido feito com dados da SimilarWeb. Na sequência, estão<br />

os britânicos (1,61 bilhão) e nigerianos (1,29 bilhão).<br />

Dos gramados dos estádios às telas dos gamers, o<br />

comportamento se alastra. “A audiência brasileira gosta<br />

<strong>de</strong> se divertir e é apaixonada por esportes, o que naturalmente<br />

os coloca em uma posição proeminente no mundo<br />

das apostas tanto em esportes tradicionais quanto<br />

em eSports”, comenta Justin Dellario, CEO da Unikrn e<br />

diretor <strong>de</strong> eSports da Entain.<br />

Com 1.254 pessoas entrevistadas na Alemanha, Austrália,<br />

Chile, Canadá e Brasil no segundo trimestre <strong>de</strong> <strong>2023</strong>, o<br />

estudo da Unikrn e RepData revela que a principal motivação<br />

para 69% da amostra está ligada à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

ganhar dinheiro a partir do próprio <strong>de</strong>sempenho do gamer.<br />

Para 74% dos entusiastas <strong>de</strong> esportes eletrônicos, as apostas<br />

esportivas aumentam o entretenimento <strong>de</strong> um torneio.<br />

Mais da meta<strong>de</strong> (51%) dos fãs <strong>de</strong> eSports fizeram pelo<br />

menos uma aposta em jogos eletrônicos no último ano<br />

no Brasil, único país a superar o índice <strong>de</strong> 50%. Esportes<br />

convencionais ficam à frente, com 61%. Mas o <strong>de</strong>sconhecimento<br />

sobre casas <strong>de</strong> apostas (27%), indisponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> apostas no jogo favorito (13%) e falta <strong>de</strong> regulamentação<br />

da indústria (12%) estão entre os motivos que <strong>de</strong>sencorajam<br />

a prática.<br />

“O mercado <strong>de</strong> apostas em eSports apresenta muitos<br />

caminhos a serem incorporados pela indústria <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvedores.<br />

Aliados a iniciativas <strong>de</strong> quem já conhece o<br />

know-how <strong>de</strong> apostas, eles po<strong>de</strong>m amplificar a diversão<br />

proporcionada pelos games”, alerta Dellario. FaZe Clan,<br />

Team Liquid, Cloud9 e a brasileira Loud estão entre os<br />

times preferidos, condição apontada por 59% dos entrevistados<br />

para fazer apostas. Oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apostas<br />

ao vivo apresentadas pelas próprias publicadoras <strong>de</strong><br />

games também são citadas por 72% dos respon<strong>de</strong>ntes.<br />

Jeshoots/Unsplash<br />

Mais da meta<strong>de</strong> (51%) dos fãs <strong>de</strong> eSports fizeram pelo menos uma aposta em jogos eletrônicos no Brasil em 2022<br />

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jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 25


mercado<br />

Campanha <strong>de</strong> recepção dos calouros da<br />

USP comemora 25 anos com exposição<br />

Edição <strong>de</strong>ste ano homenageia trajetória <strong>de</strong> alunos com mostra<br />

inspiradora e promove integração entre alunos <strong>de</strong> maneira informativa<br />

Adrieny Magalhães<br />

Há 25 anos, a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo (USP) tem dado as boas-vindas<br />

aos seus calouros por meio<br />

<strong>de</strong> uma campanha <strong>de</strong> recepção, projeto<br />

que proporciona uma integração entre<br />

calouros e veteranos do curso <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />

da Escola <strong>de</strong> Comunicações e<br />

Artes da instituição. O responsável por<br />

essa iniciativa é o professor Dorinho<br />

Bastos (cartunista do propmark), cujo<br />

trabalho transformou a forma como os<br />

estudantes encaram o início <strong>de</strong> sua jornada<br />

na comunicação.<br />

Dorinho <strong>de</strong>staca que, ao longo dos<br />

anos, foram realizados trabalhos com<br />

diversos temas na instituição, como<br />

campanha <strong>de</strong> doação <strong>de</strong> sangue para o<br />

Hemocentro/USP, contra o abandono <strong>de</strong><br />

animais, <strong>de</strong> boas práticas para o CEPEUSP,<br />

para a Rádio USP, para Comissão <strong>de</strong> Direitos<br />

Humanos/USP e outros temas, sempre<br />

institucionais. “Mas o trabalho mais<br />

presente, que acontece há 25 anos, é a<br />

campanha <strong>de</strong> recepção aos calouros da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo”, enfatiza.<br />

Com coor<strong>de</strong>nação do professor Oswaldo<br />

Crivello Jr., a campanha tem como objetivo<br />

acolher os novos alunos da USP <strong>de</strong><br />

maneira impactante e informativa.<br />

Na disciplina ministrada por Dorinho,<br />

os estudantes são <strong>de</strong>safiados a criar<br />

campanhas reais para instituições e organizações<br />

- proporcionando uma valiosa<br />

experiência profissional antes mesmo<br />

<strong>de</strong> ingressarem no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />

O processo envolve um briefing <strong>de</strong>talhado<br />

fornecido pelo cliente, que inclui<br />

histórico da recepção, dados, experiências<br />

anteriores e observações sobre<br />

as campanhas passadas. As equipes <strong>de</strong><br />

estudantes assumem o papel <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iras<br />

agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e, ao final<br />

do projeto, apresentam suas propostas<br />

para o cliente e seus convidados em um<br />

ambiente externo à sala <strong>de</strong> aula.<br />

O cliente, por sua vez, se vê diante do<br />

<strong>de</strong>safio <strong>de</strong> selecionar apenas uma das<br />

propostas inovadoras e impactantes.<br />

O professor Dorinho Bastos, com uma<br />

vasta experiência na área <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>,<br />

acredita que o conhecimento em técnicas,<br />

conceitos e teorias é essencial para<br />

Professor Dorinho Bastos, responsável pela iniciativa da campanha <strong>de</strong> recepção dos calouros da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />

“O objetivo é<br />

acolher os novos<br />

alunos <strong>de</strong> maneira<br />

impactante e<br />

informativa”<br />

Alê Oliveira<br />

os alunos <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> suas tendências artísticas.<br />

“Se a mensagem não for entendida, não<br />

há informação nem comunicação. Num<br />

curso <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, todos os alunos <strong>de</strong>vem<br />

passar por todas as disciplinas que<br />

vão lhe dar os instrumentos necessários<br />

para a busca da melhor comunicação”,<br />

afirma o professor.<br />

A noção <strong>de</strong> conceitos e técnicas do<br />

assunto, para ele, é um conhecimento<br />

importante. E todos os cursos <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />

têm a característica <strong>de</strong> serem<br />

generalistas.<br />

“Assim é que surgiu, logo no início<br />

<strong>de</strong> minha carreira docente, no curso <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong> da Escola <strong>de</strong> Comunicações<br />

e Artes, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um efetivo trabalho<br />

prático nas disciplinas que ministro. E, no<br />

meu olhar, essas disciplinas “solicitam”<br />

tal forma <strong>de</strong> aprendizado. Mesmo com o<br />

foco na direção <strong>de</strong> arte, esses trabalhos<br />

possibilitam a vivência em praticamente<br />

todas as áreas <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong> um publicitário”,<br />

completa.<br />

Para comemorar seus 25 anos, a<br />

campanha <strong>de</strong> recepção conta com um<br />

projeto especial: uma exposição com 25<br />

<strong>de</strong>stes trabalhos escolhidos pelos clientes<br />

ao <strong>de</strong>correr dos anos. Dorinho lembra<br />

com carinho <strong>de</strong> seus ex-alunos, projetos<br />

e comenta que, hoje, muitos <strong>de</strong>les se<br />

<strong>de</strong>stacam no meio publicitário.<br />

Assim, além <strong>de</strong> proporcionar uma<br />

visão prática do mundo da publicida<strong>de</strong>,<br />

a campanha <strong>de</strong> recepção aos calouros<br />

tem o mérito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver habilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> trabalho em equipe, pensamento<br />

estratégico e soluções criativas sob<br />

pressão. O projeto <strong>de</strong>staca uma lição<br />

valiosa: nem todas as i<strong>de</strong>ias po<strong>de</strong>m ser<br />

escolhidas, mas cada uma contribui para<br />

o aprendizado e crescimento dos futuros<br />

publicitários.<br />

Prosseguindo com a celebração, a<br />

exposição com o trabalho dos alunos vai<br />

circular por todos os campus da USP, que<br />

está presente em 22 cida<strong>de</strong>s no estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo.<br />

Com 25 anos <strong>de</strong> sucesso, que partiu<br />

<strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar mais interessante<br />

os primeiros dias <strong>de</strong> um calouro na universida<strong>de</strong>,<br />

a campanha <strong>de</strong> recepção aos<br />

calouros da USP continua a <strong>de</strong>ixar sua<br />

marca na formação <strong>de</strong> novos talentos na<br />

área <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, preparando-os para<br />

enfrentar os <strong>de</strong>safios do setor com criativida<strong>de</strong><br />

e confiança.<br />

26 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


pesquisas<br />

Two Si<strong>de</strong>s atesta maior interesse por<br />

embalagens <strong>de</strong> papel e mídia impressa<br />

Estudo Trend Tracker Survey <strong>2023</strong> ouviu 10 mil pessoas em 16 países,<br />

inclusive no Brasil, que opinam sobre preferência no pós-pan<strong>de</strong>mia<br />

