v22. n22 2024
Revista do curso da fotografia do curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
Revista do curso da fotografia do curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
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agora, um vivedouro
O registro do caminho se faz
através de retratos, não apenas
da paisagem que se desdobra
diante dos olhos, mas também das
pessoas que povoam esse cenário.
São rostos marcados pelo tempo
e pelas histórias que carregam
consigo, testemunhas silenciosas
das transformações que moldaram
aquele espaço ao longo dos anos.
Ao entrar em Gonçalves Ferreira,
o fotógrafo acompanha os passos
do seu pai em visitas aos espaços
que tecem as teias da memória
familiar. Primeiro, são acolhidos
na casa de um amigo, onde o
tilintar dos sinos dos animais ecoa
pela vastidão do campo. Mais
adiante, encontramos as ruínas
de um antigo espaço, onde outro
parente dava vida ao carvão em
meio às labaredas crepitantes.
“Este mesmo espaço também foi
usado como matadouro e cultivo
de vegetais por meu avô”, diz
Nivaldo. Ali, onde o fogo ardia
sob o manto estrelado do céu, seus
ancestrais deixaram suas marcas,
transformando o local em um
centro de atividades que ecoam os
sussurros do passado.
Caminhando pelas vielas
poeirentas, entre casas de
paredes gastas pelo tempo,
mergulhamos com Nivaldo nas
entranhas do distrito, buscando
desvendar os segredos mais
íntimos que ali se escondem.
São conhecimentos e tradições
que resistem ao tempo, as
circunstâncias que moldam a vida
daqueles que chamam o lugar de
“minha casa”, as inquietações
(do fotógtafo) que impulsionam
cada passo dado na jornada da
existência.
Nessa imersão profunda, nessa
dança entre o passado e o
presente, o Nivaldo Francisco
encontra busca conexões. Mem
sempre as alcança. A jornada é
de perdas, é sobre o inacessível,
também. São estradas que se
entrelaçam sob o sol do agreste,
a vida em constante retorno às
raízes que lhe sustentam: um
eterno reencontro, portanto.
E assim, entre os suspiros do
vento que sussurra segredos
antigos e o canto dos pássaros
que ecoa pela vastidão do
horizonte, a vida segue, o
viajante segue, as memórias
prosseguem.
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