IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL
Congresso Imigração em Portugal: Diversidade - Cidadania
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ainda a importância do combate contra a imigração ilegal (ponto particularmente reforçado<br />
no Conselho Europeu de Sevilha de 2002) e contra a criminalidade a ela associada,<br />
por um lado, mas não esquece o lado mais sociológico que reside na necessidade de<br />
um tratamento equitativo (não discriminatório) dos nacionais de países terceiros, bem<br />
como a parceria com os países de origem, pelo outro. Anteviam-se já nessa altura as<br />
longas discussões jurídicas sobre o estatuto dos nacionais de países terceiros e da premente<br />
aproximação das várias legislações nacionais. Implícita ainda em todo este processo<br />
de construção de uma política comum de imigração está a política de integração,<br />
que tem de ser cuidadosamente estruturada e implementada pelos Estados-Membros.<br />
O fenómeno migratório é muito mais complexo do que uma mera deslocação de massas.<br />
Ele estende as suas ramificações às áreas do emprego e desenvolvimento, e alerta<br />
também para algumas tendências económicas e sociais insustentáveis que afectam<br />
tanto a União Europeia como os países de onde essas comunidades de imigrantes são<br />
originárias. Uma gestão das migrações, tanto ao nível nacional como comunitário,<br />
parece impor-se. A política de imigração-zero que se impôs nos países da Europa nos<br />
anos 70, como resposta ao aumento do desemprego, não tem justificação nos dias de<br />
hoje. O fluxo migratório mudou de carácter e às imigrações económicas começam a<br />
juntar-se em grande número aquelas resultantes da reunificação familiar. A preocupação<br />
existente hoje em dia parece ser mais ao nível da integração social dos imigrantes<br />
e menos em torno do eventual ‘roubo de emprego’, apesar de este último, sem grande<br />
fundamento, continuar a afligir ainda as populações locais. O balanço da imigração, em<br />
termos económicos, ou será benéfico (crescimento do PNB e descida da inflação) ou<br />
quanto muito, na pior das hipóteses, será neutro. Logo, a problemática não será tanto<br />
económica... A sociedade portuguesa ainda é uma sociedade bastante homogénea e<br />
apesar de se tentar empolar uma preocupação mais económica com a imigração, seria<br />
talvez mais realista focar a dificuldade de encarar o fenómeno de um ponto de vista<br />
sobretudo cultural. Não deixa de ser um indício preocupante, revelado numa sondagem<br />
recente RTP/Público, o facto de 3 em cada 4 portugueses maiores de 18 anos se opor à<br />
entrada de mais imigrantes em Portugal.<br />
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É conveniente ter em mente que a dinâmica populacional também tem um papel importante.<br />
A população, de acordo com a maioria das previsões, está a decrescer e a<br />
envelhecer e em breve se assistirá a um declínio das suas forças trabalhadoras, o que<br />
certamente terá um impacto negativo no crescimento económico e na sustentação do<br />
sistema de pensões. Os fluxos de imigração continuarão a ser uma constante, não só pelas<br />
condições existentes nos países de origem mas também pelas necessidades sentidas<br />
no mercado de trabalho. Parece, então, ser óbvia a importância de traçar uma gestão