Paulo Macedo<br />

A<br />

hegemonia digital é incontestável. Mas há luz no<br />

fim do túnel para os meios impressos, revistas<br />

e jornais, como atesta a pesquisa Trend Tracker<br />

Survey <strong>2023</strong>, conduzida pela Toluma, sob encomenda<br />

da Two Si<strong>de</strong>s, organização europeia criada em 2008<br />

com o propósito <strong>de</strong> disseminar o uso consciente do<br />

papel. Segundo comunicado, a ONG “estimula a produção<br />

e o uso conscientes do papel, da impressão e das<br />

embalagens <strong>de</strong> papel, bem como esclarece equívocos<br />

sobre os impactos ambientais da utilização <strong>de</strong>sses<br />

recursos. Papel, cartão e papelão são provenientes <strong>de</strong><br />

florestas cultivadas e gerenciadas <strong>de</strong> forma sustentável.<br />

Além disso, são recicláveis e bio<strong>de</strong>gradáveis”.<br />

A amostra teve presença <strong>de</strong> 15 países (Argentina, Brasil,<br />

Chile, África do Sul, Estados Unidos, Áustria, Bélgica,<br />

Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Noruega,<br />

Suécia e Reino Unido). No Paraguai, o estudo foi realizado<br />

pela Nauta. A pon<strong>de</strong>ração envolveu os temas Percepções<br />

ambientais; Hábitos <strong>de</strong> leitura; Preferências <strong>de</strong> embalagem;<br />

Atitu<strong>de</strong>s em relação aos produtos <strong>de</strong> higiene.<br />

“Um ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque da pesquisa é que, na área da<br />

comunicação, a preferência pelo livro impresso avançou<br />

fortemente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2021. Agora, 64% dos consumidores<br />

preferem ler o livro impresso, em comparação a 37%<br />

em 2021. No caso dos veículos <strong>de</strong> comunicação, embora<br />

a preferência da maioria seja pela leitura nos dispositivos<br />

eletrônicos, o percentual <strong>de</strong> consumidores que<br />

passou a preferir a publicação impressa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a pan<strong>de</strong>mia<br />

mais do que dobrou no caso <strong>de</strong> revistas – <strong>de</strong> 17% em<br />

2021, para 35% em <strong>2023</strong> –, enquanto o aumento foi <strong>de</strong><br />

cinco pontos percentuais no caso dos jornais, on<strong>de</strong> o impresso<br />

representa <strong>14</strong>% das preferências. E mesmo lendo<br />

cada vez mais jornais em dispositivos eletrônicos, 36%<br />

dos entrevistados querem que os veículos impressos<br />

permaneçam, em comparação a 31% que não <strong>de</strong>sejam e<br />

33% que são indiferentes a essa possibilida<strong>de</strong>”, enumera<br />

a Two Si<strong>de</strong>s.<br />

Fábio Mortara, presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Two Si<strong>de</strong>s Brasil e América<br />

Latina, ressalta que a formatação <strong>de</strong> uma nova consciência<br />

contempla produtos bio<strong>de</strong>gradáveis, reciclagem<br />

e menor impacto ambiental no uso <strong>de</strong> materiais. “O<br />

papel apresentou uma melhoria na preferência dos brasileiros,<br />

comparativamente a 2021, em diversos segmentos<br />

nos quais é utilizado”, diz o executivo, que prossegue:<br />

“Detectamos que 54% dos entrevistados estão preocupados<br />

com o impacto sobre a saú<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong>masiado<br />

<strong>de</strong> dispositivos eletrônicos”.<br />

A Two Si<strong>de</strong>s também observou preocupação <strong>de</strong> 72%<br />

das pessoas com o risco <strong>de</strong> que informações pessoais<br />

mantidas eletronicamente sejam hackeadas, roubadas<br />

ou danificadas, como esclarece Manoel Manteigas,<br />

diretor técnico <strong>de</strong> Two Si<strong>de</strong>s. “A pan<strong>de</strong>mia trouxe uma<br />

Pegada ambiental movimenta tra<strong>de</strong> <strong>de</strong> papel com crescimento da preferência por embalagens com o material<br />

“36% dos entrevistados<br />

querem que os veículos<br />

impressos permaneçam”<br />

Marcelo Benez é diretor executivo comercial da Folha<br />

Fotos Freepik e Alessandro Shinda/Divulgação<br />

mudança <strong>de</strong> comportamento e, com isso, um evi<strong>de</strong>nte<br />

crescimento da comunicação eletrônica por conta<br />

<strong>de</strong> reuniões, eventos e negócios do dia a dia realizados<br />

online. Mas isto também está trazendo o temor sobre<br />

as consequências do excesso <strong>de</strong> conexão aos dispositivos<br />

digitais e o que isto representa para a saú<strong>de</strong> e até<br />

mesmo a segurança dos dados pessoais”, acrescenta<br />

Manteigas.<br />

Para 71% dos consumidores, papel e <strong>de</strong>smatamento<br />

estão alinhados. “Está havendo uma conscientização<br />

gradativa sobre o fato <strong>de</strong> que o Brasil não <strong>de</strong>smata para<br />

fabricar papel, mas ainda há muito por avançarmos para<br />

se esclarecer os equívocos em torno do impacto ambiental<br />

dos produtos que utilizam o papel, tornando-se<br />

necessário <strong>de</strong>rrubar os mitos que ainda cercam a sua<br />

produção. O país conta, hoje, com 9 milhões <strong>de</strong> hectares<br />

<strong>de</strong> árvores cultivadas para o fornecimento <strong>de</strong> matéria-<br />

-prima para diversos produtos, dos quais, 3,6 milhões<br />

aten<strong>de</strong>m o setor <strong>de</strong> celulose e papel”, frisa Mortara.<br />

Os veículos impressos <strong>de</strong> notícias que fizeram a<br />

transição multiplataforma se beneficiam <strong>de</strong>sse cenário,<br />

como explica Marcelo Benez, diretor executivo comercial<br />

da Folha <strong>de</strong> S. Paulo. “A audiência hoje chega 26 milhões<br />

<strong>de</strong> pessoas. Há 20 anos era <strong>de</strong> 1,5 milhão”, ele frisa.<br />

jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 27


marcas<br />

Heinz incentiva a cultura da criativida<strong>de</strong><br />

para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões estratégicas<br />

Brand love fortalece estrutura para coleta e leitura <strong>de</strong> dados capazes<br />

<strong>de</strong> subsidiar a elaboração <strong>de</strong> ações em resposta a movimentos culturais<br />

Fotos: Divulgação<br />

“Tattoo Ink” ganhou Bronze em Brand Experience & Activation no Cannes Lions <strong>2023</strong> “Other MC’s” conquistou Bronze em Social & Influencer no Cannes Lions <strong>2023</strong><br />

Janaina Langsdorff<br />

O<br />

empresário Henry John Heinz imortalizou a receita<br />

do ketchup que virou brand love em todo<br />

o mundo. Mais <strong>de</strong> 150 anos <strong>de</strong>pois, a marca <strong>de</strong><br />

condimentos e molhos <strong>de</strong> tomate Heinz fortalece a<br />

cultura da criativida<strong>de</strong> para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões estratégicas.<br />

A exclusivida<strong>de</strong> não é da área <strong>de</strong> marketing<br />

e envolve novas metodologias. “Treinamos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

times, para a construção dos melhores briefings, até<br />

parceiros cada vez mais engajados, que são a extensão<br />

da nossa mesa”, explica Cecília Alexandre, diretora<br />

<strong>de</strong> marketing da Kraft Heinz, resultado da fusão entre<br />

Kraft Foods e Heinz.<br />

Em 2013, a 3G Capital, <strong>de</strong> Jorge Paulo Lemann, Marcel<br />

Telles e Beto Sicupira, adquiriu a Heinz em parceria com<br />

a Berkshire Hathaway, <strong>de</strong> Warren Buffet. Dois anos <strong>de</strong>pois,<br />

os investidores brasileiros e Buffet compraram a<br />

Kraft Foods, dando origem a uma das maiores empresas<br />

<strong>de</strong> alimentos do mundo, com vendas estimadas em US$<br />

26 bilhões. No Brasil, é dona <strong>de</strong> Heinz e Quero, dos condimentos<br />

Hemmer e dos temperos BR Spices.<br />

O retrospecto criativo honra a responsabilida<strong>de</strong> intrínseca<br />

