jornal balcao automotivo_edicao-0075NOVO_Layout 1 18/12/2012 22:22 Page 4 4 ECONOMIA E GESTÃO Dezembro de 2012 | Edição 75 Produto Interno Bruto, o PIB *Por: Fauzi Timaco Jorge Primeiro, uma palavrinha – modo de dizer, porque serão muitas palavras! – sobre o tal de PIB, que é tido como o grande sinalizador do que acontece com a economia de determinada região. Falemos do PIB do Brasil. Mas, interessa de fato o PIB do Brasil, se eu estou em um bairro de uma grande metrópole, cuidando de um negócio no particular segmento do aftermarket automotivo que movimenta alguns poucos milhares de reais todo mês, empregando uma dezena de pessoas que, juntando seus familiares, indica uma responsabilidade direta pela sobrevivência de trinta ou quarenta pessoas, sedentas por informação e conhecimento para a inadiável modificação de sua condição social, em prol da melhoria daqueles que, algum dia, irão depender de si mesmos e que também participarão do esforço de outras dezenas de pessoas que são levadas a imaginar que suas necessidades serão supridas com mais facilidade se adquirirem, rapidamente, as indispensáveis ferramentas, via educação no seu sentido amplo, para o aumento da sua produtividade naquilo que desempenham no cotidiano, desde a preparação de um café da manhã reforçado como insiste em nos recomendar a nutricionista que, diligentemente, nos acompanha no check-up anual, praticantes que somos da medicina preventiva, porque sem saúde nada mais interessa, nem mesmo o título de campeão mundial de futebol que o Corinthians acaba de conquistar, de forma absolutamente irretocável, com seus “atletas profissionais do futebol”, como insistiu Zenon para o neo corinthiano Milton “Pitonisa” Neves durante os insistentes flashes da TV Bandeirantes no domingo em que os brasileiros mostraram muito mais futebol do que o campeão europeu, atuando como verdadeiros bailarinos sob a batuta do maestro-professor-técnico-líder Tite, responsável direto pelos passos ensaiados de um time coeso plenamente convencido do indispensável sentimento de equipe neste esporte bretão como, aliás, em tantos outros e, sobretudo, nas empresas, em que a função produção se complementa com a função finanças que se vincula estreitamente à função vendas que, como tal, depende de recursos humanos que, sem a administração no seu sentido amplo, nada produz, fechando o inapelável ciclo de geração de valor que nada mais é do que a geração de riqueza que se modifica quando os fatores de produção identificados pela síntese terra, trabalho e capital são aglutinados e dão origem a novos fatores que, em sua forma natural ou transformados, são utilizados para o atendimento das necessidades dos indivíduos, proprietários de todos estes fatores e, portanto, responsáveis diretos pelo seu fornecimento às empresas, configurando os dois pólos básicos de qualquer economia por onde circulam os fatores de produção e o suprimento dos bens e serviços, dando origem ao que se convencionou chamar de “fluxo real” e que, na contrapartida natural num mundo capitalista, dará origem a um “fluxo monetário”, por onde circulam os salários que os indivíduos recebem quando cedem o fator trabalho, os aluguéis quando cedem imóveis, terrenos e outros ativos, os juros quando cedem capital financeiro por empréstimo e os lucros, quando participam com seu capital financeiro do risco do negócio como sócio, recursos estes que serão utilizados parcialmente para o pagamento pelos bens e serviços adquiridos das empresas, que também fornecem para si próprias outros bens e serviços que irão configurar o investimento, sem o qual não se promove o crescimento da economia como um todo, porque é daí que advém a produtividade dos fatores, obtendo-se mais produto com a mesma quantidade de fatores, produtividade que é a essência do crescimento e do desenvolvimento econômicos, fruto natural da poupança dos indivíduos e das empresas, ou seja, do excedente de renda gerada neste fluxo de entrada e saída de fatores e de moeda, depois de pagos os impos- tos indispensáveis à manutenção e aprimoramento do arcabouço jurídico-institucional das nações politicamente organizadas, bem como ao financiamento das externalidades que configurarão a infraestrutura de apoio aos empreendimentos geradores de novas riquezas, tais como estradas, portos, aeroportos, viadutos e pontes, geração de energia elétrica e abastecimento de água potável, conduzidas por um agente econômico da maior relevância nos dias de hoje, o governo, terceiro pólo deste “fluxo circular da renda”, como é identificado pelos economistas, governo que também efetua gastos que, idealmente, deveriam ser plenamente compatíveis com o volume de tributos impostos à sociedade, num montante absolutamente idêntico, afastando assim os riscos de deficit nominal que provoca a necessidade de colocação de títulos no mercado, cuja remuneração exigirá o pagamento de juros diretamente relacionados ao montante dos papéis que são “rolados” no mercado financeiro, encargos que irão solapar parte considerável da renda advinda dos tributos, alimentando uma ciranda financeira que não condiz com a geração de valor e riqueza e que se constitui no problema mais grave enfrentado nos dias de hoje pelos dirigentes de nações desenvolvidas e outras nem tanto, como é o caso da Espanha, Turquia, Reino Unido, Portugal, Irlanda e até mesmo Dubai, os abreviados STUPIDs, na sigla em inglês do nome destas nações, que, neste mesmo diapasão, nos deixa, a nós, os BRICS, ou seja, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em disputa permanente pelos investimentos e compras internacionais das demais nações do planeta, o que irá configurar o quarto pólo deste fluxo de renda, o setor externo, de onde provêm todos os fatores de que uma economia não dispõe em seu território, quer sejam produtos acabados como máquinas, veículos, equipamentos, partes e componentes ou matérias-primas, via importações, e para onde enviamos os excedentes aqui produzidos, como produtos primários, industrializados ou semi-industrializados, via exportações, numa busca permanente de equilíbrio destas contas externas porque, aqui também nesta rubrica, deficits e superavits não são bem-vindos, já que causam, de um lado, a necessidade de busca de divisas, ou moedas estrangeiras, via empréstimos internacionais, para o pagamento das compras que ultrapassaram as vendas e, de outro lado, a necessidade de emissão de moeda nacional para o indispensável câmbio, ou troca, das moedas estrangeiras a mais obtidas nas relações internacionais, mesmo com subterfúgios como a possibilidade de deixar lá fora parte dos recursos em moeda estrangeira gerados pelas empresas brasileiras exportadoras? Interessa, de fato, o PIB do Brasil? Então, comece a identificar, ali no gráfico, as relações econômicas que apontamos aqui. Veja, também, as três formas básicas de medição da atividade econômica: a visão da renda, a visão da despesa e a visão da produção. E reflita sobre o impacto que as variações positivas e negativas do PIB de um período para outro podem causar ao seu negócio, ao negócio dos seus fornecedores, dos seus clientes e demais stakeholders [grupo de interessados]. Por mais antiga que seja esta mensagem... Tenham todos um Feliz Natal e próspero Ano Novo! FOTO: DIVULGAÇÃO FAUZI TIMACO JORGE *Economista, professor-tutor da FGV Online e professor da FGV + CEA-Centro de Estudos Automotivos, escreve regularmente nesta coluna e pode ser acessado pelo e-mail fauzi@balcaoautomotivo.com.br
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