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Paulo de Tarso: Grego e Romano, Judeu e Cristão - Universidade ...

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<strong>Paulo</strong> Sérgio Ferreira<br />

no enten<strong>de</strong>r da maior parte dos investigadores mo<strong>de</strong>rnos, uma convicção do<br />

Apologeta e Teólogo numa conversão <strong>de</strong> Séneca ao Cristianismo – tanto mais<br />

que, conforme observa Bocciolini Palagi, «Tertulliano citando altrove Seneca ne<br />

parla inequivocabilmente come di un pagano» 2 –, mas apenas a consciência <strong>de</strong><br />

algumas confluências temáticas. 3 A termos e frases senequianas recorreu ainda<br />

Cipriano (c. 200-258 d.C.) para expor o seu próprio pensamento. 4 Séneca,<br />

<strong>de</strong>scrito por Lactâncio (c. 240-c. 320) como omnium Stoicorum acutissimus e<br />

como morum uitiorumque publicorum et <strong>de</strong>scriptor uerissimus et accusator acerrimus<br />

(Inst. 1.5.19), no dizer do referido Padre da Igreja, quam multa alia <strong>de</strong> <strong>de</strong>o nostris<br />

[Christianis] similia locutus est (Inst. 1.5.28).<br />

E tais foram as afinida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ológicas que o teólogo encontrou no<br />

Cordubense, que chegou a admitir que, mediante orientação a<strong>de</strong>quada, po<strong>de</strong>ria<br />

este «homem ignaro da verda<strong>de</strong>ira religião» ter abraçado o Cristianismo (Inst.<br />

6.24.13-14):<br />

150<br />

Quid uerius dici potest ab eo, qui Deum nosset, quam dictum est ab homine uerae<br />

religionis ignaro? [….] Potuit esse uerus Dei cultor si quis illi monstrasset, et<br />

contempsisset profecto Zenonem et magistrum suum Sotionem, si uerae sapientiae<br />

ducem nanctus esset.<br />

Do exposto, parece, por conseguinte, legítimo concluir que, na esteira<br />

do que a tradição apologética havia feito relativamente a outros filósofos,<br />

preten<strong>de</strong>ria Tertuliano procurar, numa filosofia que tinha chegado aos mais<br />

diversos estratos da população, pontos <strong>de</strong> contacto com uma religião que<br />

sentia urgência em ganhar a<strong>de</strong>ptos. O processo e o propósito aparecem, <strong>de</strong><br />

resto, documentados num contemporâneo dos dois primeiros, Minúcio Félix<br />

(fl. 200-40 d.C.), que, em Oct. 20.1, observa: aut nunc Christianos philosophos<br />

esse aut philosophos fuisse iam tunc Christianos.<br />

Se, para alguns investigadores, o silêncio dos Padres referidos<br />

relativamente ao epistolário e sobretudo o testemunho <strong>de</strong> Lactâncio acerca do<br />

<strong>de</strong>sconhecimento senequiano da religião cristã, constituem indícios seguros<br />

<strong>de</strong> que, entre 304 e 324 – período <strong>de</strong> composição provisória e <strong>de</strong> redacção<br />

<strong>de</strong>finitiva das Institutiones diuinae –, ainda não tinham sido forjadas as<br />

epistulae Senecae ad Paulum aut Pauli ad Senecam, outros há que, com a falta <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong> religiosa e filosófica da mensagem veiculada nas referidas cartas,<br />

e a sua escassa difusão na época <strong>de</strong> Lactâncio, justificam o <strong>de</strong>sinteresse que por<br />

elas manifestaram os referidos teólogos. 5<br />

2 Palagi, 1978, 7-8.<br />

3 Scarpat, 1977, 110.<br />

4 Scarpat, 1977, 110 n. 3.<br />

5 Entre os primeiros investigadores contam-se, Momigliano, 1950, 326; Palagi, 1978, 9; e<br />

Natali, 1995, 12; e entre os segundos, Franceschini, 1981, 830-831; e Ramelli, 1997, 300 e 307.

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