à evolução <strong>de</strong> uma marca icônica. Uma das<br />

campanhas mais premiadas do Brasil na edição do Cannes<br />

Lions 2022 foi “Hid<strong>de</strong>n spots”, criada pela Gut, que<br />

conquistou duas Pratas (Direct e Media) e dois Bronzes<br />

(Brand Experience & Activation e Social & Influencer).<br />

Voltada ao universo gamer, a campanha sinalizava os<br />

pontos ocultos no game Call of Duty para que o jogador<br />

pu<strong>de</strong>sse fazer pausas para refeições sem se preocupar<br />

com a dinâmica da disputa. Os escon<strong>de</strong>rijos foram estampados<br />

nas embalagens <strong>de</strong> hambúrgueres enviados<br />

a influenciadores e o iFood distribuiu vouchers para<br />

que os participantes pu<strong>de</strong>ssem pedir hambúrgueres<br />

enquanto jogassem, hábito recorrente entre os gamers.<br />

Com “Tattoo Ink”, ação criada pela Soko, a marca ganhou<br />

Leão <strong>de</strong> Bronze em Brand Experience & Activation<br />

no Cannes Lions <strong>2023</strong>. Outro Bronze veio com i<strong>de</strong>ia assinada<br />

pela Africa Creative, na categoria Social & Influen-<br />

“Treinamos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

times até parceiros cada<br />

vez mais engajados”<br />

cer. Endossada pelo ketchup sabor picles, a ação “Other<br />

MC’s” promoveu a carreira <strong>de</strong> novos MC’s, inserindo Heinz<br />

em conversas com fãs <strong>de</strong> funk.<br />

O projeto Vibra intensificou o legado inspirador e irreverente<br />

da marca, que soube enten<strong>de</strong>r o contexto do<br />

produto e do mercado para construir repertório. Players<br />

do mercado, como o TikTok, estão entre os parceiros<br />

convidados pela empresa para falar sobre criativida<strong>de</strong>.<br />

Já a participação <strong>de</strong> profissionais em eventos, como<br />

South by Southwest (SXSW), se transforma em material<br />

<strong>de</strong>sdobrado com as equipes. “No mínimo, duas vezes por<br />

semana, mando algo que inspire as pessoas. A constru-<br />

28 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


Fotos: Divulgação<br />

Thiago Stelle, gerente <strong>de</strong> brand building: pulso e cultura Cecília Alexandre, diretora <strong>de</strong> marketing: repertório André Men<strong>de</strong>s, brand PR e diversity manager: verda<strong>de</strong><br />

ção <strong>de</strong> repertório é fundamental. Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>legar<br />

a criativida<strong>de</strong> somente para o criativo. Tem <strong>de</strong> estar no<br />

nosso DNA”, insiste Cecília.<br />

A cocriação ganha importância na nova forma <strong>de</strong> comunicação<br />

da marca, norteada por verda<strong>de</strong>, velocida<strong>de</strong><br />

e vivência. Em 2022, hambúrgueres criados a partir <strong>de</strong><br />

uma live do Camisiro na Twitch entraram para o cardápio<br />

<strong>de</strong> food trucks. “Até hoje, Casimiro cita a verda<strong>de</strong> na parceria.<br />

Ele pô<strong>de</strong> fazer o que entendia que fazia sentido”,<br />

atesta o brand PR e diversity manager André Men<strong>de</strong>s.<br />

Eficiência<br />

A resposta aos objetivos estratégicos e <strong>de</strong> negócios<br />

melhora a eficácia do investimento da marca. Consistência<br />

entra no preparo da receita, que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superiorida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ingredientes à busca por inovações. Outro<br />

pilar erguido para que a criativida<strong>de</strong> gere resultado é o<br />

capricho na execução. “A campanha ‘Heinzzola’ respon<strong>de</strong><br />

ao objetivo <strong>de</strong> ampliarmos a frequência <strong>de</strong> consumo”,<br />

exemplifica Cecília. I<strong>de</strong>alizada pela Africa, a ação lançou<br />

pizza com borda <strong>de</strong> ketchup. Começou na Itália no mês<br />

<strong>de</strong> fevereiro, e em seguida veio para o Brasil.<br />

“Olhamos como a<br />

criativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

gerar <strong>de</strong>manda”<br />

O termômetro social guia a atuação da Heinz, “marca<br />

que provoca, que está na cultura, que tem um lado<br />

<strong>de</strong>scolado”, frisa Cecília. A executiva, que chegou à Kraft<br />

Heinz em 2020, lembra que no auge <strong>de</strong> discursos negacionistas,<br />

a marca colocou no ar a campanha #NegadoresNegarão.<br />

Na ação criada pela Africa, os personagens<br />

não acreditam que o ketchup Heinz é preparado apenas<br />

com tomate, açúcar, vinagre, sal, cebola e aroma natural.<br />

Eles também duvidam que o homem foi à Lua e que a<br />

Terra é redonda.<br />

A voz da marca retrata <strong>de</strong> forma respeitosa as conversas<br />

do momento. “Olhamos como a criativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

gerar <strong>de</strong>manda”, conta o gerente <strong>de</strong> brand building Thiago<br />

Stelle. “Tattoo Ink” é outro exemplo. A Heinz <strong>de</strong>scobriu<br />

Food truck com cardápio formado por hambúrgueres criados a partir <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> Heinz com Casimiro na Twitch<br />

um movimento <strong>de</strong> tatuagens da marca em meio ao <strong>de</strong>bate<br />

sobre possíveis danos causados à pele por tintas<br />

coloridas. Assim como a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus ingredientes,<br />

bancou a criação <strong>de</strong> uma tinta vermelha segura, <strong>de</strong>senvolvida<br />

em parceria com a Electric Ink. Elaborada pela<br />

Soko, a ação <strong>de</strong> earned media “teve nível <strong>de</strong> investimento<br />

muito inferior ao que a gente tinha no ano anterior,<br />

no mesmo período, e a campanha ajudou a marca a continuar<br />

crescendo”, confere Cecília.<br />

Nos últimos três anos, indicadores integrados <strong>de</strong><br />

mídia paga, proprietária e espontânea passaram a sustentar<br />

a performance da marca, estimulada por campanhas<br />

que entram nas conversas da socieda<strong>de</strong>. “Primeiro,<br />

a gente procura uma boa história, <strong>de</strong>pois olhamos para<br />

o canal e avaliamos o investimento a ser colocado ou<br />

não”, pontua Stelle. O trabalho conta com uma in-house,<br />

chamada The Kitchen, que ajuda a acompanhar os movimentos<br />

culturais.<br />

“‘Heinzzola’, ‘Outros MC´s’ e ‘Tattoo Ink’ são ações que<br />

nasceram <strong>de</strong> insights do consumidor, a partir das re<strong>de</strong>s<br />

sociais, trazendo o pulso da cultura”, acrescenta Stelle.<br />

Criada no Canadá em 2020, a The Kitchen chegou em<br />

setembro <strong>de</strong> 2021 ao Brasil, primeiro <strong>de</strong>stino da house<br />

agency entre os países da América Latina. Com cerca <strong>de</strong><br />

cinco profissionais, a estrutura brasileira aten<strong>de</strong> também<br />

Hemmer e Quero, além <strong>de</strong> Heinz.<br />

Cecília lembra que a forma <strong>de</strong> comunicar mudou.<br />

Hoje, a busca por dados é fundamental para lidar com<br />

a complexida<strong>de</strong> da mídia e garantir relevância em uma<br />

jornada <strong>de</strong> consumo cada vez mais fragmentada. Des<strong>de</strong><br />

o início do ano, a Heinz fortalece o ecossistema <strong>de</strong> dados<br />

da marca, coletados agora <strong>de</strong> forma mais estruturada,<br />

<strong>de</strong>finida e integrada. Do bot no WhatsApp aos assets originados<br />

pelas re<strong>de</strong>s sociais, site e até por meio do wi-fi<br />

instalado em hamburguerias, as informações são clusterizadas<br />

e retroalimentam a mídia da marca.<br />

“O nosso CPM teve uma melhora <strong>de</strong> mais 50%”, revela<br />

Cecília. Segundo a empresa, o ketchup ganhou seis pontos<br />

percentuais em preferência, entre 2019 e 2022, com<br />

atributo chave <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> superior a 18 pontos percentuais<br />

verificados no mesmo período. “Ser preferida e<br />

consumida porque os atributos <strong>de</strong>senvolvidos estrategicamente<br />

fazem sentido é o que a gente mais quer”, conclui<br />

Cecília. O aprendizado originado dos dados promete<br />

ir além da mídia. O plano é extrair oportunida<strong>de</strong>s a partir<br />

<strong>de</strong> insights garimpados <strong>de</strong> forma mais ampla, incluindo<br />

inovações <strong>de</strong> produtos.<br />

jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 29


agências<br />

Mestiça conquista Aviação e avança<br />

Acumulando várias conquistas <strong>de</strong><br />

contas nos últimos dois anos - como<br />

a da popular Oxxo, Zoetis (divisão<br />

<strong>de</strong> animais da Pfizer), Converse, Yoki<br />

e, agora, acaba <strong>de</strong> ganhar Aviação<br />

-, a agência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte Mestiça<br />

atribui o resultado a sua metodologia<br />

proprietária, batizada <strong>de</strong> Pop-up.<br />

“Conseguimos implementar um<br />

jeito <strong>de</strong> trabalhar que é basicamente<br />

o <strong>de</strong>sign thinking, o <strong>de</strong>sign sprint<br />

que a gente vê no mercado <strong>de</strong><br />

inovação digital aplicado para a<br />

comunicação”, <strong>de</strong>staca Paulo Sanna,<br />

sócio e CEO. Para o criativo, que<br />

teve passagens por agências como<br />

Wun<strong>de</strong>rman e Ogilvy, o método <strong>de</strong><br />

trabalho colaborativo da Mestiça<br />

com os clientes faz toda a diferença.<br />

A seguir, ele fala também sobre as<br />

suas percepções do mercado <strong>de</strong><br />

propaganda.<br />

Paulo Sanna: “A gente começa se comportando como uma consultoria”<br />

Divulgação<br />

Kelly Dores<br />

calcanhar <strong>de</strong> aquiles<br />

O que eu percebo é que, talvez, o maior calcanhar<br />

<strong>de</strong> Aquiles da nossa indústria é a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão.<br />

