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Medicina e Religião - História da Medicina

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XXIII, p. 279), «De Ias Lentejas» (Livro II, Cap. 98, p.<br />

192), ou «De Ia çarça», que o maldisente Fuchs<br />

designou «Mora vaticana» (Livro IV, Cap. 38),<br />

exemplificam essa influência.<br />

Curiosamente, o livro de Leonhart Fuchs reeditado<br />

por «TASCHENT», em 2001, surge-nos envolvido em<br />

reproduções de desenhos que documentam, de uma<br />

forma insofismável, o poder informativo/<br />

desinformativo <strong>da</strong> Imprensa.<br />

O rosto de «THE NEW HERBAL OF 1543» vem<br />

«iluminado» com a bonita imagem de um «pimenteiro»<br />

americano, «Capsicum annuum», primeira de três<br />

gravuras «Von Indianischem Pfeffer», Capítulo 281,<br />

rotula<strong>da</strong>s «Calechutischer Pfeffer», «Langer<br />

Indianscher Pfeffer» e «Breyter Indianischer Pfeffer»,<br />

num texto que confunde «Piper Hispanum/Piper<br />

Indianum/ Piper Calecuthicum»; - «Siliquastrum» e<br />

«Capsicum»; - «Cordumenum», «Grana Paradisi» e<br />

«Piper».<br />

Em 1536, em Lisboa, Andrés Laguna quis saber,<br />

sem resultado (Livro II, Cap. 148, p. 237) como era a<br />

trepadeira «pimenta», diferente do arbusto «malagueta»<br />

e Amato Lusitano, se o soube, não o disse.<br />

Trinta anos depois Carolus Clusius apresentará uma<br />

<strong>da</strong>s primeiras imagens <strong>da</strong> «pimenta» na página 107<br />

15<br />

<strong>da</strong> tradução dos «Colóquios», de Garcia d’Orta:<br />

«AROMATVM ET SIMPLICIVM...», Antuerpia, 1567.<br />

A belíssima contra-capa «Novo Herbário» de Fuchs,<br />

edição de 2001, representa a «Smilax laeuis», a<br />

«Corriola» que Amato poderia aproximar <strong>da</strong> «Smilax<br />

aspera», a «sarsaparrilha» americana que entrou na<br />

«guerra dos genéricos» do século XVI e destronou<br />

a «Raiz <strong>da</strong> China», no combate à sifilis.<br />

Herman Prins Salomon, em arquivos belgas e Aron<br />

di Leone Leoni, em arquivos italianos, pesquizaram<br />

referências a «Mendes, Benveniste, De Luna, Micas,<br />

Nasci em 1532-1558» e procederam à sua<br />

divulgação no «I Colóquio Internacional sobre<br />

Património Ju<strong>da</strong>ico Português» em Lisboa, em Janeiro<br />

de 1996. Não está esgota<strong>da</strong> a possibili<strong>da</strong>de de<br />

se encontrarem referências a Amato, em Arquivos que<br />

ain<strong>da</strong> não foram explorados com esta finali<strong>da</strong>de, em<br />

Lisboa, Londres, Antuerpia, Ferrara, Roma, Ragusa,<br />

Salonica, onde podem existir autorizações para o<br />

exercício <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong>, contratatos para prestação de<br />

serviços, folhas de pagamentos, ou simples pareceres<br />

médicos, como aquele que acompanha o Caso Clínico<br />

n.° XX <strong>da</strong> SEGUNDA CENTÚRIA, assinado em<br />

Ancona, em 17 de Maio de 1550, pelo doutor médico<br />

Amato Lusitano, de Castelo Branco.<br />

O trabalho de Prins Solomon e Leone Leoni<br />

esclarece-nos quanto ao ambiente em que se<br />

movimentou Amato e mostra-nos que, enquanto D.João<br />

III solicitava ao Papa Clemente VII (Júlio de Médicis)<br />

a criação de uma «inquisição», Francisco Mendes<br />

Benveniste conseguiu um «breve» papal, <strong>da</strong>tado de<br />

11 de Dezembro de 1531, que o isenta, a si e aos<br />

seus, à mulher e aos filhos que viesse a ter, e a outros<br />

familiares, de eventuais acusações de heresia.<br />

Entretanto, na Flandres, D.Maria, representante de<br />

Carlos V, o Parlamento e o Conselho do Governo,<br />

decidiram dificultar o comercio português e prenderam<br />

Diogo Mendes, chefe <strong>da</strong> Casa dos Mendes em<br />

Antuerpia, sequestram e embargam to<strong>da</strong> a fazen<strong>da</strong> à<br />

sua guar<strong>da</strong>, pimenta e especiarias <strong>da</strong> Casa <strong>da</strong> India.<br />

Estas medi<strong>da</strong>s lesaram gravemente o comercio<br />

português, a casa real e os grandes investidores. A<br />

rainha de Portugal pediu aju<strong>da</strong> a Carlos V, seu irmão,<br />

em carta <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 26 de Agosto de 1532 e D.João<br />

III, passados dois dias, seguiu o exemplo <strong>da</strong> mulher.<br />

Carlos V estava na Alemanha e os correios venceram<br />

o tempo e a distância. Carlos V precisava dinheiro,<br />

Diogo Mendes pagou uma caução de 50000 ducados,<br />

emprestados por um ano, sem juros e alcançou a<br />

liber<strong>da</strong>de, em 17 de Setembro de 1532.<br />

Três anos depois falecia Francisco Mendes, em<br />

Janeiro de 1535, em Lisboa. Deixou uma filha, de<br />

poucos meses.<br />

No ano seguinte, em 18 de Novembro de 1536 a<br />

inquisição chegou a Portugal. Em 12 de Maio de 1537<br />

D.João III lembrou-se <strong>da</strong> herança de Francisco Mendes<br />

e decidiu apanhar-lhe a filha, destinando-a à casa <strong>da</strong>

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