Paulo de Tarso: Grego e Romano, Judeu e Cristão - Universidade ...
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Séneca e <strong>Paulo</strong> <strong>de</strong> <strong>Tarso</strong>: conjecturas em torno <strong>de</strong> uma correspondência incerta<br />
ciclos da ave mítica, Roma haveria <strong>de</strong> cair às mãos dos Hebreus (Díon 57.4-<br />
5). 52 O problema é que, conforme sustentou Puig, os dois passos bíblicos se<br />
não afiguram incompatíveis, uma vez que po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>screver dois momentos<br />
distintos da vida <strong>de</strong> Cristo. 53<br />
Sustentou <strong>de</strong>pois Herrmann que <strong>Paulo</strong> <strong>de</strong> <strong>Tarso</strong> seria o chefe do grupo <strong>de</strong><br />
Ju<strong>de</strong>us dissi<strong>de</strong>ntes que, em benefício pessoal e do templo <strong>de</strong> Jerusalém, havia<br />
extorquido a Fúlvia, esposa <strong>de</strong> (Sêncio) Saturnino, púrpura, ouro e outros bens<br />
(cf. Josefo, AJ 17.81-82). Embora não seja possível <strong>de</strong>terminar se existiria ou<br />
que tipo <strong>de</strong> relação existiria entre Fúlvia e Séneca, o que o investigador conclui é<br />
que, encoberto pelo antimessianismo e pelo anti-semitismo <strong>de</strong> seu tio Galério,<br />
estaria Séneca a par da propaganda cristã, levada a cabo por <strong>Paulo</strong> <strong>de</strong> <strong>Tarso</strong>,<br />
junto da comunida<strong>de</strong> aristocrática romana. À luz dos dados apresentados,<br />
parecem estas conclusões algo imaginosas. 54<br />
Depois <strong>de</strong> referir o possível apoio <strong>de</strong> Séneca, enquanto senador, à oposição<br />
<strong>de</strong> Tibério à adopção, proposta por Canínio Galo e Quintiliano (Tácito, Ann.<br />
5.18 e 6.12), <strong>de</strong> um novo livro sibilino pelo senado, ou o eventual regozijo<br />
senequiano com o edicto <strong>de</strong> Nazaré, on<strong>de</strong> Tibério havia censurado os <strong>Cristão</strong>s<br />
por, <strong>de</strong> acordo com os Ju<strong>de</strong>us, terem violado sepulturas, classificou Herrmann<br />
<strong>de</strong> cristianizantes, Públio Pompónio Secundo, que, <strong>de</strong> acordo com Quintiliano,<br />
Inst. 8.3.31, haveria <strong>de</strong> ter uma discussão com Séneca sobre a proprieda<strong>de</strong><br />
do uso em tragédia da expressão gradus eliminat; 55 S. Mário, um riquíssimo<br />
compatriota <strong>de</strong> Séneca que foi acusado <strong>de</strong> incesto (Díon 63.22); um <strong>Paulo</strong>,<br />
que, salvo por um escravo <strong>de</strong> uma associação <strong>de</strong> lesa-majesta<strong>de</strong> (Séneca, Ben.<br />
52 Herrmann, 1979, 19 ss. O conteúdo do livro haveria <strong>de</strong> ser reproduzido por Díon 62.18,<br />
no rescaldo do incêndio <strong>de</strong> Roma, a propósito da perseguição movida por Nero aos <strong>Cristão</strong>s; e<br />
que correspon<strong>de</strong> aos versos 139 ss. do 8º livro sibilino subsistente.<br />
53 Puig, 2006, 154-5. A propósito, ainda observou, <strong>de</strong> forma perspicaz, o investigador que<br />
Lucas silencia as viagens <strong>de</strong> Jesus adulto fora do território <strong>de</strong> Israel (Fenícia, Mc 7.24; duas<br />
a Decápole, Mc 7.31 e 5.20; Cesareia e Filipos, Mc 8.27), a fim <strong>de</strong> realçar a importância da<br />
primeira comunida<strong>de</strong> cristã na difusão da mensagem bíblica além-fronteiras (Samaria, Act 8.5;<br />
Síria, Act 9.22; Fenícia, Act 11.19). Quanto à fénix, teria, <strong>de</strong> acordo com Herrmann, 1979, 29,<br />
aparecido no Egipto, antes das mortes do adivinho Trasilo e <strong>de</strong> Tibério, para anunciar a do<br />
imperador. O mesmo investigador observa que, no Livro dos segredos <strong>de</strong> Enoch, <strong>de</strong> um cristão<br />
do círculo <strong>de</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>de</strong> <strong>Tarso</strong>, se referem muitas fénices, e que, na tragédia Exodus, <strong>de</strong> Pseudo-<br />
Ezequiel, as setenta fénix vegetais (palmeiras) simbolizam os discípulos dos apóstolos, que, por<br />
sua vez, aparecem simbolizados pelas 12 fontes.<br />
54 Herrmann, 1979, 27-28. Em abono da sua teoria, relacionou Herrmann a <strong>de</strong>scrição do<br />
crime no passo referido com as consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Josefo, em AJ 20.97-203, on<strong>de</strong> se fala <strong>de</strong> um<br />
ju<strong>de</strong>u expatriado, com receio <strong>de</strong> represálias por ter transgredido certas leis; da apresentação <strong>de</strong><br />
certas pessoas diante do Sinédrio por terem violado certas leis; com a ligação, em Filipos, <strong>de</strong><br />
<strong>Paulo</strong> a Lídia <strong>de</strong> Tiatiros, comerciante <strong>de</strong> púrpura; com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o grupo que girava<br />
em torno <strong>de</strong> Fúlvia ser helenizante e com a sólida cultura grega <strong>de</strong> <strong>Paulo</strong>.<br />
55 Herrmann, 1979, 28. Após o castigo <strong>de</strong> Sejano, foi Pompónio Secundo acusado <strong>de</strong> ter<br />
dado guarida a Asínio Polião [Tac., Ann. 6.3 (5.8)]. Segundo Herrmann, teria sido salvo pelo<br />
irmão, Quinto Pompónio.<br />
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