A gente vem ainda <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo antigo, com<br />

pouco processo <strong>de</strong> capacitação e muito ineficiente.<br />

A pan<strong>de</strong>mia fez com que o mercado se organizasse<br />

<strong>de</strong> uma forma melhor. Por outro lado, o <strong>de</strong>safio que<br />

a gente vive, e isso vale para todo mundo, é como capacitar<br />

os jovens. O que a pan<strong>de</strong>mia fez foi dar uma<br />

camada <strong>de</strong> gestão para tudo que li<strong>de</strong>ra. Historicamente,<br />

na publicida<strong>de</strong>, quando o profissional era um bom<br />

diretor <strong>de</strong> criação, <strong>de</strong> planejamento, por exemplo, virava<br />

lí<strong>de</strong>r da agência. Agora, a galera que está chegando<br />

está sofrendo muito porque não tem um mo<strong>de</strong>lo para<br />

capacitar essas pessoas, principalmente no remoto,<br />

que é muito mais complexo.<br />

trabalho híbrido<br />

Estamos trabalhando no mo<strong>de</strong>lo híbrido e está<br />

funcionando bem hoje, porque conseguimos separar<br />

melhor o que é trabalho que exige a colaboração, a<br />

união <strong>de</strong> pessoas e i<strong>de</strong>ias, e o que é trabalho que <strong>de</strong><br />

fato precisa <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> e as pessoas estão atrás<br />

dos computadores produzindo. Isso está dando certo.<br />

O presencial está cumprindo a função <strong>de</strong> gerar intimida<strong>de</strong><br />

no time, construir cultura, e é quando conseguimos<br />

trabalhar juntos nos <strong>de</strong>safios mais importantes<br />

dos clientes. Mas no dia a dia, em que se dava a capacitação<br />

dos jovens, o trabalho presencial no mo<strong>de</strong>lo<br />

híbrido não respon<strong>de</strong> ainda.<br />

15 anos<br />

A Mestiça acabou <strong>de</strong> fazer 15 anos. A minha história<br />

na agência é mais recente. Eu cheguei no fim <strong>de</strong><br />

2018, vou fazer cinco anos. Sou sócio e CEO da agência.<br />

Os outros sócios são Marcelo Ramos (foun<strong>de</strong>r), Denis<br />

Fillipini (pessoas) e Eduardo Lovro (atendimento). Eu<br />

cheguei à agência com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> aplicar um mo<strong>de</strong>lo<br />

diferente, porque eu enxergava que o momento das<br />

agências era enxergar tudo a curto prazo. Eu queria<br />

propor algo diferente e houve uma comunhão <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ias. A minha carreira sempre foi muito impulsionada<br />

pelo digital e estive em gran<strong>de</strong>s agências li<strong>de</strong>rando<br />

muita coisa do digital. E eu pensava comigo: ‘pô, qual é<br />

a próxima gran<strong>de</strong> onda do digital?” E o que eu percebi<br />

naquela época é que a propaganda precisava <strong>de</strong> uma<br />

coisa muito diferente além <strong>de</strong> novas tecnologias, precisava<br />

repensar o seu jeito <strong>de</strong> trabalhar.<br />

mo<strong>de</strong>lo tradicional<br />

O mo<strong>de</strong>lo tradicional <strong>de</strong> agência que a gente conhece<br />

teve a sua gran<strong>de</strong> última mudança significativa na<br />

década <strong>de</strong> 1990, com o surgimento do planejamento.<br />

De lá para cá, óbvio que houve a sofisticação das ferramentas,<br />

mas essencialmente a coisa é igual. E a gente<br />

ainda vive um cenário em que os criativos estão meio<br />

fechados numa bolha <strong>de</strong> prêmios. Não quero julgar os<br />

meus colegas, mas a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> festivais e prêmios<br />

que existe é avassaladora. Eu não tenho nada contra<br />

ganhar prêmios, já ganhei muitos prêmios, fui jurado<br />

duas vezes em Cannes, foi ótimo, mas eu acho que a<br />

indústria precisa <strong>de</strong> gente pensando soluções.<br />

oportunida<strong>de</strong>s<br />

Eu acredito que tem uma oportunida<strong>de</strong> com esse<br />

jeito <strong>de</strong> trabalhar <strong>de</strong> forma colaborativa. Se você olhar<br />

para o Vale do Silício e tudo que aconteceu <strong>de</strong> inova-<br />

30 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


ção no digital que a gente conhece hoje, pelo menos<br />

nos últimos <strong>de</strong>z anos, veio <strong>de</strong> processos colaborativos<br />

<strong>de</strong> trabalho. Lá atrás, existia o <strong>de</strong>sign thinking, o Google<br />

conseguiu formatar uma metodologia em torno<br />

do <strong>de</strong>sign thinking, que é o <strong>de</strong>sign sprint, e isso virou<br />

padrão para inovação dos mercados <strong>de</strong> tecnologia. Eu<br />

olhei para isso e achei que resolvia algumas questões<br />

básicas, dá um formato <strong>de</strong> construção para soluções<br />

<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e consegue quebrar o individualismo<br />

que acaba sendo barreira <strong>de</strong>ntro da propaganda. E a<br />

gente viu nisso também uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> remuneração diferente. Se a gente trabalha<br />

com clientes em um formato que presta consultoria,<br />

tem um projeto com começo, meio e fim, conseguimos<br />

planejar a longo prazo com as marcas. Tenho<br />

muito mais chance <strong>de</strong> entrar num novo contrato com<br />

muito mais eficiência, conhecimento, praticamente<br />

sendo o gestor da comunicação da marca e não só o<br />

parceiro que faz a comunicação do cliente.<br />

coisas diferentes<br />

A Mestiça tinha duas coisas que me faziam acreditar<br />

que havia algo especial na agência. Primeiro, uma<br />

estrutura, uma história, com uma empresa construída<br />

e relações importantes, com <strong>de</strong>z anos no mercado.<br />

E eles faziam coisas diferentes, além dos limites da<br />

publicida<strong>de</strong>, como o Dinner in the sky, que começou<br />

como um job para a Brastemp, cujo briefing pedia<br />

uma experiência inovadora para falar com formadores<br />

<strong>de</strong> opinião. A Mestiça participou <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong><br />

concorrência, propôs trazer para o Brasil o Dinner in<br />

the sky e fez o primeiro evento. Os sócios enxergaram<br />

uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negócio e a Mestiça passou a<br />

ser a operadora do Dinner in the sky no país. Imagina<br />

o que isso trouxe <strong>de</strong> experiência para a agência em<br />

termos <strong>de</strong> gerir um negócio? Outra coisa é que eles incubaram<br />

<strong>de</strong>ntro da agência uma startup <strong>de</strong> benefícios<br />

totalmente digitalizada com conceito <strong>de</strong> benefício flexível.<br />

Uma invenção do Marcelo <strong>de</strong>ntro da agência. Ele<br />

ven<strong>de</strong>u a startup para uma francesa que tinha mais<br />

ou menos a mesma essência, em 2020. E quando eu<br />

cheguei já tinha esse negócio acontecendo, ou seja,<br />

é um lugar que abraça a inovação, sem os vícios do<br />

mercado. Depois <strong>de</strong> um ano mais ou menos, o Marcelo<br />

foi cuidar <strong>de</strong>sse negócio e eu assumi a li<strong>de</strong>rança da<br />

agência em função <strong>de</strong>ssa mudança.<br />

<strong>de</strong>sign thinking<br />

A coisa que mais marcou a história da agência, e<br />

hoje é o nosso DNA, é que conseguimos implementar<br />

um jeito <strong>de</strong> trabalhar que é basicamente o <strong>de</strong>sign<br />

thinking, o <strong>de</strong>sign sprint que a gente vê no mercado<br />

<strong>de</strong> inovação digital aplicado para a comunicação. Isso<br />

traz duas coisas muito valiosas. A número um é que<br />

traz uma eficiência para o processo que eu, pessoalmente,<br />

nunca vi isso em outros lugares, porque a gente<br />

passa a ter controle sobre o que vai acontecer. A<br />

gente batizou essa metodologia <strong>de</strong> Pop-up. A gran<strong>de</strong><br />

