v22. n22 2024
Revista do curso da fotografia do curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
Revista do curso da fotografia do curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
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Gosto da ideia de visões distintas,
menos engessadas, das fotógrafas.
Olho aqui as fotografias das
moças para essa edição e se nota
claramente que são visões diferentes,
dentro de uma ideia mais ou menos
consensuadas.
Em breve Amara e Ignus estarão
expondo, em projeto da designer
Nathalia Amorim. O projeto
participa de editais e hoje, dia
desta entrevista, 22 de março, o
trabalho de conclusão de Nathalia
acaba se ser aprovado com nota
10, com louvor, pelo Centro de
Artes da Universidade Federal
de Pernambuco, com indicação a
participar de prêmios e congressos
de design colaborativo. A exposição,
claro, se chama “Caos”.
ignus
Sim, nós entramos em consenso
sobre o “Caos”, pois é algo que
vivemos em nossas vidas enquanto
fotógrafas, é o que nos chama
atenção.
amara
O caos que falamos é puramente o
real pelo real, a gente registra sem
maquiar a realidade, isso para
alguns pode ser visto como o caos,
mas o caos está mesmo na falta de
acesso, na falta de políticas públicas
efetivas, na falta do básico para
viver.
ignus
De modo muito simples, o belo não
nos atrai. Queremos fogo, queremos
sujeira, retratar a violência e, acima
de tudo, representações reais do
cotidiano.
amara
Sim. A fotografia em si é bastante
branca e elitista, a minha vivência
na fotografia já se torna puro caos,
em uma perspectiva de não lugar.
Por isso escolhemos o tema de
vivência no caos, pois precisamos
ser honestas com o mundo em que
vivemos.
ignus
Retratá-lo de maneira bela e falsa
não está de acordo com nossa
conduta.
As vozes, textos, pensamentos
se misturam mais. São mentes
diferentes:
amara
Temos até características muito
próprias e distintas de linguagem e
técnica, mas nossa visão e filosofia
são muito compartilhadas, o que
facilita nossa comunicação e por
isso o trabalho flui tão bem.
ignus
Minha narrativa aborda temas
que remetem ao underground, ao
artista de rua, periférico, favelado
e aos projetos realizados na cidade.
Procuro viabilizar canais para que
os artistas possam ter lugar de fala,
de forma independente, a minha
caminhada já se faz há alguns anos
nesse ritmo.
Saímos do teatro e seguimos para
pegar um ônibus. Ignus se afastou
para fumar. Nem precisava... Amara
lia em voz alta um livro imaginário.
Acho que falava sobre o começo de
sua formação acadêmica, na Unicap.
amara
Desde meu ensino médio, sempre fui
muito politizada, e atenta em quem
eu era, é necessário na verdade
que seja assim, principalmente por
perceber que o caminho que eu vejo
para mim não faz parte de uma
trajetória linear. Ser fotógrafa é
uma escolha não convencional para
meu contexto. Fiz o vestibular da
Unicap e ter conseguido a bolsa de
estudos foi uma grande realização,
mesmo em meio caos da pandemia
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