nesse mesmo mundo. Amato Lusitano é uma personali<strong>da</strong>de de acordo com estes novos tempos, como a sua obra demonstra, sendo ele próprio um protagonista <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça. O seu estudo moderno foi inaugurado por Max Salomon, quando em 1901, publicou, na Alemanha, a primeira monografia sobre o autor, desenvolvendo-se depois outros estudos, em vários países. Em Portugal, é a Maximiano Lemos, que devemos as primeiras investigações correspondentes, publicando os respectivos estudos, em1904 e em 1907, seguindose-lhe Ricardo Jorge (1910). Em 1941, José Lopes Dias inicia também a publicação de um vasto conjunto de trabalhos, vários dos quais foram reunidos nos “Estudos de Castelo Branco”. Em colaboração com o grande filólogo e latinista Firmino Crespo, o tradutor do latim para português <strong>da</strong>s Sete Centúrias de Curas <strong>Medicina</strong>is, surge a publicação moderna desta obra relevante <strong>da</strong> cultura médica do Renascimento. Outros autores, durante o século XX, continuaram a estu<strong>da</strong>r exaustivamente a mesma obra. O IV Centenário <strong>da</strong> morte de Amato Lusitano foi particularmente fértil em novas abor<strong>da</strong>gens. Nomes como os de Maximino Correia, Miller Guerra, Luis de Pina, Caria Mendes, Tavares de Sousa, Joaquim Veríssimo Serrão, Leibowitz, entre vários outros, publicaram trabalhos, quer sobre aspectos biográficos, quer sobre a obra científica, ou sobre o papel do médico albicastrense na história <strong>da</strong> medicina <strong>da</strong> Renascença, como anatomista e como inovador de algumas medi<strong>da</strong>s terapêuticas. Finalmente, na última déca<strong>da</strong> do século passado, a partir de 1989, iniciaram-se em Castelo Branco, em homenagem ao célebre médico, as Jorna<strong>da</strong>s de Estudo “<strong>Medicina</strong> na Beira Interior - <strong>da</strong> Pré-história aoSéculo XX”. Este evento,com realização anual, e que ain<strong>da</strong> hoje tem lugar, reúne estudiosos de diversas áreas <strong>da</strong>s Ciências Humanas, para a apresentação e discussão de trabalhos, muitos deles inspirados em aspectos concretos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> obra de Amato Lusitano, aspectos extrapolados também para a reali<strong>da</strong>de cultural <strong>da</strong> região <strong>da</strong> Beira Interior. Temas como “Amato Lusitano: o médico e o humanista” ; “Amato Lusitano na <strong>História</strong> <strong>da</strong> Ciência e <strong>da</strong> Cultura Portuguesa ou na <strong>História</strong> do Renascimento Europeu”; e ain<strong>da</strong> particulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> sua obra, sugeri<strong>da</strong>s por temas universais, têm alimentado, de uma forma muito enriquecedora, estas reuniões, também considera<strong>da</strong>s como uma oportuni<strong>da</strong>de distinta para a concretização regular de um acontecimento sobre a história <strong>da</strong> medicina, em Portugal. Simultâneamente, desde 1989, são publicados, na ci<strong>da</strong>de natal de Amato Lusitano os Cadernos de Cultura “<strong>Medicina</strong> na Beira Interior - <strong>da</strong> Pré-história ao Século XX”. Nos 14 números já existentes, reúnemse 139 trabalhos apresentados nas referi<strong>da</strong>s jorna<strong>da</strong>s, sendo 44 sobre Amato Lusitano. 27 É de facto surpreendente como um simples autor, do século XVI, continua a facultar matéria que tanto entusiasma os investigadores actuais. Seguindo a investigação de João Rui Pita 6 , nesta publicação encontram-se trabalhos que abor<strong>da</strong>m assuntos com importância para a história <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong> medicina, mas também para a história sócio-cultural <strong>da</strong> mesma medicina. Fun<strong>da</strong>mentam esta afirmação, a vasta matéria encontra<strong>da</strong> e estu<strong>da</strong><strong>da</strong> nesses trabalhos, como sejam, por exemplo, diversos aspectos biográficos do autor, a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de médica na luta contra a doença e a morte, o nascimento, a oftalmologia, a saúde oral, a morte, a dor, a melancolia, o aborto, a velhice, o cancro e os princípios dos cui<strong>da</strong>dos paliativos, a posição do médico perante o doente moribundo e incurável, o espaço geográfico, as catástrofes naturais, as plantas medicinais e aromáticas, a mulher e o mundo feminino, a alimentação, vários aspectos terapêuticos, a água, a vi<strong>da</strong> quotidiana, a ironia e os quatro elementos. Autores como, J. Caria Mendes, Alfredo Rasteiro, Manuel <strong>da</strong> Silva Castelo Branco, António Salvado, J. Firmino Crespo, Maria Adelaide Neto Salvado, Morgado Pereira, Fanny Xavier <strong>da</strong> Cunha, Albano Mendes de Matos, F. Espinheira, António Lourenço Marques, António Lopes Dias, Romero Bandeira, entre outros, têm continuado a desven<strong>da</strong>r, a partir deste forum de Castelo Branco, o precioso legado de um dos nossos maiores humanistas, que foi ao mesmo tempo, e talvez por isso mesmo, um médico e um indiscutível homem de ciência, tal como exigia o seu entendimento <strong>da</strong> medicina, vislumbrado sem ambigui<strong>da</strong>des nos textos que escreveu e o perpetuam. * Médico. Facul<strong>da</strong>de de Ciências <strong>da</strong> Saúde. Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Beira Interior. Notas 1 - <strong>História</strong> General de Ias Ciencias, Dir. René Taton. Orbis, Barcelona, 1988. p. 183. 2 - Grangel, L. S., Los Estudios de <strong>Medicina</strong> en Salamanca, Salamanca, 1989, p. 19 3 - Dias, José Lopes, Biografia de Amato Lusitano e outros ensaios amatianos, Estudos de Castelo Branco, 1971. p. 35. 4 - Cassirer, E., Ensaio sobre o Homem, Guimarães Editores, Lisboa, 1995, p. 174. 5 -Tubiana, M., <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong> e do Pensamento Médico, Teorema, Lisboa, 2000, p. 65. 6 - João Rui Pita e Ana Leonor Pereira, Os Cadernos de Cultura “<strong>Medicina</strong> na Beira Interior - <strong>da</strong> Pré-<strong>História</strong> ao Século XX” (1989-2000) Um caso único no periodismo português. Cadernos de Cultura “<strong>Medicina</strong> na Beira Interior - <strong>da</strong> Pré-<strong>História</strong> ao Século XX “, 15, 2001 (no prelo).
Com Amato Lusitano, nas velhas ruas de Salamanca Revisitamos o saber havido por essas ruas frígi<strong>da</strong>s, gela<strong>da</strong>s, e os mesmos olhos descortino em ti: o desejo de mais avassalares à vontade de tudo conseguires. Aqui traçaste as vias, os caminhos que percorreste livremente au<strong>da</strong>z sem julgares receios: peregrino dum mundo novo à espera que o cruzasses e que outra luz brilhante lhe doasses, desconheci<strong>da</strong>s rotas descobrindo. D’aqui levaste em tua alma o facho que norteou a Vi<strong>da</strong> que traçaste a quem <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> pouco abraçaria, negando raias, abolindo marcas, e as fronteiras do ódio e do perigo riscando: a ilusão que figuraste. António Salvado 28
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