diferença é realmente trabalhar junto com o cliente.<br />

A gente acaba sendo gestor do projeto como um todo.<br />

“Na prática,<br />

conquistamos sete<br />

contas neste ano. 2022<br />

também foi um ano<br />

<strong>de</strong> muitas conquistas<br />

e este ano continua”<br />

lho, que envolve criação, pensamento <strong>de</strong> mídia, mas<br />

não envolve colocar no ar esse plano <strong>de</strong> comunicação.<br />

Quando a gente termina esse projeto, a implementação<br />

é muito simples e a Mestiça acaba se candidatando<br />

para ser a agência a fazer essa implementação, e<br />

aí cobramos um fee. A gente começa se comportando<br />

como uma consultoria e <strong>de</strong>pois muda para um formato<br />

<strong>de</strong> remuneração tradicional <strong>de</strong> agência.<br />

noVas contas<br />

Na prática, conquistamos sete contas neste ano.<br />

2022 também foi um ano <strong>de</strong> muitas conquistas e<br />

este ano continua. As últimas contas que ganhamos<br />

foram Aviação, que não divulgamos ainda, e Optimum<br />

Nutrition (Glanbia). Nenhuma <strong>de</strong>las foi concorrência.<br />

A Aviação estava na Frito e a Optimum Nutrition na<br />

Plan B. No ano passado, entre outras contas, conquistamos<br />

Oxxo e Zoetis (divisão <strong>de</strong> animais da Pfizer) e<br />

também neste ano ganhamos uma conta importante,<br />

a Yoki, além <strong>de</strong> Converse, no começo <strong>de</strong> <strong>2023</strong>. Não tenho<br />

dúvidas que essas novas contas chegaram <strong>de</strong>vido<br />

ao nosso mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio. Eu acho que hoje a Mestiça<br />

faz um trabalho criativo comparável às gran<strong>de</strong>s<br />

agências, mas acho que a gente faz <strong>de</strong> um jeito mais<br />

eficiente e mais feliz. Temos uma proposta <strong>de</strong> valor<br />

muito clara. Per<strong>de</strong>mos muitas oportunida<strong>de</strong>s porque<br />

não participamos <strong>de</strong> todas as concorrências que somos<br />

convidados já que o nosso jeito <strong>de</strong> trabalhar não<br />

é o tradicional.<br />

remuneraÇÃo<br />

Quando a gente começa um projeto, geralmente<br />

temos o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar o plano <strong>de</strong> comunicação<br />

para o próximo ano. E a gente cobra por esse traba-<br />

jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 31


agências<br />

Talent Marcel e Coty criam manifesto<br />

para ressignificar lado sensual feminino<br />

Projeto é uma releitura do #feitotatuagem com palavras no corpo <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>los para ressaltar autoestima e romper padrões estereotipados<br />

Fotos: Divulgação<br />

Marca Paixão, do portfólio da Coty, retrata na pele <strong>de</strong> mulheres em forma <strong>de</strong> tatuagem expressões como conquista, po<strong>de</strong>r e orgulho, que emulam a individualida<strong>de</strong> feminina<br />

Fundada em 1904 em Paris, França,<br />

a Coty se transformou em gigante<br />

global do segmento <strong>de</strong> beleza com<br />

presença em 130 países, inclusive no<br />

Brasil, on<strong>de</strong> tem três fábricas e emprega<br />

cerca <strong>de</strong> 2,4 mil pessoas com marcas<br />

como Risqué, Monange, Bozzano, Paixão,<br />

Cenoura&Bronze e Leite <strong>de</strong> Colônica,<br />

além do licensing <strong>de</strong> Calvin Klein,<br />

Lacoste, Hugo Boss, Chloé, Burberry,<br />

Gucci e Tiffany. Agora, com a chancela<br />

da linha Paixão, está com um ensaio-<br />

-manifesto “Sensualida<strong>de</strong> na pele”,<br />

inspirado no trabalho #feitotatuagem,<br />

<strong>de</strong> 2019, do fotógrafo Sérgio Santoian e<br />

da maquiadora e artista plástica Louise<br />

Hélene “para retratarem na pele das<br />

mulheres o significado <strong>de</strong> sensualida<strong>de</strong><br />

para elas, como esclarece comunicado<br />

do anunciante. “O objetivo é mostrar<br />

a sensualida<strong>de</strong> na individualida<strong>de</strong>, reforçando<br />

a importância do autoamor e<br />

rompendo com o padrão da sensualida<strong>de</strong><br />

sexualizada com olhar para o outro”,<br />

prossegue a Coty.<br />

Foram <strong>de</strong>senvolvidos quatro episódios<br />

<strong>de</strong> 90 segundos, com li<strong>de</strong>rança<br />

criativa da agência Talent Marcel, do<br />

time do CCO Vinicius Malimoski. Em 2019,<br />

20 mulheres foram fotografadas com<br />

uma palavra que a representasse “tatuada”<br />

em seus rostos. Nesse período,<br />

“O objetivo<br />

é mostrar a<br />

sensualida<strong>de</strong> na<br />

individualida<strong>de</strong>”<br />

guagem poética, Paixão tem um making-<br />

-of da produção, em que as influenciadoras<br />

contam o motivo da escolha das<br />

palavras que estão em seus corpos. Tanto<br />

esses conteúdos, quanto as imagens,<br />

serão divulgados no Instagram <strong>de</strong> Paixão<br />

e das parceiras da marca, <strong>de</strong> modo a contribuir<br />

com a reflexão sobre o conceito<br />

<strong>de</strong> sensualida<strong>de</strong>.<br />

“Enten<strong>de</strong>mos a força e o significado<br />

das mulheres da campanha. Por isso, quisemos<br />

recriar este projeto tão significativo<br />

do Sérgio Santoian e da Louise Hélene.<br />

Ele é uma metáfora do que queremos<br />

reforçar com o nosso propósito <strong>de</strong> marca,<br />

mostrando que a sensualida<strong>de</strong> é algo<br />

o trabalho já foi exposto duas vezes e<br />

contou com mais <strong>de</strong> 150 personalida<strong>de</strong>s<br />

fotografadas.<br />

“Para dar o start nesta ação, Paixão<br />

conta com a ajuda <strong>de</strong> Letticia Munniz,<br />

mo<strong>de</strong>lo e influenciadora; Ryane Leão,<br />

escritora e influenciadora <strong>de</strong> autocuidado;<br />

e Wládia Goes, produtora <strong>de</strong> moda e<br />

influenciadora age positivity, para reunirem<br />

os diferentes significados <strong>de</strong> sensualida<strong>de</strong><br />

na visão <strong>de</strong> diversas mulheres.<br />

Por meio <strong>de</strong> suas contas no Instagram,<br />

as parceiras abrirão uma caixa <strong>de</strong> perguntas<br />

questionando seu público: “O que<br />

é ser sensual para você?”. As respostas<br />

serão compiladas e passarão por uma<br />

curadoria, em que as mais utilizadas e<br />

fizerem sentido para as influenciadoras,<br />

serão escolhidas para fazerem parte da<br />

intervenção artística”, <strong>de</strong>staca a marca.<br />

O projeto ganha shooting, realizado<br />

por Sérgio, no qual as três influencers<br />

foram fotografadas com os novos significados<br />

da palavra sensualida<strong>de</strong> “tatuados”<br />

– <strong>de</strong> forma temporária – em suas<br />

peles, com grafia e arte exclusiva <strong>de</strong><br />

Louise. Entrarão também <strong>de</strong>ntre os vocábulos<br />

alguns termos usados no poema-<br />

-manifesto, i<strong>de</strong>alizado por Ryane Leão e<br />

parte da campanha “Sensual é ser você”,<br />

que trazem este novo tom ao conceito.<br />

Complementando essa ação com linparticular,<br />

profundo, que vem <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro<br />

e é construída para cada pessoa <strong>de</strong> uma<br />

maneira diferente”, comenta Regiane<br />

Bueno, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> marketing da<br />

Coty no Brasil, que aprovou a ação com<br />

os executivos Paulo Carneiro, Flavio Barolli,<br />

Julia Ortiz e Gabriela Franca.<br />

O projeto “Sensualida<strong>de</strong> na pele”<br />

começou a ser veiculado em julho no<br />

Instagram <strong>de</strong> Paixão (@paixãooficial),<br />

marca lí<strong>de</strong>r no segmento <strong>de</strong> óleos corporais,<br />

inspirada na perfumaria fina.<br />

“Paixão <strong>de</strong>sperta sensações e fragrâncias<br />

por meio <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> cuidados<br />

com o corpo. Com 35 anos <strong>de</strong> história,<br />

sendo referência no universo feminino,<br />

e também em sensualida<strong>de</strong>, traz como<br />

<strong>de</strong>staque os benefícios funcionais,<br />

emocionais e culturais que entrega<br />

junto a cada frasco <strong>de</strong> Paixão. Remete<br />

a uma personalida<strong>de</strong> confiante, incentivadora,<br />

intensa e expansiva, carregando<br />

as heranças e tradições da marca. Tem<br />

como propósito incentivar mulheres<br />

a se sentirem donas do próprio corpo.<br />

Com as fragrâncias marcantes dos seus<br />

produtos, toques sensoriais, alimenta<br />

os rituais <strong>de</strong> autoamor, estimulando<br />

essa conexão prazerosa consigo mesma,<br />

entrando e reforçando toda a potência<br />

feminina e sensualida<strong>de</strong>”, finaliza<br />

o documento da Coty.<br />

32 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


opinião<br />

Divulgação<br />

Autenticida<strong>de</strong><br />

ao abraçar causas<br />

Patricia Borges<br />

À<br />

medida que o mundo evolui e enfrentamos<br />

uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios sociais, culturais e<br />

ambientais, as marcas têm a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempenhar um papel significativo na promoção <strong>de</strong><br />

