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Medicina e Religião - História da Medicina

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O Dr. Francisco de Sá Pereira, em Alpedrinha<br />

Introdução<br />

Uma evocação como a que ora iniciamos poderá, à<br />

primeira vista, parecer algo pretensiosa e particularista,<br />

por trazer à superfície personagens <strong>da</strong> nossa própria<br />

memória, de vago conhecimento directo e de um<br />

círculo relativamente restrito; vi<strong>da</strong>s singularizáveis que<br />

não atingiram os galarins <strong>da</strong> fama além-fronteiras, e<br />

nem sequer no país, nem vêm cita<strong>da</strong>s nas histórias<br />

ou compêndios <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong> Portuguesa.<br />

Mas, numas Jorna<strong>da</strong>s de Estudo como estas, sobre<br />

a <strong>Medicina</strong> na Beira Interior e com um âmbito temporal<br />

a estender-se até ao Século XXI, conforme enuncia<br />

a epígrafe <strong>da</strong>s mesmas, estamos em crer que tal<br />

evocação não só tem total cabimento e justificação<br />

como poderá mesmo servir de incentivo a outras mais<br />

em próximas jorna<strong>da</strong>s, igualmente justificáveis, que<br />

decerto as haverá na história recente desta nossa<br />

mátria Beira.<br />

Dir-se-á que é uma história ain<strong>da</strong> quente, quase<br />

imediata, sobre a qual não madurou o tempo suficiente<br />

para nos pronunciarmos com isenção e sentido crítico,<br />

também por os seus actores permanecerem ain<strong>da</strong><br />

vívidos na nossa mente e encontrarmos ao nosso lado<br />

os seus descendentes directos. Tais obstáculos não<br />

devem, porém, servir de inibição ou alibis a que possam<br />

emergir casos exemplares, de pessoas com méritos<br />

inquestionáveis, porque as houve e porque só vemos<br />

vantagem em as divulgar, até para que os seus<br />

exemplos frutifiquem...<br />

Muitos poderiam ser, certamente, os casos a aduzir<br />

e explorar, por esta ou aquela razão, de um passado<br />

mais ou menos remoto, desta ou <strong>da</strong>quela locali<strong>da</strong>de,<br />

sobretudo dos tempos mais recuados. Do Fundão,<br />

por exemplo, desde o primeiro médico/físico mestre<br />

Bueno ou Boino Abolafia (aqui referenciado em 1495),<br />

aos mais recentes e ilustres clínicos, passando por<br />

homens que deixaram luminoso rasto em páginas<br />

53<br />

EVOCAÇÃO/MEMÓRIA DE ALGUNS MÉDICOS<br />

NOTÁVEIS DA BEIRA INTERIOR<br />

- CONCELHO DO FUNDÃO<br />

Joaquim Candeias Silva*<br />

monográficas sobre esta antiga Vila como os drs.<br />

António <strong>da</strong>s Neves Carneiro personali<strong>da</strong>de que bem<br />

merecia um estudo desenvolvido (n. 1774 - m. 1848,<br />

formado por Coimbra e activo no Fundão desde 1808<br />

até à sua morte, salvo durante curtos períodos, em<br />

especial os <strong>da</strong>s perseguições absolutistas), Cândido<br />

Albino <strong>da</strong> Silva Pereira e Cunha (n. Fundão 1821,<br />

clínico nesta vila, na Covilhã e Lisboa, também<br />

escritor, visconde em 1886), Paulo de Oliveira Matos<br />

(médico do partido municipal na mesma vila desde os<br />

anos 40 do século XIX até ao final do mesmo) 1 ,<br />

Hermano José <strong>da</strong>s Neves Castro e Silva (n. Fundão<br />

1846, formado por Lisboa em 1873 e depois médico<br />

do partido em Alpedrinha), José Pedro Dias Chorão<br />

(n. Capinha 1853, formado por Coimbra em 1880,<br />

depois também de partido e subdelegado de saúde<br />

do Fundão), etc. ...<br />

Ou de Alpedrinha, onde temos notícia <strong>da</strong> existência<br />

de «médico de partido» desde o século XVI e onde<br />

podemos elencar nomes como Jorge Mateus, o primeiro<br />

médico que encontrámos (com alvará de ordenado<br />

<strong>da</strong>tado de 24.5.1585), Miguel João “Castelhano”<br />

(médico formado por Salamanca em 1608 e referenciado<br />

nesta vila de Alpedrinha na déca<strong>da</strong> de vinte),<br />

Ladislau Pires Cinza (formado em Coimbra cerca de<br />

1670) e seu parente José Salvado Cinza (activo na<br />

mesma vila nos começos do século XVIII), João<br />

Baptista Gilé (1705-1785, médico <strong>da</strong> Misericórdia por<br />

muitos anos), Jorge Gaspar de Oliveira Rolão (1783-<br />

1833, formado por Coimbra em 1809, médico de partido<br />

pelo menos desde 1817, autarca e escritor), Francisco<br />

António Rodrigues de Gusmão (até 1855, com<br />

ordenado de 300$, o qual além de abalizado médico<br />

foi também episodicamente escritor), Francisco<br />

Manuel Pais (com carta de cirurgião do partido em<br />

22.4.1851), Francisco António Boavi<strong>da</strong> (natural <strong>da</strong> vila,<br />

formado em 1856 e com carta do partido de medicina<br />

em 13.11.1858, até ao ano seguinte, em que se retirou<br />

para Aldeia de S.ta Margari<strong>da</strong>), Eduardo Antunes<br />

Correia de Castro (n. 1880, formado em 1906 e

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