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edição de 14 de agosto de 2023

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negócios &<br />

sustentabilida<strong>de</strong><br />

Alê Oliveira<br />

O casamento<br />

das marcas com<br />

o terceiro setor<br />

Ricardo Esturaro<br />

é escritor, administrador <strong>de</strong> empresas<br />

e especialista em marketing, estratégia<br />

e sustentabilida<strong>de</strong><br />

ricardo@esturaro.com<br />

Ricardo Esturaro<br />

As Organizações da Socieda<strong>de</strong> Civil (OSCs) têm<br />

conquistado uma crescente importância no PIB<br />

e na dinâmica da socieda<strong>de</strong>, representando os<br />

anseios e necessida<strong>de</strong>s da população, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo direitos<br />

individuais e coletivos e promovendo o bem comum.<br />

Em uma socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, elas <strong>de</strong>sempenham<br />

um papel fundamental.<br />

Apesar dos avanços na profissionalização do terceiro<br />

setor nos últimos anos e da ampliação <strong>de</strong> sua<br />

atuação na socieda<strong>de</strong>, ainda persiste um olhar míope<br />

e reducionista em relação ao seu papel, especialmente<br />

no Brasil, on<strong>de</strong> a filantropia é, em alguns setores,<br />

vista como uma prática assistencialista. A socieda<strong>de</strong><br />

brasileira, como um todo, ainda não compreen<strong>de</strong> a<br />

importância e os benefícios, inclusive econômicos, do<br />

investimento no terceiro setor.<br />

A história do terceiro setor no Brasil remonta ao<br />

período colonial, quando predominava o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

assistência social voltado para comunida<strong>de</strong>s carentes,<br />

li<strong>de</strong>rado pela Igreja Católica. Com o tempo, outras<br />

religiões e grupos também se envolveram na formação<br />

<strong>de</strong> organizações sociais <strong>de</strong> assistência baseadas<br />

no trabalho voluntário. Ao longo do século 20, houve<br />

um aumento na diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupos e organizações<br />

que trabalharam para sanar <strong>de</strong>ficiências na<br />

proteção social das populações mais carentes. Simultaneamente,<br />

a pauta e as ações do terceiro setor se<br />

sofisticaram, acompanhando as novas <strong>de</strong>mandas da<br />

socieda<strong>de</strong> e esten<strong>de</strong>ndo sua atuação para assuntos<br />

como educação, meio ambiente, apoio a refugiados e<br />

outros temas relevantes.<br />

A publicação “Perfil das organizações da socieda<strong>de</strong> civil<br />

no Brasil” <strong>de</strong> 2018, do IPEA, oferece um retrato do terceiro<br />

setor no país. Os números são expressivos: existem<br />

820 mil OSCs com CNPJs ativos no Brasil. O processo <strong>de</strong><br />

formação e consolidação <strong>de</strong>ssas organizações ocorreu<br />

principalmente a partir das décadas <strong>de</strong> 1970 e 1980. De<br />

acordo com o IPEA, 12,3% das OSCs ativas foram fundadas<br />

até o fim da década <strong>de</strong> 1980; 69,1% entre 1990 e 2010 e<br />

18,6% nos últimos 10 anos.<br />

A transformação do perfil das OSCs formadas nas últimas<br />

décadas é evi<strong>de</strong>nte: atualmente, 86% são formadas<br />

por associações privadas, 2% por fundações privadas e<br />

12% correspon<strong>de</strong>m a organizações religiosas. Da mesma<br />

maneira, o setor passa por uma transformação no perfil<br />

<strong>de</strong> sua força <strong>de</strong> trabalho: em sua origem, as ativida<strong>de</strong>s<br />

eram executadas primordialmente por voluntários; agora,<br />

estruturas híbridas, que incluem trabalho remunerado,<br />

começam a ganhar espaço.<br />

Nos últimos anos, houve um crescimento na colaboração<br />

entre as marcas e o terceiro setor, resultando em<br />

parcerias estratégicas que impulsionam o seu impacto<br />

social. As marcas têm buscado associar suas imagens a<br />

causas sociais relevantes, o que se mostra uma estratégia<br />

valiosa para fortalecer a percepção positiva nos<br />

consumidores. Ao apoiar projetos e iniciativas sociais,<br />

as empresas <strong>de</strong>monstram um compromisso com a responsabilida<strong>de</strong><br />

social e contribuem para a construção <strong>de</strong><br />

uma socieda<strong>de</strong> mais justa e sustentável.<br />

No entanto, é importante <strong>de</strong>stacar que essas parcerias<br />

<strong>de</strong>vem ser construídas visando ao longo prazo, permitindo<br />

que os impactos positivos sejam duradouros e<br />

alcancem resultados mais profundos e significativos na<br />

socieda<strong>de</strong>. Dada a realida<strong>de</strong> do terceiro setor, que atua<br />

com estruturas frágeis e carência <strong>de</strong> recursos, uma marca<br />

não <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sembarcar <strong>de</strong> um projeto social <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> alcançar seus objetivos mercadológicos - isto seria<br />

uma miopia. Ao contrário, o compromisso <strong>de</strong> longo prazo<br />

<strong>de</strong>ve ser visto como uma oportunida<strong>de</strong> para as marcas<br />

<strong>de</strong>senvolverem parcerias estratégicas sólidas para impulsionar<br />

os seus projetos sociais - um casamento on<strong>de</strong><br />

todos ganham.<br />

“Apesar dos avanços<br />

na profissionalização<br />

do terceiro setor, ainda<br />

persiste um olhar míope<br />

em relação ao seu papel”<br />

<strong>14</strong> <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark

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