mudanças positivas na nossa socieda<strong>de</strong>.<br />

Causas como sustentabilida<strong>de</strong>, igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero,<br />

etarismo, diversida<strong>de</strong>, inclusão e responsabilida<strong>de</strong> corporativa<br />

ganham <strong>de</strong>staque nas discussões prioritárias<br />

dos lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> marketing e, em boa parte das empresas,<br />

já fazem parte <strong>de</strong> seus propósitos como marca.<br />

Abraçar causas sociais, no entanto, não é um problema<br />

para a maioria das marcas; ao contrário, ten<strong>de</strong> a ser<br />

um <strong>de</strong>sejo estratégico para o crescimento sustentável<br />

do negócio. Porém, saber escolher as causas que sejam<br />

genuínas e relevantes para a marca e para seu público,<br />

segue ainda sendo alvo <strong>de</strong> questionamentos. O engajamento<br />

com tais causas é fundamental para as marcas,<br />

mas a autenticida<strong>de</strong> é a chave para evitar que nossos<br />

esforços sejam interpretados como oportunismo.<br />

Ao alinhar uma causa com a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da marca,<br />

estabelecemos uma conexão autêntica e coerente com<br />

nossos consumidores. Realizar pesquisas, monitorar as<br />

re<strong>de</strong>s sociais e estar atento às discussões em andamento<br />

ajuda a i<strong>de</strong>ntificar as questões que mais importam<br />

para nosso target e, assim, selecionar as que estejam<br />

alinhadas com seus interesses e preocupações.<br />

Mas os <strong>de</strong>safios não param por aí. O comprometimento<br />

precisa ser a longo prazo e não uma ação isolada<br />

ou passageira. A autenticida<strong>de</strong> é construída ao longo do<br />

tempo, através <strong>de</strong> um compromisso contínuo. Isso <strong>de</strong>monstra<br />

que o envolvimento da marca é genuíno.<br />

Colocar em prática ações que contribuam <strong>de</strong> fato<br />

com a socieda<strong>de</strong> ou a causa abraçada é efetivamente o<br />

que faz uma marca se diferenciar e gerar conexão verda<strong>de</strong>ira<br />

com seu público.<br />

A sinergia entre a causa e a marca permite uma abordagem<br />

mais substancial e tangível, fortalecendo a credibilida<strong>de</strong><br />

e o impacto do seu engajamento. Na Diageo,<br />

enten<strong>de</strong>mos que temos um papel a cumprir na construção<br />

<strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> plural, diversa e inclusiva. A promoção<br />

da inclusão está em nosso DNA e com as marcas<br />

Johnnie Walker e Smirnoff, temos atuações consistentes<br />

e duradouras em equida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero e diversida<strong>de</strong>, respectivamente.<br />

Com Johnnie Walker, trabalhamos há anos as causas<br />

femininas, como na iniciativa “Bar livre <strong>de</strong> assédio”, em<br />

que treinamos milhares <strong>de</strong> donos e funcionários <strong>de</strong> restaurantes<br />

e casas noturnas <strong>de</strong> forma a torná-los locais<br />

mais seguros e inclusivos para mulheres que frequentam<br />

ou lá trabalham.<br />

Com Smirnoff, somos patrocinadores da Parada do<br />

Orgulho LGBT+ <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2020. Além do patrocínio ao evento,<br />

reforçamos o compromisso que temos com a comunida<strong>de</strong><br />

constantemente. No ano passado, participamos<br />

da Feira Cultura da Diversida<strong>de</strong>, no Largo do Arouche, em<br />

São Paulo, revertendo toda a renda da venda <strong>de</strong> Smirnoff<br />

para a Casa 1 <strong>de</strong> acolhimento à população LGBT+. Este<br />

ano, abrimos vagas para a comunida<strong>de</strong> através do “Learning<br />

for life”, programa que oferece cursos gratuitos <strong>de</strong><br />

coquetelaria e excelência em atendimento.<br />

Ambas as marcas são essencialmente inovadoras<br />

e <strong>de</strong>mocráticas, cada uma à sua maneira e para o seu<br />

público. Ao fortalecer pautas <strong>de</strong> equida<strong>de</strong>, inclusão e diversida<strong>de</strong>,<br />

ajudamos a garantir que todos os nossos consumidores<br />

sejam respeitados, representados e ouvidos.<br />

Por fim, a transparência na comunicação com os<br />

consumidores os ajuda a enten<strong>de</strong>r por que uma causa<br />

foi escolhida, como ela se relaciona com os valores da<br />

marca e os esforços práticos que estão sendo feitos. Isso<br />

gera confiança nos consumidores.<br />

Diversida<strong>de</strong> e inclusão, proteção ao meio ambiente,<br />

equida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero, educação, seja qual for a causa<br />

abraçada por uma marca, ela não po<strong>de</strong> ser mera oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> comunicação. Lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> marketing precisam<br />

construir narrativas que sustentem seu posicionamento.<br />

Quando as marcas se engajam com causas autênticas,<br />

elas têm o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inspirar mudanças relevantes<br />

na socieda<strong>de</strong>, impactando positivamente a vida das pessoas,<br />

enquanto fortalecem sua reputação e os resultados<br />

dos negócios.<br />

Patricia Borges<br />

é copresi<strong>de</strong>nte do Conselho Superior da<br />

ABA e VP executiva da Diageo<br />

presi<strong>de</strong>ncia@aba.com.br<br />

“Colocar em prática<br />

ações que contribuam<br />

<strong>de</strong> fato com a socieda<strong>de</strong><br />

ou a causa abraçada<br />

é efetivamente o que<br />

faz uma marca se<br />

diferenciar”<br />

jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 33


esg no mkt<br />

Alê Oliveira<br />

O ver<strong>de</strong> tá on<br />

A Amazônia <strong>de</strong> pé<br />

representará bilhões<br />

<strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> carbono<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

No momento em que escrevo este texto, acontece<br />

a Cúpula da Amazônia, em Belém, PA. É um evento<br />

preparatório à COP 30, que ocorrerá naquela<br />

cida<strong>de</strong>, em 2025.<br />

Participarão os nossos vizinhos amazônicos da Organização<br />

do Tratado <strong>de</strong> Cooperação Amazônica (OTCA),<br />

que envolve Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana,<br />

Peru, Suriname e Venezuela.<br />

Foram também convidados representantes <strong>de</strong> países<br />

com gran<strong>de</strong>s florestas tropicais, como Indonésia, Congo-<br />

-Brazzaville e República Democrática do Congo.<br />

É o Brasil reassumindo um protagonismo mundial<br />

nas questões relacionadas à preservação ambiental,<br />

algo que ficou relegado a segundo plano no governo<br />

anterior.<br />

Essas questões ganham relevância e senso <strong>de</strong> urgência<br />

ao se aproximar o emblemático ano <strong>de</strong> 2030, que<br />

marca a data limite para os ODS e o Pacto Global da ONU,<br />

visando principalmente a evitar que a Terra ultrapasse<br />

1,5°C <strong>de</strong> aumento da sua temperatura, em relação à era<br />

pré-industrial.<br />

Os recentes recor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> temperatura no Hemisfério<br />

Norte dramatizam a situação e fazem com que a atenção<br />

dos países <strong>de</strong>senvolvidos se volte para regiões como a<br />

nossa, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> espera-se uma contenção do aquecimento<br />

global, em função da imensa cobertura vegetal<br />

existente.<br />

É claro que a preservação da Amazônia, sozinha, não<br />

é a salvação do mundo. Outras iniciativas contra o aquecimento<br />

global estão sendo implementadas em ritmo<br />

acelerado no mundo inteiro, principalmente nos países<br />

mais <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

A transição energética, <strong>de</strong> fontes fósseis para renováveis,<br />

se acelera a cada ano, visando a diminuir a emissão<br />

<strong>de</strong> CO2 e GEE (Gases <strong>de</strong> Efeito Estufa).<br />

Em termos <strong>de</strong> energia, o Brasil está numa condição<br />

privilegiada: graças à aposta em hidrelétricas no<br />

passado e, atualmente, no crescimento exponencial<br />

da energia eólica e solar, nosso país teve sua eletricida<strong>de</strong><br />

gerada por mais <strong>de</strong> 90% <strong>de</strong> fontes renováveis<br />

no ano passado.<br />

Com os reservatórios cheios, este ano não será diferente.<br />

Há ainda o imenso potencial do hidrogênio ver<strong>de</strong><br />

e da biomassa. O problema com o Brasil está no <strong>de</strong>smatamento,<br />

na má gestão <strong>de</strong> resíduos e no uso ina<strong>de</strong>quado<br />

do solo, o que nos coloca entre os 10 maiores<br />

emissores <strong>de</strong> GEE do mundo.<br />

O presi<strong>de</strong>nte Lula reforça o compromisso <strong>de</strong> alcançar<br />

<strong>de</strong>smatamento zero na Amazônia em 2030 e conta<br />

com ajuda dos países ricos para garantir recursos para<br />

bater esta meta.<br />

Mais do que pensar simplesmente no engajamento<br />

brasileiro ao combate ao aquecimento global, algo que<br />

já está ocorrendo, essa preocupação internacional com<br />

o ver<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve provocar uma ação coor<strong>de</strong>nada para usufruirmos<br />

economicamente <strong>de</strong>sse momento.<br />

A Amazônia <strong>de</strong> pé representará bilhões <strong>de</strong> créditos<br />

