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Medicina e Religião - História da Medicina

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interesses mais próximos, razão que terá pesado na<br />

ligeireza de leituras anteriores. E o que seria uma<br />

revisão «à vol d’oiseau» resultou numa releitura de<br />

prazer e proveito, embora não exaustiva... Isso seria<br />

impossível, por limitações de vária ordem...<br />

São já de várias dezenas os trabalhos de temática<br />

muito diversifica<strong>da</strong> aqui divulgados e reunidos nos<br />

C.C., que constituem um levantamento notável <strong>da</strong><br />

maneira de viver e de sentir <strong>da</strong>s gentes <strong>da</strong> B.I. ao<br />

longo <strong>da</strong> sua história, <strong>da</strong>s relações <strong>da</strong>s populações<br />

raianas com Espanha/Salamanca, além de um<br />

exaustivo estudo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> obra de Amato Lusitano<br />

(A.L.).<br />

Da releitura, ain<strong>da</strong> que «pela rama», do manancial<br />

de documentos que as revistas guar<strong>da</strong>m, património<br />

cultural único para um melhor conhecimento <strong>da</strong> B.I. e<br />

não só, testemunho de um percurso iniciado em 89<br />

que não deve cair no arquivo do esquecimento, surgiu<br />

a ideia para o presente trabalho. Acresce ain<strong>da</strong> que,<br />

em trabalhos anteriores, reflexo de uma certa<br />

«marginali<strong>da</strong>de» própria de quem se movimenta fora<br />

do universo <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong> e <strong>da</strong>s Ciências, nunca abordei<br />

a figura tutelar e a obra de A.L., se bem que a presença<br />

habitual nestes Encontros seja, por si, um tributo ao<br />

patrono <strong>da</strong>s «Jorna<strong>da</strong>s».<br />

Daí eu pensar que teria nas mãos uma maneira<br />

simples de, desta vez, homenagear A.L. e, com ele<br />

quantos, ao longo destes anos, através <strong>da</strong>s suas<br />

investigações seguindo os trilhos do autor <strong>da</strong>s<br />

«Centúrias» nas suas deambulações pelo mundo me<br />

ensinaram, e a muitos outros por certo, a conhecê-lo<br />

melhor e a amá-lo... porque, confesso, antes de me<br />

juntar a esta Família, pouco sabia <strong>da</strong> obra e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

do grande vulto albicastrense.<br />

Foi em 92 que, em boa hora, aceitei o convite-desafio<br />

para colaborar nas «Jorna<strong>da</strong>s de Estudo» feito pelos<br />

queridos amigos Drs.António Salvado e António<br />

Lourenço Marques que continuam a ser a alma desta<br />

realização anual, já na XIII edição e sobre quem pesa<br />

a responsabili<strong>da</strong>de directa <strong>da</strong> organização deste<br />

evento de características ímpares que congrega<br />

numerosos investigadores de boa vontade em prol <strong>da</strong><br />

nossa Região e <strong>da</strong>s suas gentes.<br />

Acompanho com admiração não só o trabalho do<br />

Director e do Editor dos C.C., sempre presentes nos<br />

trabalhos de sapa permitindo que, em ca<strong>da</strong> Outono,<br />

a revista apareça edita<strong>da</strong> a tempo, mas também o de<br />

quantos continuam a acreditar neste projecto exemplar<br />

e lhe dão o seu contributo desinteressado através<br />

de lições admiráveis sobre A.L. e sobre outros temas<br />

<strong>da</strong>s Ciências Humanas, numa osmose de muitos<br />

saberes intercruzados.<br />

Do valioso trabalho dos especialistas que aqui têm<br />

feito ouvir a sua voz editado nos C.C. resulta, que o<br />

riquíssimo espólio científico deixado por A.L. nas «Sete<br />

Centúrias de Curas Médicas», notavelmente traduzido<br />

do latim pelo Prof. Firmino Crespo, além de outras<br />

74<br />

importantes matérias de interesse para a B.I., fica ao<br />

alcance de ca<strong>da</strong> vez maior número de interessados.<br />

Antes de avançar, uma palavra para o espírito de<br />

convívio fraterno e de diálogo que tem pontuado a<br />

realização <strong>da</strong>s «Jorna<strong>da</strong>s», por parte de todos os<br />

participantes, e que desejamos se mantenha pois é<br />

uma característica bem própria <strong>da</strong>s gentes <strong>da</strong> Beira...<br />

