jornal balcao automotivo_edicao-0075NOVO_Layout 1 18/12/2012 22:23 Page 20 20 CAPA Dezembro de 2012 | Edição 75 BALCÃO MINEIRO, DA AUTO PEÇAS PARAÍBA dos e até de outros países”, comenta. Uma complexidade que João Gomes da Silva Neto, proprietário da Careca Autopeças, de São Paulo (SP), avalia como mais um custo para o varejo. “Nós já tivemos que fazer a classificação fiscal de todos os produtos para finalidade de PIS e Cofins, as informações chegam distorcidas para nós e se errarmos somos penalizados e o mesmo acontecerá com as informações referentes a esses impostos. Assim, teremos uma situação bastante complicada para administrar. Fora isso, há diferenças do percentual que é tributado, do que é substituição tributária e do imposto de mercadorias de outros estados. Como classificar todos os produtos e jogar no sistema para emissão da nota fiscal?”, questiona. Para Araújo, da autopeças Paraíba, a nova lei também é um dificultador. “É muita coisa para nós resolvermos e o governo só olha para o lado dele. Claro que é bom o consumidor saber o que está pagando, mas isso não pode ser um peso para nós”, defende. E para Castro, da Auto Peças Castro, não há dúvida do problemão que será gerado. “Vamos ter um grande trabalho para entender todos esses JOÃO PELEGRINI, DA CASA DO CHEVROLET, DE UBERLÂNDIA (MG) ALEXANDRE XAVIER, DO INSTITUTO DA QUALIDADE AUTOMOTIVA impostos (diferenças de alíquotas a partir da origem do produto), cadastrar e mudar as especificações na nota fiscal. A lei foi sancionada e ninguém sabe direito como será”, comenta. PEÇAS CERTIFICADAS: O QUE MUDA PARA O MERCADO? A partir de janeiro do próximo ano, de acordo com a portaria 301, todas as autopeças para o mercado de reposição serão obrigadas a ter a Certificação e o Selo de Qualidade do Inmetro. Especificamente peças para motores como pistões, pinos e anéis, bronzinas, anéis de trava, além de amortecedores, lâmpadas e outros itens têm como prazo o dia 21 de janeiro. Alexandre Xavier, gerente de Negócios e Marketing do IQA, esclarece que a certificação de produtos no setor automotivo não começou com a portaria 301, mas que desde 2009 o Inmetro vem publicando portarias, tanto para componentes automotivos como para suplementos rodoviários, com relativa frequência. “Já temos diversos prazos que já expiraram e a certificação está plenamente estabelecida”, informa. E, indo mais longe, Xavier conta que desde o início dos anos de 1990 já havia com o governo um plano para a certificação compulsória de todos os componentes automotivos relacionados à segurança. “Em pouca proporção, há produtos que já têm certificação desde esta época, como é o caso de pneus novos, há mais de uma década”, cita. Especificamente para atender a portaria 301, Xavier informa que o IQA está no estágio de sensibilização de algumas empresas. “Ainda há as que contestam e têm dúvidas em relação à certificação, que acham que a lei não vai pegar e deixa tudo para a última hora. Temos feito um forte trabalho de sensibilização. É um processo de aculturamento. Aliás, nenhuma empresa que trabalha direito e tem um produto de qualidade tem que se preocupar com essa certificação”, avalia. E também não há como generalizar, curiosamente, Xavier conta que havia empresas que estavam mais próximas da certificação e que demoraram mais tempo do que algumas que não estavam preparadas. “Isso porque mesmo as que têm foco na qualidade às vezes precisam fazer algum ajuste e isso vai muito da cabeça da liderança agilizar ou não este processo”. Fato é que a lei está aí e ela é benéfica para todos, principalmente na questão da segurança e do consumidor estar protegido em adquirir um componente com qualidade. “E entendemos que a divulgação deveria ser mais ampla e mais específica e orientativa para que o consumidor entenda a importância da certificação”, pontua. Importância que, de acordo com o empresário mineiro, João Pelegrini, da Casa do Chevrolet, é benéfica para todos. “Quando um produto tem certificado, toda a cadeia do setor ganha com isso e, logicamente, o consumidor também, pois se cria um círculo virtuoso de qualidade e satisfação. O cliente final terá mais segurança na hora que comprar o seu carro e vai ter certeza que o motor do seu veículo passou por uma certificação, ou seja, que passou pelo controle de qualidade que exige normas e procedimentos rigorosos”, afirma. Além disso, Pelegrini avalia que o consumidor tem que saber da certificação. “Um diferencial desta envergadura tem de ser conhecido por toda a cadeia automotiva e, principalmente, pelo consumidor final. Este diferencial proporciona uma bela argumentação de venda e um ganho substancial para o consumidor”. E ele já adianta que na sua loja a informação será disseminada. “Lógico que sim. Quem não quer ter algo a MERCADÃO DO ÓLEO, DE RECIFE (PE) mais para oferecer aos seus clientes? Hoje, o volume de novidades é muito grande e quando você se depara com algo que realmente faz a diferença nós temos que divulgar aos quatro ventos, para alavancar venda e ao mesmo tempo aumentar a nossa credibilidade no mercado”, conclui. Gomes, da Careca Autopeças, também vê benefícios na certificação, mas pondera. “A certificação vai melhorar muito a qualidade do produto. Algumas fábricas já estão preparadas para isso, mas muitas outras terão que se adequar. E ninguém fará isso sem embutir no preço. Há um custo que provavelmente será repassado no produto e ao consumidor final”, prevê. Um custo que, segundo ele, é mais um peso para o aftermarket e principalmente para o varejo. “Sobrará para nós, um aumento de preço somado à mudança de carga tributária que tivemos nesse ano e um mercado menos aquecido. Enquanto que a indústria automobilística está numa situação mais privilegiada, com a redução do IPI, nós estamos no caminho inverso e pode ser que cheguemos ao ponto de que não valerá a pena consertar o carro, como já acontece com TV e com som, produtos que o consumidor descarta e compra um novo”, compara. YOKOTA AUTO PEÇAS, DE SÃO PAULO (SP)
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