<strong>de</strong> carbono, além da riqueza da biodiversida<strong>de</strong> existente<br />

na região: simplesmente a maior do mundo. Devemos<br />

pensar no oceano azul e na cauda longa <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>ssa<br />

onda ver<strong>de</strong> que se intensifica no mundo.<br />

O Brasil tem todas as condições <strong>de</strong> surfar essa onda<br />

<strong>de</strong> forma privilegiada, gerando riqueza e prosperida<strong>de</strong><br />

para seus habitantes nas décadas futuras. E não só<br />

quanto às questões diretamente ligadas à preservação<br />

da Amazônia esse tema interessa.<br />

Todas as empresas <strong>de</strong>vem buscar formas mais sustentáveis<br />

<strong>de</strong> produzir seus bens e serviços. Devem pensar<br />

no seu impacto ambiental, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o processo <strong>de</strong> R&D<br />

até na logística reversa, evitando o aumento <strong>de</strong> lixo e<br />

resíduos in<strong>de</strong>sejáveis.<br />

Adotar uma política ambientalmente responsável é<br />

diferencial competitivo hoje, mas po<strong>de</strong>rá ser um risco aos<br />

negócios daqueles que não a praticarem no futuro breve.<br />

Pensar ver<strong>de</strong> tá na moda! Mas, cuidado, a socieda<strong>de</strong><br />

cobrará consistência e comprovação <strong>de</strong> impacto positivo<br />

da sua atuação.<br />

E não só as questões ambientais estão em jogo: as<br />

sociais e <strong>de</strong> governança também estão nesse escrutínio.<br />

Comece a inserir as variáveis ESG na sua estratégia<br />

agora e se beneficie da onda ver<strong>de</strong>. Ou arque com as<br />

consequências futuras.<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

é sócio-fundador da ESG4<br />

alexis@criativista.com.br<br />

34 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


click do alê<br />

Alê Oliveira<br />

aleoliveira@propmark.com.br<br />

O professor, <strong>de</strong>signer e cartunista Dorinho Bastos exibe esboço<br />

do Troféu Recepção Legal, entregue às unida<strong>de</strong>s com a melhor<br />

campanha. Obra foi inspirada na Pomba da Paz, <strong>de</strong> Pablo Picasso.<br />

USP expõe 25 anos <strong>de</strong> campanhas <strong>de</strong> recepção a calouros<br />

Universida<strong>de</strong> celebra os 25 anos das campanhas <strong>de</strong> recepção a calouros, criadas com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> recepção dos novos alunos da universida<strong>de</strong>.<br />

I<strong>de</strong>alizada pelo então reitor, prof. Jacques Marcovitch, as peças publicitárias são criadas na disciplina <strong>de</strong> criação e direção <strong>de</strong> arte, do curso <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> da ECA-USP, sob a<br />

coor<strong>de</strong>nação do prof. Dorinho Bastos. A mostra, inaugurada no último dia 8 <strong>de</strong> <strong>agosto</strong>, contou com a curadoria <strong>de</strong> Dorinho, do prof. André Mota, <strong>de</strong> Luciana Delfini <strong>de</strong> Campos<br />

e Clebison Nascimento, e foi organizada pela pró-reitoria <strong>de</strong> graduação. A exposição ficará em cartaz até 8 <strong>de</strong> setembro no Espaço USP Integração & Memória da Reitoria.<br />

Os professores Marcos Garcia Neira (pró-reitor adjunto <strong>de</strong> graduação), Aluisio Cotrim<br />

Segurado (pró-reitor <strong>de</strong> graduação), Maria Arminda do Nascimento Arruda (vicereitora<br />

USP), e Dorinho Bastos (professor livre-docente ECA-USP), inauguram exposição<br />

Maíra Azevedo Pompeu e Camila Scramim Rigo, criadoras da campanha <strong>de</strong> 2001<br />

Luciana Delfini <strong>de</strong> Campos e Clebison Nascimento dos Santos, curadores da mostra<br />

Exposição celebra os 25 anos das campanhas <strong>de</strong> recepção a alunos<br />

jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 35


we<br />

mkt<br />

Alê Oliveira<br />

O pai da Barbie<br />

“Long Legs, Big Breasts, Glamorous”.<br />

Ernest Dicher<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

Aten<strong>de</strong>ndo a pedidos, meu artigo publicado neste<br />

propmark, na edição com data <strong>de</strong> capa <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 2018. Como muitas coisas na vida, um<br />

artigo escrito cinco anos antes do tempo certo.<br />

De família pobre, ju<strong>de</strong>u, para custear seus estudos<br />

foi trabalhar com seu tio como ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> uma loja <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>partamentos, e <strong>de</strong>corador <strong>de</strong> vitrines nas horas vagas.<br />

De 1924 a 1927. Seu pai era caixeiro viajante, ven<strong>de</strong>ndo tecidos<br />

e armarinhos. No início da Segunda Guerra, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong><br />

sair da Europa, por questões <strong>de</strong> sobrevivência, e muda-<br />

-se com sua mulher, Hedy Langfel<strong>de</strong>r, pianista clássica,<br />

para New York City. Durante os anos 1940 e 1950, passou<br />

parte do tempo tentando convencer as gran<strong>de</strong>s organizações<br />

<strong>de</strong> que faziam publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma equivocada.<br />

Que jogavam dinheiro fora.<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

fmadia@madiamm.com.br<br />

Richard Thaler, 72 anos, professor da escola <strong>de</strong> negócios<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago, recebeu o Prêmio<br />

Nobel <strong>de</strong> Economia, por seus estudos sobre a economia<br />

comportamental. Segundo as agências noticiosas, à<br />

Aca<strong>de</strong>mia Real Sueca <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong> Estocolmo, Thaler<br />

<strong>de</strong>stacou a importância dos traços <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> dos<br />

indivíduos, em seus comportamentos <strong>de</strong> consumo: “Thaler<br />

incorporou hipóteses psicologicamente realistas na<br />

análise das tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões”.<br />

Ou seja, fez em anos recentes, guardadas as <strong>de</strong>vidas<br />

proporções e a infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos hoje existentes,<br />

muito menos do que o verda<strong>de</strong>iro precursor do behaviorismo<br />

aplicado à economia, aos negócios, ao marketing,<br />

ao branding e à comunicação, Ernest Dichter, fez e anunciou<br />

ao mundo nos anos 1950. E por que Dichter não mereceu<br />

a distinção, perguntarão alguns? Por dois motivos.<br />

O primeiro, absolutamente impossível, uma vez que<br />

o Nobel para Ciências Econômicas só passou a existir em<br />

1968. E o segundo é que suas <strong>de</strong>scobertas e conquistas<br />

mereceram críticas truculentas e improce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> supostos<br />

intelectuais da época.<br />

Ernest Dichter foi contemporâneo <strong>de</strong> Peter Drucker,<br />

também nasceu em Viena, no dia <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> 1907.<br />

Graduado em psicologia, aluno e companheiro <strong>de</strong> Paul<br />

Lazarsfeld, um dos fundadores do behaviorismo. Morreu<br />

no ano <strong>de</strong> 1991, em Peekskill, Nova York.<br />

É consi<strong>de</strong>rado o criador e pai da Pesquisa Motivacional,<br />

que, <strong>de</strong>ntre outras conquistas e consequências,<br />

mudou radicalmente a publicida<strong>de</strong>, o marketing, o branding,<br />

os negócios e a comunicação em todo o mundo.<br />

Até que um dia, <strong>de</strong> tanto insistir, a Procter lhe conce<strong>de</strong>u<br />

uma oportunida<strong>de</strong> com Ivory… Mais adiante o casal<br />

dono da Mattel contratou seus serviços para <strong>de</strong>finir<br />

como <strong>de</strong>veriam ser as novas bonecas… entrevistou 191<br />

meninas e 45 mães…<br />

E concluiu: “suas mães querem as bonecas tradicionais,<br />

<strong>de</strong> antigamente; as meninas querem bonecas que<br />

traduzam o que gostarão <strong>de</strong> ser quando crescerem”;<br />

Long legs, big breasts, glamorous… “Barbie”, um dos <strong>de</strong>z<br />

melhores cases <strong>de</strong> todos os tempos.<br />

O sucesso das <strong>de</strong>scobertas sobre Ivory, para Procter,<br />

lhe garantiram um segundo job. Para Ariel… Mais<br />

adiante <strong>de</strong>codificou para a Chrysler como os homens<br />

relacionavam-se com automóveis. E criou a plataforma<br />

<strong>de</strong> comunicação perfeita para diferentes mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

automóveis.<br />

Para a Esso, recomendou o statement: Put a tiger<br />

in your tank… Para Betty Crocker, i<strong>de</strong>ntificou o truque<br />

que daria vida às massas para bolos que esbarravam<br />

no sentimento <strong>de</strong> culpa das mulheres. Descobriu que<br />

os praticantes <strong>de</strong> golfe voavam com as bolinhas; que<br />

os praticantes <strong>de</strong> boliche colocavam suas vidas ao arremessar<br />

as bolonas em direção aos pinos, às frustrações,<br />

aos <strong>de</strong>safios e aos inimigos…<br />

Muito antes, e, infinitamente, mais importante do<br />

que o vencedor do Nobel <strong>de</strong>ste ano, Richard Thaler.<br />

Mas, a vida é assim. Certamente a Aca<strong>de</strong>mia Real<br />

Sueca <strong>de</strong> Estocolmo <strong>de</strong>sconhece as contribuições <strong>de</strong><br />