Não cabe no âmbito desta ligeira abor<strong>da</strong>gem <strong>da</strong>s<br />

Comunicações que reli, fazer um estudo aprofun<strong>da</strong>do<br />

<strong>da</strong> valiosa documentação. Essa não foi a minha<br />

intenção, deixo aos especialistas essa difícil tarefa.<br />

Porém, na impossibili<strong>da</strong>de de abarcar tão vasto leque<br />

de temas e autores, mesmo correndo o risco de ser<br />

injusto, não deixarei de evidenciar alguns trabalhos<br />

cujo teor me tenha prendido um pouco mais, nesta<br />

breve «revisão <strong>da</strong> matéria» dos C.C..<br />

É sabido que este «médico sem fronteiras» (1511-<br />

1568) nasceu em Castelo Branco e foi um dos mais<br />

importantes médicos <strong>da</strong> Renascença; que foi um<br />

espírito aberto, engenhoso e prático e observador<br />

atento; que viajou pelos espaços renascentistas de<br />

to<strong>da</strong> a Europa no exercício <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong> - muitas vezes<br />

forçado pela intolerância religiosa - em deslocações<br />

constantes que o aju<strong>da</strong>ram a alargar os horizontes<br />

do conhecimento, etc, etc...<br />

Consciente de que na<strong>da</strong> poderei acrescentar à sua<br />

biografia, passarei adiantes para, com a devi<strong>da</strong> vénia,<br />

<strong>da</strong>r a palavra a alguns dos mestres que aqui têm<br />

partilhado o seu saber, através de curtas passagens<br />

de textos seus, esperando que não me levem a mal<br />

os meus pequenos «roubos». A ideia é evocar Amato<br />

pela voz de quem melhor o conhece, estu<strong>da</strong> e divulga.<br />

O tema central deste ano, «Amato Lusitano, Médico<br />

Sem Fronteiras» foi o título de uma bela comunicação<br />

do Dr. Romero Bandeira Gandra (n°10) 45, presença<br />

constante destas realizações. Desse texto sobre A.L.<br />

e as suas an<strong>da</strong>nças pelo mundo transcrevo a seguinte<br />

passagem: «(...) Amato cumpriu um juramento, não<br />

olhou às fronteiras geográficas dos países, curou<br />

pobres e ricos. Apesar <strong>da</strong>s vicissitudes por que<br />

atravessou, o seu interesse pelos doentes, a sua<br />

independência face ao estatuto sócio - religioso - cultural<br />

do enfermo, a análise científica <strong>da</strong> matéria médica<br />

que a sua época lhe deparou, fizeram dele um<br />

autêntico médico sem fronteiras, muito para além <strong>da</strong><br />

acepção geográfica do termo, mas fun<strong>da</strong>mentalmente<br />

pela postura mental eleva<strong>da</strong> e independente com que<br />

se afirmou».<br />

Em «A Reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Dor nas Curas de Amato<br />

Lusitano» (n°5) 19 aprendi com o Dr. Lourenço<br />

Marques que «As Setes Centúrias de Curas Médicas»<br />

perfazem um sumptuoso manancial de informação<br />

sobre o estado <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong> de Quinhentos, marca<strong>da</strong><br />

pela influência dos clássicos gregos, latinos e árabes,<br />

autori<strong>da</strong>des que eram reconheci<strong>da</strong>s pelos médicos<br />

mais notáveis...».<br />

Já atrás falei do espírito aberto e prático de A.L.. É

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