Dichter.<br />

Deixo aqui, portanto, esse reparo essencial. Questão<br />

ou <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> consciência. Sobre ele, Ernest Dichter, o pai<br />

da Pesquisa Motivacional. Em tempos <strong>de</strong> inteligência<br />

artificial, nada como reverenciar quem resgatou e enalteceu<br />

a verda<strong>de</strong>ira inteligência. A humana.<br />

36 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark


supercenas<br />

Paulo Macedo<br />

paulo@propmark.com.br<br />

Fotos: Divulgação<br />

Marcela Ceribelli é diretora <strong>de</strong> conteúdo do hub Obvious, que faz parceria para a promoção do projeto “Dove da tampinha azul” para a geração Z: cumplicida<strong>de</strong> e segredos<br />

GERAÇÃO Z<br />

Confiança e amiza<strong>de</strong> são os temas escolhidos para<br />

o podcast Bom dia, Obvious, produzido pelo hub <strong>de</strong><br />

conteúdo Obvious. O intuito é a divulgação do projeto<br />

“Dove da tampinha azul”, para a geração Z. O início da<br />

colaboração, <strong>de</strong> acordo com o comunicado, vem com<br />

o lançamento <strong>de</strong> um episódio patrocinado no podcast<br />

estrelado por Marcela Ceribelli, CEO e diretora criativa<br />

da Obvious, e Jana Rosa, fundadora do Bonita <strong>de</strong> Pele.<br />

“Queremos elevar o cuidado e proteção <strong>de</strong> Dove a um<br />

novo patamar, mostrando que o <strong>de</strong>sodorante faz par-<br />

te do ritual <strong>de</strong> cuidado da geração Z. Vimos a parceria<br />

com a Obvious como uma oportunida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al para a<br />

marca se comunicar com esse público <strong>de</strong> uma maneira<br />

leve, <strong>de</strong>scontraída e com conteúdo relevante”,<br />

diz Juliana Masotti, gerente <strong>de</strong> conteúdo da Unilever<br />

Brasil. “Na Obvious, a gente acredita no po<strong>de</strong>r da vulnerabilida<strong>de</strong>,<br />

por isso esse episódio <strong>de</strong> cumplicida<strong>de</strong> e<br />

segredos entre amigas é tão especial. Também enxergamos<br />

o papel <strong>de</strong> rituais <strong>de</strong> amor próprio no nosso dia<br />

a dia, então faz todo o sentido celebrar o Dove da tampinha<br />

azul, que já faz parte da vida <strong>de</strong> muitas <strong>de</strong> nós há<br />

muito tempo”, esclarece Marcela Ceribelli. “A escolha<br />

do formato podcast não foi casual. “O consumo por<br />

podcast tem crescido cada vez mais, principalmente<br />

entre os mais jovens. Segundo estudo do Spotify, os<br />

Gen-zers consomem o formato duas vezes mais que as<br />

<strong>de</strong>mais faixas etárias. A plataforma registrou no primeiro<br />

trimestre <strong>de</strong> 2022, em relação ao ano anterior,<br />

um aumento <strong>de</strong> aproximadamente 40% na audiência<br />

média <strong>de</strong> podcast entre este grupo”, finaliza.<br />

A edição <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> da revista GQ traz Seu Jorge na capa com entrevista sobre temas como sua nova cidadania<br />

SAMBA<br />

Cantor, compositor e ator, Seu Jorge é o personagem <strong>de</strong> capa da revista GQ <strong>de</strong>ste mês <strong>de</strong> <strong>agosto</strong>. Na entrevista ao<br />

título do portfólio da Editora Globo, ele faz uma análise sobre o início da carreira, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, a conquista da<br />

cidadania <strong>de</strong> Cabo Ver<strong>de</strong>, o nascimento do seu filho Samba e sua carreira em Hollywood. A novida<strong>de</strong> no cinema<br />

fica por conta <strong>de</strong> “Asteroid City”, novo filme do cineasta americano Wes An<strong>de</strong>rson. Além do conteúdo na versão<br />

impressa <strong>de</strong> GQ, está disponível no aplicativo Globo+.<br />

O ator Chay Sue<strong>de</strong> está na campanha “Sintonia perfeita”<br />

FAMÍLIA<br />

Chay Sue<strong>de</strong> e seus filhos Maria, <strong>de</strong> três anos, e José, <strong>de</strong><br />

dois anos, estão na campanha “Sintonia perfeita”, alusiva<br />

à data promocional <strong>de</strong> Pais para a marca Hering. A<br />

trilha sonora é assinada por Emicida (protagonista da<br />

campanha <strong>de</strong> 2021), com a canção “Passarinhos”.<br />

jornal propmark - <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 37


última página<br />

Alê Oliveira<br />

Flavio Waiteman<br />

é CCO-foun<strong>de</strong>r da Tech and Soul<br />

flavio.waiteman@techandsoul.com.br<br />

Mão na massa<br />

Flavio Waiteman<br />

Quatro criativos se encontram no dia 2 <strong>de</strong><br />

janeiro e precisam fazer uma campanha<br />

global para uma das marcas mais<br />

famosas do mundo. Eles têm apenas 21 dias<br />

para criar, aprovar, produzir e lançar o material.<br />

A estreia é global.<br />

Apesar <strong>de</strong> já serem bem-sucedidos, tanto<br />

financeiramente quanto em fama global,<br />

eles colocam a mão na massa. Eles po<strong>de</strong>riam<br />

terceirizar várias i<strong>de</strong>ias, recrutar outros ótimos<br />

criativos para escreverem raciocínios,<br />

insights, inspirações etc. Mas preferem fazer<br />

eles mesmos.<br />

Eles trabalham pesado por 21 dias, das<br />

9h às 18h, inclusive alguns sábados e domingos,<br />

nesse período. O resultado é uma<br />

obra prima.<br />

Estou falando dos Beatles, do ano <strong>de</strong><br />

1969, quando criaram o álbum “Let it be” e o<br />

documentário “Get back”, lançado em 2021<br />

por Peter Jackson.<br />

Vale a pena conferir. Está em exibição na<br />

Disney Plus.<br />

Estamos falando <strong>de</strong> quatro criativos fora<br />

da curva, como se Mozart, Beethoven e Bach<br />

montassem uma banda. Mas o que gostaria<br />

<strong>de</strong> enfatizar aqui é o esforço pessoal e emocional<br />

com que eles encararam o trabalho.<br />

Se você disser, “ah, mas são os Beatles”,<br />

eu enfatizaria: se os Beatles faziam tudo<br />

isso, já sendo Beatles, o que os criativos <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m fazer? A resposta é “ter<br />

fome”.<br />

O documentário mostra isso. Paul estava<br />

faminto, John Lennon e George também.<br />

Criativos querendo emplacar i<strong>de</strong>ias. Ali,<br />

no estúdio, os astros se tornam garotos inseguros<br />

com suas melodias inacabadas e com<br />

suas sugestões criativas <strong>de</strong> temas e letras.<br />

Há momentos valiosos no filme, como<br />

quando Paul cria, na frente dos outros Beatles,<br />

a música “Get Back”, para <strong>de</strong>sespero<br />

do George.<br />

George, por sua vez com i<strong>de</strong>ias maravilhosas,<br />

mas sem tanta voz ativa no grupo.<br />

Um ambiente criativo, enfim.<br />

Está tudo ali, o ego, o lí<strong>de</strong>r, a química, a<br />

dureza da i<strong>de</strong>ia do outro melhor do que a<br />

sua. Trabalho e foco.<br />

Mas muito, muito trabalho. Eles tocaram<br />

juntos por vários anos em Hamburgo, na<br />

Alemanha. Oito horas por dia. Sem burnout.<br />

Parece um assunto geracional, mas é atual<br />

e verda<strong>de</strong>iro. Quatro pessoas talentosas<br />

em 21 dias po<strong>de</strong>m fazer qualquer coisa. Mas<br />

é preciso querer muito. Mesmo tendo tudo,<br />

ainda é preciso querer <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. E arregaçar<br />

as mangas.<br />

Mão na massa. Horas trabalhadas. Repertório<br />

<strong>de</strong> tentativas. Gaveta <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias.<br />

Todos os recursos são importantes, inclusive<br />

a repetição <strong>de</strong> acor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outras músicas<br />

já compostas. E para isso é necessário estudo,<br />

<strong>de</strong>dicação e tempo. É intenso mesmo.<br />

É pra ser, porque o processo criativo <strong>de</strong><br />

uma música, uma sinfonia, uma série ou<br />

uma campanha é o mesmo.<br />

Nada substitui o talento, como diz o slogan<br />

do Profissionais do Ano. Mas nada, nada<br />

mesmo, substitui o talento com <strong>de</strong>dicação.<br />

“Nada, nada mesmo,<br />

substitui o talento<br />

com <strong>de</strong>dicação”<br />

38 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark

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